A serenidade
divina invade-me após o cumprimento dos deveres.
Compreendo a
minha responsabilidade no conjunto da vida em que me encontro e desligo-me dos
conflitos.
Lúcido, avanço,
passo a passo, na conquista da consciência e harmonizo-me, integrando-me no
conjunto da Obra de Deus.
Sereno e
confiante, nada de mal me atinge.
A serenidade é
pedra angular das edificações morais e espirituais da criatura humana, sem a qual
muito difíceis se tornam as realizações.
Resulta de uma
conduta correta e uma consciência equânime, que proporcionam a visão real dos
acontecimentos bem como facultam a identificação dos objetivos da vida, que
merecem os valiosos investimentos da existência corporal.
Na atormentada
busca do prazer, desperdiça-se o tesouro da cultura, que se converte em serva das
paixões inferiores, perturbadoras, de conseqüências negativas. Quanto mais se
frui do gozo, mais necessidade surge de experimentá-lo, renovando sensações que
se disfarçam de emoções.
A serenidade é o
estado de anuência entre o dever e o direito, que se harmonizam a benefício do
indivíduo.
Quando se
adquire a consciência asserenada, enfrenta-se toda e qualquer situação com equilíbrio,
nunca se permitindo desestruturar. As ocorrências, as pessoas e os fenômenos
existenciais são considerados nos seus verdadeiros níveis de importância, não
se tornando motivo de aflição, por piores se apresentem.
A pessoa serena
é feliz, porque superou os apegos e os desapegos, a ilusão e os desejos, mantendo-se
em harmonia em qualquer situação. Equilibrada, não se faz vítima de extremos,
elegendo o caminho do meio com decisão firme, inquebrantável.
A serenidade não
é quietação exterior, indiferença, mas, plenitude da ação, destituída de ansiedade
ou de receio, de pressa ou de insegurança.
Jesus, no fragor de todas as batalhas,
na eloqüente epopéia das bem-aventuranças ou sendo crucificado, manteve a
serenidade, embora de maneiras diferentes, impertérrito e seguro de si mesmo, com
irrestrita confiança em Deus.
Buda, meditando
em Varanasi, onde apresentou as suas Quatro Nobres Verdades ou açodado por
terríveis perseguições que lhe moveram os brâmanes, seus inimigos apaixonados, permaneceu
em serenidade, totalmente entregue à paz.
Jan Huss,
pregando a desnecessidade de intermediários entre Deus e os homens, ou ardendo nas
chamas implacáveis da fogueira a que foi condenado, manteve-se fiel, sereno,
sabendo que ninguém o poderia aniquilar.
Os mártires
conheceram a serenidade que o ideal lhes deu, em todas as áreas nas quais pugnaram,
e, por isso mesmo, não foram atingidos pela impiedade, nem pela perseguição dos
maus.
A serenidade
provém, igualmente, da certeza, da confiança no que se sabe e se faz e se é.
Âncora de
segurança, finca-se no solo e sustenta a barca da existência, dando-lhe tempo
para preparar-se e seguir adiante.
Age sempre
conforme a consciência lúcida, a fim de não caíres em conflito, perdendo a serenidade.
Estuda-te e
ama-te, elegendo o melhor, o duradouro para os teus dias, e nunca recuarás. No entanto,
se errares, se te comprometeres, se te arrependeres, antes que te perturbe a
culpa, recompõe-te, refaze o equívoco, recupera-te e reconquista a serenidade.
Sem ela, experimentarás sofrimentos que poderias evitar, e te impedem o avanço.
Serenidade é vida.
Livro: Momento
de Saúde.
Joanna de Angelis
/ Divaldo Franco.
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