Qual desses três
estados o mais conforme à lei de Deus?
À luz do
Espiritismo, se adotado para escapar às canseiras e responsabilidades da
família, o celibato a contraria frontalmente, pois revela forte egoísmo.
Quanto ao
celibato de religiosos (praticado, aliás, desde a mais remota antiguidade,
entre persas e babilônicos, monges budistas e iniciados essênios, etc.),
conservado em nossos dias como uma disciplina no seio da Igreja Católica
Romana, tanto em suas ordens masculinas como femininas, não há como deixar de
reconhecer que foi, é e será, sempre, altamente meritório, desde que,
renunciando às satisfações e ao aconchego doméstico, o (a) celibatário (a)
alimente o sincero propósito de melhor servir à coletividade.
Com efeito, os
sacrifícios daqueles sacerdotes e freiras que, observando a castidade, se
mostram capazes de total devotamento ao próximo, seja na assistência
espiritual, nas tarefas educacionais, nos serviços hospitares, em asilos,
creches, orfanatos e em misteres outros, em que dão o máximo de si sem pensar
em si, constituem exemplos grandiloqüentes de amor sublimado, que os eleva
muito acima da craveira comum dos terrícolas.
Contudo, nem
assim pode o celibato ser considerado o estado ideal, dadas as condições e as finalidades
da vida neste mundo.
A poligamia, por
sua vez, é um costume que, introduzido em certa época, por motivos econômicos
(o aumento de braços para o trabalho grátis nos clãs), já não se justifica.
É verdade que
ainda se mantém nas populações muçulmanas do Norte da África e em grande parte
da Ásia, pela predominância do apetite carnal sobre o senso moral de homens
ricos, que se dão ao luxo de sustentar várias esposas e numerosa prole, mas
tende a desaparecer, pouco a pouco, com o aperfeiçoamento das instituições.
Tanto não
corresponde aos desígnios da Providência que jamais foi possível
generalizar-se, face à relativa igualdade numérica dos sexos.
A ordem natural
e inerente à espécie humana é, incontestàvelmente, a monogamia, visto que,
tendo por base a união constante dos cônjuges, permite se estabeleça entre
ambos uma estreita solidariedade, não só nas horas de regozijo como nos
momentos difíceis e dolorosos.
É ainda por esse
modo que os pais podem dar aos filhos tudo o de que eles necessitam para um
desenvolvimento normal, sem problemas de personalidade.
As demais formas
de associação dos seres, conquanto possam ter sido autorizadas ou consentidas
durante algum tempo, em determinadas circunstâncias da evolução social, de há
muito que se tornaram condenáveis pelos códigos de Direito dos povos de cultura
mais avançada, notadamente no mundo ocidental.
Forçoso
concluir, então, ser o casamento monogâmico o instituto que melhor satisfaz aos
planos de Deus, no sentido de preparar a família para uma convivência de paz,
alegria e fraternidade, estado esse que há-de estender-se, no futuro, à
Humanidade inteira.
(Livro dos
Espíritos – Allan Kardec, Capítulo 4º, questão 695 e seguinte).
Livro: As Leis
Morais.
Rodolfo Calligaris
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