“Sedes
Pacientes. A paciência é também uma caridade e deveis praticar a lei de
caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na
esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais
penosa e, como decorrência, muito mais meritória: a de perdoar aos que Deus
situou em nosso caminho, para serem instrumentos do nosso sofrimento e para nos
experimentarem a paciência.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec,
cap. IX Item 7 / paciência – Um Espírito Amigo).
Num mundo de
pressa e correrias o que nos induziria a sermos pacientes?
Os compromissos
com horários, os múltiplos encargos a saldar e as providencias a tomar simultaneamente, os
recebimentos a coletar, as compras a fazer, o trânsito a vencer e o relógio
sempre a nos atormentar, nos deixarem em clima de neurose e tensão.
A angústia de
vivermos sempre atrasos em nossos afazeres cria atualmente uma onda envolvente,
que nos transforma em autômatos, sem sentimentos nem ponderação. É um dos
graves tormentos do homem moderno, pressionado pelas metas empresariais e particulares
a cumprir, os objetivos lucrativos estabelecidos.
Como nos
comportar com paciência e mansuetude dentro dessa total turbulência?
A irritação, a
exasperação, o tormento, o desequilíbrio emocional nunca foram tão acentuados
como nos dias atuais.
Discutimos,
perdermos a calma, criamos inimizades, nos incompatibilizamos pela menor razão;
no trabalho, em casa, nas associações, nos agrupamentos cristãos só vemos hoje
brigas e desavenças. Estamos vivendo uma fase muito critica. Nunca estivemos
precisando tanto de paciência e calma como agora. Até parece que todos os
nossos valores íntimos estão sendo rigorosamente testados. É a hora de
definições cíclicas e toda a nossa resistência está sendo colocada em prova. Observemos
tudo isso com muita seriedade e extremo cuidado, pois estamos sujeitos a entrar
de roldão e sermos arrastados por essa onde planetária.
A paciência serena,
pacífica, sem reações violentas, calma, branda, tolerante, a aceitação tranqüila,
a vigilância ponderada são todas as reações do nosso comportamento que poderão
mudar essa atmosfera turbulenta do nosso orbe, na medida em que nos
conscientizarmos da necessidade das mudanças e por elas trabalharmos
deliberadamente.
Cada um de nós
poderá identificar, nos momentos diários, as ocasiões, em que deverá aplicar a paciência
e a mansuetude. No momento identificamos seguir algumas delas:
a) Bendizendo
tranquilamente a dor que nos foi enviada, transformando as aflições em
calmarias, na certeza profunda de que Deus através delas realiza em nós as
melhores transformações.
b) Aceitando
com amor aqueles colocados como instrumentos do nosso sofrimento, convictos de
que a eles males maiores provocamos no passado.
c)Fazendo
das dificuldades da vida os obstáculos a contornar suavemente, como
exemplificam os rios, que, circundando os rochedos, atingem os vales que
fertilizam.
d)Fortalecendo
a fé na bondade e na misericórdia do Pai Celeste, entendendo que a duração de quaisquer
conflitos será sempre menor do que as conseqüências criadas pela maldade dos
homens.
e)Reagindo
de todos os modos possíveis as induções constantes de desentendimentos,
discussões e irritações, silenciando a todo custo os impulsos inconformados de
revides, defesas ou justificativas que possam nos desequilibrar emocionalmente.
f)Evitando
no transito ou nas ruas as reclamações dos nossos direitos transgredidos pelos
outros; uma atitude serena de renúncia desperta muito mais quem, distraído, não
percebeu a infração cometida.
g)Suportando
sem esgotamentos nervosos os climas tensos dentro de casa, recorrendo à prece e
a leitura tranqüilizante, para conseguir o necessário reabastecimento das
energias renovadoras.
“A vida é difícil,
bem o sei, constituindo-se de mil coisas mínimas que são como alfinetadas e
acabam por nos ferir. Mas é necessário olhar para os deveres que nos são
impostos, e para as consolações e compensações que obtemos, pois então veremos
que as bênçãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece menos pesado
quando se olha para o alto do que quando se curva a fronte para a terra.” (O
Evangelho Segundo o Espíritismo – Allan Kardec, cap. IX, item 7 - Paciência /
um Espírito Amigo).
Livro: Manual
Prático do Espírita
Ney Prieto Peres
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