“... A partir do nascimento, suas idéias
retomam gradualmente impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos...”
“... Durante o tempo em que seus instintos
dormitam, ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões
que podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir...” (Evangelho Segundo o
Espiritismo- Allan Kardec, Capítulo 8, item 4.)
Quando
crianças, somos como uma “argila frágil” ou mesmo como um galho verde prontos
para ser modelados ou direcionados pelos nossos pais, que têm por missão
desenvolver nossos potenciais como uma de suas principais tarefas. Grande parte
de nossas percepções e reações emocionais foram internalizadas em razão da
influência dos adultos à nossa volta. Desde o nascimento, somos todos
extremamente sensíveis ao ambiente em que vivemos; por isso, os adultos devem
meditar sobre as posturas que irão tomar em relação às crianças, pois terão
grave importância em seu desenvolvimento futuro.
Determinados
atos no ambiente familiar podem “me¬lhorar” e “desenvolver”, ou “deteriorar” e
“inibir” a organização psicoespiritual da personalidade infantil.
Um ponto
básico para compreensão e aceitação dos conceitos de educação em profundidade é
o fato de que as crianças, no início de seu desenvolvimento, são “forçadas” a
aceitar as regras dos pais, que se esquecem de que os filhos não são “livros em
branco”, mas almas antigas que carregam consigo enorme bagagem de experiências
em seu “curriculum” espiritual.
Cada
criança é um mundo à parte. Embora existam necessidades generalizadas para
todas, também a individualidade de cada uma deve ser respeitada, pois os
filhos, mesmo de uma só família, são diferentes entre si, inclusive os gêmeos
univitelinos.
Impraticável tentar vestir
mãos diferentes com a mesma luva ou enquadrar todas as crianças em igual padrão
educativo.
Não se
podem determinar modelos, receitas e atitudes absolutamente fixas e rígidas. Aceita-se
com flexibilidade que cada criança terá sua importância à medida que desenvolve
sua personalidade.
Todas as
crianças gostam e necessitam de correr, de brincai; de estudar, de comer e de
ser educadas convenientemente, mas cada uma terá características peculiares e
não poderá correr, brincar, estudar e comer como as outras, nos mesmos moldes
ou figurinos.
Um outro
ponto importante é que, em muitas circunstâncias, as reações educativas dos
pais não atendem basicamente às necessidades dos filhos, porém às deles mesmos.
Inconscientemente, tentam educá-los através das projeções de seus conflitos,
frustrações e problemas pessoais, nunca atingindo uma dinâmica profunda e
direcionada às reais necessidades dos filhos. Certos adultos vivem suas
dificuldades interiores na vida da criança, tentando resolver seus problemas
nos problemas infantis, sentindo-se destroçados ou vitoriosos conforme as
derrotas e os triunfos dos filhos. O resultado disso tudo será uma pessoa
atingindo a maioridade completamente desconectada de suas realidades e profundamente
desorientada.
Um fato a
destacar é o sofrimento dos filhos em razão de constantes atitudes inibitórias
provocadas por adultos que se comportam com excessivo controle e zelo. Impedem
que as crianças expressem gestos e raciocínios espontâneos, bem como a sua
forma de ser. Desencorajam-nas a promover
suas idéias inatas, desestimulam-lhes as vocações naturais, alteram-lhes as
atividades para as quais teriam toda uma habilidade instintiva e faculdades
apropriadas e impedem o desenvolvimento de sua própria índole, prejudicando-as.
Portanto,
deveremos ser cuidadosos na análise de nossas influências paternais junto aos
filhos, porque em “nome da missão” ou da “educação filial” não nos é licito
forçar ou distorcer os “galhos verdes”, impondo-lhes opiniões e decisões e
deixando de proporcionar-lhes gradativamente o hábito das próprias escolhas.
Superprotegidos contra os erros, defendidos dos problemas e dificuldades,
vemo-los crescendo à sombra dos pais, indecisos até sobre a mais simples opção,
numa situação de dependência e apego que se prolonga, em muitos casos, durante
toda a encarnação e também, por que não, nas futuras.
“A partir
do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à medida que se
desenvolvem os órgãos”, e as crianças vão adquirindo uma maior
possibilidade de se expressar como realmente são. A partir daí, devem ser
educadas de forma coerente com seu caráter instintivo e traços de personalidade
- fruto dos conhecimentos que adquiriram nas existências anteriores. Nunca porém
nos padrões da coerção, da exigência, da comparação, da crítica constante ou da
superproteção - fatores de insegurança e de desajustes psicológicos profundos.
Pais
generosos, de espírito totalmente isento de crítica destrutiva, aproximam-se
das crianças com o objetivo real de lapidá-las num clima constante de muito
amor e compreensão, jamais se esquecendo de que elas não são suas, mas “almas
eternas” em estágio temporário no recinto de nosso lar. São criaturas de Deus a
caminho da luz.
Livro:
Renovando Atitudes
Hammed /
Francisco do Espirito Santo Neto.
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