Aquilo que
sentimos diante de qualquer situação ou pessoa reflete totalmente sobre nossa
historia de vida, quer dizer, de nossas experiências passadas (desta ou de
outras vidas), de nossa busca presente e de nosso futuro. Compreender nossos
sentimentos é entender as raízes de nossas reações perante o mundo que nos
rodeia.
Nossos
sentimentos podem nos mostrar sobre nós mesmos. Não podemos nos intimidar
diante deles, mas simplesmente deixá-los fluir. Qualquer julgamento precipitado
ou preconcebido a respeito deles distorcerá o que eles querem nos dizer ou
mostrar.
Nossas emoções
por si sós, não podem ser consideradas meios de confirmação ou de demonstração
para dizer quem somos, ou mesmo, para provar nosso real valor. Não é porque
temos eventuais crises de inveja que devemos ser considerados indivíduos “maus”;
da mesma forma, quando cultivamos sentimentos esporádicos de generosidade,
também não podemos ser chamados de “pessoas bondosas”.
Sentir alguma
coisa não quer dizer que vamos manifestá-la ou colocá-la em prática; significa
que, quando nós nos permitimos “sentir”, conseguiremos gradativamente
compreender a nós mesmos e, assim, iniciar a nossa transformação íntima.
Conhecer os
verdadeiros motivos de tudo aquilo que impulsiona as nossas ações nos permitirá
dirigir nossos sentimentos, fazendo o que nos parece ser direito e tomando
decisões importantes para nosso crescimento interior. Em realidade, a causa de
tudo está dentro e não fora de nós.
As pessoas que
não percebem claramente os sentimentos que antecedem suas atitudes com clareza
estão presas em recantos escuros de sua casa mental, onde forças imperceptíveis
e envolventes – fora de seu comando – deturpam sua percepção das situações e
das pessoas.
Os indivíduos,
ao invés de rejeitar seus sentidos, deveriam usá-los como guias para
interpretar sua vida interior. Eles definem e iluminam nossa compreensão em
contato com a esfera física e a astral. São nossos aliados, e não inimigos.
Os sentidos que
não se comunicam com os próprios sentimentos costumam não se comunicar também,
de maneira adequada, com os dos outros.
“Médiuns
invejosos: os que veem com despeito ou outros médiuns, melhor apreciados e que
lhe são superiores”. O sentimento de inveja é uma forma (quase sempre
inconsciente) que a inferioridade encontra de homenagear os que possuem
merecimento.
A inveja de
originalidade acarreta uma imitação incessante – assim como o desejo de copiar
a espontaneidade dos indivíduos criativos. Seria interessante perguntarmos a
nós mesmos o porquê desse comportamento invejoso. Onde está tudo isso em nós? Poderemos
encontrar a própria intimidade a verdadeira razão da “atitude de rivalidade ou
despeito”, que, em muitas ocasiões, é vista como uma antipatia gratuita.
Poderíamos dizer
que o invejoso procura apaziguar seu inimigo interno, difamando ou maldizendo
os outros. É como se ele pensasse de si para consigo: “preciso tomar uma
postura acusadora para não ter problema de auto-acusação”.
A hostilização
dos invejosos para com os outros perpetua a situação do desconhecimento de si
mesmos, o que, por sua vez, os mantém num falso pedestal de “seres geniais”.
Embora certos
médiuns estejam fervilhando na baixa auto-estima e na frustração, ainda continuam
se posicionando num “sentimento de superioridade”, para conquistar o mundo
exterior. Eles se consideram “pessoas muito especiais” e se utilizam de
conversas interessantes e de uma enorme capacidade imaginativa para desvendar
vidas passadas, reencontros e desencontros reencarnatórios, missões sublimadas
e outras tantas revelações, passam a sublimar, de forma engenhosa, a tarefa
mediúnica de outros médiuns, sem que ninguém perceba a “arrogância competitiva”
que eles nutrem em seu mundo íntimo.
De modo geral,
no exercício da mediunidade, os indivíduos registram e transmitem mensagens de
entidades infelizes que se ligam em seus pontos fracos, razão pela qual os
médiuns ativos estão constantemente fazendo um trabalho de autodesobsessão. Por
outro lado, os sensitivos que entram em contato consigo mesmos – ouvindo seus
sentimentos e prestando atenção em suas emoções – transmitem orientações
esclarecedoras, faladas ou criticas, porque estão sabiamente iluminados em suas
experiências de autoconhecimento pelas esferas superiores da Vida Exclesa.
Médiuns que não
sabem de onde derivam seus pensamentos, atos e atitudes, não possuem uma real
consciência do processo mediúnico e das forças espirituais que os envolvem.
Nem sempre quem
possui um vasto conhecimento doutrinário e uma excelente memória tem noção
exata do significado profundo de seus sentimentos, atos e atitudes. Às vezes as
pessoas utilizavam simplesmente seu intelecto e racionalizam as mais óbvias
percepções que emergem de seu mundo íntimo, afastando dessa forma, a
compreensão real delas mesmas e do que os Espíritos (encarnados ou não) sentem
e querem dizer.
A Ignorância de
nós mesmos nos leva a uma multiplicidade de comportamentos e, por consequência,
a um emaranhado de “eus” desconexos. Quando não sabemos o que somos e como
somos, desconhecemos nossos traços de caráter – lealdade, coragem, talento e
habilidade para criar e amar. E, em virtude disso, envolve-nos uma “sensação de
insignificância”, que provoca a frustração, cria a inveja e leva à hostilidade.
Nossos “sentimentos
inadequados” têm muito a nos ensinar. A conduta invejosa pode nos ser muito
útil ou benéfica, se soubermos transformá-la em uma atitude oposta – admiração.
Ela nos oferece oportunidade marcante para o crescimento interior e uma vida
madura. Recordemos que os equívocos do passado podem se transformar nas virtudes
do presente e, se estamos falhando hoje, amanhã, provavelmente, acertaremos.
Livro: A
Imensidão dos Sentidos.
Hammed /
Francisco do Espírito Santo Neto.
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