O Espiritismo,
nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo em seus
fundamentos mais simples.
Descerrando a
cortina densa, postada entre os dois mundos, nos domínios vibratórios em que a
vida se manifesta, mereceu, desde a primeira hora de suas arregimentações doutrinárias,
o interesse da ciência investigadora que procura escravizá-lo ao gabinete ou ao
laboratório, qual se fora mera descoberta de energias ocultas da natureza, como
a da eletricidade, que o homem submete ao seu bel-prazer, na extensão de
vantagens ao comodismo físico..
Interessada no
fenômeno, a especulação analisa-lhe os componentes, acreditando encontrar, no
intercâmbio entre as duas esferas, nada mais que respostas a velhas questões de
filosofia, sem qualquer conseqüência de ordem moral, na experiência humana.
Erra, todavia,
quem se norteia por essas normas, de vez que o Espiritismo, positivando a sobrevivência
além da morte, envolve em si mesmo vasto quadro de ilações, no campo da ética
religiosa, constrangendo o homem a mais largas reflexões no campo da justiça.
Não cogitamos
aqui de dogmática, de apologética ou de qualquer outro ramo das escolas de fé
em seus aspectos sectários.
Não nos
reportamos a religiões, mas à Religião, propriamente considerada como sistema de
crescimento da alma para celeste comunhão com o Espírito Divino.
Desdobrando o
painel das responsabilidades que a vida nos confere, o novo movimento de
revelação implica abençoado e compulsório desenvolvimento mental.
A permuta com os
círculos de ação dos desencarnados compele a criatura a pensar com mais
amplitude, dentro da vida.
Novos aspectos
da evolução se lhe descortinam e mais rico material de pensamento lhe enriquece
os celeiros do raciocínio e da observação.
Entretanto, como
cada recipiente guarda o conteúdo dessa ou daquela substância, segundo a
conformação e a situação que lhe são próprias, a Doutrina Renovadora, com os
seus benefícios, passa despercebida ou escassamente aproveitada pelos que se inclinam
às discussões sem utilidade, pelos que se demoram no êxtase improdutivo ou pelos
que se arrojam aos despenhadeiros da sombra, companheiros ainda inaptos para os
conhecimentos de ordem superior, trazidos à Terra, não para a defesa do egoísmo
ou da animalidade, mas sim para a espiritualização de todos os seres.
De que nos
valeria a prodigiosa descoberta de Watt, se o vapor não fosse disciplinado, a benefício
da civilização? Que faríamos da eletricidade, sem os elementos de contenção e transformação
que lhe controlam os impulsos?
No Espiritismo
fenomênico, somos constantemente defrontados por aluviões de forças inteligentes,
mas nem sempre sublimadas, que nos assediam e nos reclamam.
Aprendemos que a
morte é questão de seqüência nos serviços da natureza.
Reconhecemos que
a vida estua, ao redor de nossos passos, nos mais variados graus de evolução.
Daí o impositivo
da força disciplinar.
Urge o
estabelecimento de recursos para a ordenação justa das manifestações que dizem respeito
à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos na mente de cada um.
E, para cumprir
essa grande missão, o Evangelho é chamado a orientar os aprendizes da ciência
do espírito, para que, levianos ou desavisados, não se precipitem a imensos resvaladouros
de amargura ou desilusão.
Livro: Roteiro.
Emmanuel / Chico
Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário