Quando se
trata da "compreensão em Deus", não neguemos nada, não afirmemos
nada, apenas esperemos confiantes. O estado numinoso é a mão misteriosa que nos
aproxima daquilo que nos é útil e nos afasta daquilo que não nos serve.
As
enciclopédias trazem no verbete "religiosidade" as mais diversas
observações de ordem lingüística, restringindo-nos a compreensão clara e uma
noção definida arespeito deste tema. Apesar do elenco de idéias e definições
que podemos encontrar,aqui registraremos um conceito que, a nosso ver, melhor
se ajusta ao vocábulo religiosidade: "estado íntimo em que a alma se
identifica com o sagrado", ou seja,"encontro do homem com o
numinoso". A palavra "nume" é oriunda do latim numen,inis e quer
dizer "divindade".
O
"nume" é a essência da idéia do divino. Essa essência é encontrada na
inspiração ou intuição, enquanto sua vivência é sentida no âmago das criaturas
através de um estado afetivo de confiança absoluta na Ordem Divina.
Quando se
trata da "compreensão em Deus", não neguemos nada, não afirmemos
nada, apenas esperemos confiantes. O estado numinoso é a mão misteriosa que nos
aproxima daquilo que nos é útil e nos afasta daquilo que não nos serve.
O indivíduo
envolvido pelo sentimento numinoso está influenciado pelas qualidades
transcendentais do Criador. Essa sensação íntima é captada pelas vias
invisíveis doEspírito e, para muitos, ela ainda é considerada uma experiência
indecifrável,misteriosa e não racional, isto é, um enigma para os seres humanos.
No entanto,
é indispensável lembrarmos que "aos olhos daqueles que olham a matéria
como uma única força da natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis
da matéria é maravilhoso ou sobrenatural". (O Livro dos Médiuns –
Allan Kardec - Primeira parte - capítulo II, item 10). Na atualidade, nossa
ligação com as vias sagradas do Universo não é compreendida com clareza nem
vista como uma atitude natural e espontânea.
Por isso,
Allan Kardec pergunta aos Seareiros do Bem: "Se não podemos compreender a
natureza íntima de Deus, podemos ter uma idéia de algumas de suas perfeições?'
E os Espíritos Amigos respondem: "Sim, de algumas. O homem as compreende
melhor à medida que se eleva acima da matéria; ele as entrevê pelo
pensamento." - (Questão 12 – Livro dos Espíritos / Allan Kardec).
O
"templo da compreensão" do sagrado ou numinoso não está em percorrer
um caminho florido e verdejante numa planície tranqüila e pitoresca, e sim em
escalar o cume de uma montanha majestosa, onde se passa pelas trilhas íngremes
da inspiração e pelas sendas estreitas da introspecção.
Quando
estivermos dispostos a nos soltar e nos entregar nas Mãos Divinas,poderemos
compreender que esse estado de confiança e entrega a Deus nada mais é do que
possibilidades naturais; são capacidades peculiares ou comuns a todos os
homens.
Deveríamos
compreender que o entendimento humano é limitado e que existem fatos e
situações que não podemos resolver por nós mesmos. Somente confiando na
Inteligência Superior é que as coisas inexplicáveis começam a revelar-se em
nossa vida.
É
indispensável, porém, entendermos a expressão "lançarmo-nos nas Mãos de
Deus"como uma "manifestação valorosa de devoção e fé" e jamais
como uma "manifestaçãode entrega desesperada diante da perda e
ruína".
No primeiro
caso, ela possui o significado de que o Bem ?Maior deve prevalecer acima de
qualquer solução ou julgamento de nossa parte. Quanto mais cultivarmos a
compulsão de tudo saber e resolver, mais as respostas nos escaparão e menores
serão as oportunidades de dissolvermos as dificuldades existenciais.
Todavia,
não podemos nos esquecer de que as dádivas que Deus nos conferiu nãodevem
servir como passaporte para a apatia, já que o livre-arbítrio, a inteligência,
a vontade e o senso crítico são dons que podemos e devemos utilizar para
enfrentarmos as crises que surgem em nosso cotidiano.
No segundo
caso, existe uma expressão de acomodação, apatia e má vontade. É uma postura de
virar as costas para a orientação celeste. Aí está implícita toda uma atitude
de não pedir nem esperar ajuda, mas simplesmente de querer que a solução
apareça como num conto de fadas.
Para
compreender as dádivas de Deus, às vezes é necessário cerrarmos os olhos para
tudo que nos rodeia e abandonarmos a nossa síndrome de onipotência e de inflexível
obstinação, qual seja a de supervalorizar às próprias idéias, resoluções e
empreendimentos.
Permanecemos
em um "estado numinoso" quando possuímos a compreensão plena de ser
sustentados pela Força Sagrada do Universo. Vivemos em "estado
numinoso" quando nos soltamos e nos entregamos só a Deus, e Nele
confiamos.
Livro: Os Prazeres da Alma
Hammed / Francisco do Espirito Santo Neto.
Livro: Os Prazeres da Alma
Hammed / Francisco do Espirito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
Questão 12
- Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus, podemos ter uma idéia
de algumas de suas perfeições?
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