Observando a
hostilidade manifesta que vem sofrendo a Doutrina Espírita, desde a enunciação
dos seus princípios com Allan Kardec, estudemos o motivo pelo qual teria sido
Jesus condenado, na barra dos tribunais humanos.
Todos sabemos
que o Cristo não foi vítima de assassínio vulgar.
Não obstante,
sem razão foi preso, inquirido, processado, qualificado na posição de réu e
condenado à morte pelo mais alto conselho da comunidade a que pertencia.
O libelo não
permaneceu circunscrito ao âmbito religioso da nação israelita.
A sentença foi
conduzida à ratificação do arbítrio romano, na pessoa de Pilatos, submetida à
consideração da autoridade provincial, na presença de Antipas, e, em seguida,
exposta ao veredicto da multidão.
Dentre todos
os poderes a que foi apresentado, não se tem notícia de voz alguma que se
levantasse para defendê-lo.
Entretanto,
qual teria sido a culpa do Mestre nos quadros do seu tempo?
Ter-se-ia
incompatibilizado com os sacerdotes?
Declarava, ele
mesmo, que não vinha destruir a Lei, mas sim dar-lhe cumprimento.
Afrontaria,
acaso, os abastados do mundo?
Não possuía
uma pedra em que repousar a cabeça. Guerreara os políticos dominantes?
Ensinava o
respeito à legalidade, proclamando que se deve dar a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus.
Menoscabara,
porventura, o prestígio dos médicos?Valia-se apenas da oração e do magnetismo
divino de que se fazia intérprete no socorro aos doentes.
Dilapidara o
interesse dos comerciantes?
Em sua época,
qual acontece ainda hoje, pratica a beneficência quem multiplique pães e peixes
em favor dos famintos.
Insultara os
filósofos e os pesquisadores do espírito, sequiosos de experiência?
Ele mesmo
anunciou que todos conheceremos a verdade para que a verdade nos faça livres.
E, depois de
crucificado, seus continuadores legítimos por muito tempo foram perseguidos,
humilhados, espancados, martirizados e ridicularizados, apodrecendo nos
cárceres, algemados a ferros, supliciados em gabinete de tortura, passados a
fio de espada ou cedidos à sanha de feras sanguinárias nos espetáculos públicos.
E agora que a
Doutrina Espírita lhe revive os ensinamentos, quantos lhe esposam o programa de
educação e justiça, de libertação moral e fraternidade pura – já que a evolução do Direito, entre os
homens, não mais permite se ergam cruzes e fogueiras para os que crêem na
Sabedoria e no Amor da Providência Divina – padecem calúnia e vilipêndio,
sarcasmo e perseguição.
Isso, porém,
acontece simplesmente porque a infração do Espiritismo, que reverencia a
Religião, ilumina a Filosofia e venera a Ciência, tanto quanto o delito de
Jesus e de seus genuínos seguidores, nos primeiros três séculos do Cristianismo
apostólico, é o de combater o cativeiro da ignorância e o império do vício, a
sombra da mentira e o domínio da opressão, ajudando a alma do povo a sentir e a
raciocinar.
Livro: Religião
dos Espíritos - 60
Emmanuel /
Chico Xavier.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
QUESTÃO 798 - Influência
do Espiritismo no progresso
798. O
Espiritismo se tornará crença comum, ou ficará sendo partilhado, como crença,
apenas por algumas pessoas?
Resposta: Certamente
que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade,
porque está na Natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os
conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais
contra o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular
a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio,
outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados,
seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se
tornarem ridículos.
A.K.: As
idéias só com o tempo se transformam; nunca de súbito. De geração em geração,
elas se enfraquecem e acabam por desaparecer, paulatinamente, com os que as
professavam, os quais vêm a ser substituídos por outros indivíduos imbuídos de
novos princípios, como sucede com as idéias políticas. Vede o paganismo. Não há
hoje mais quem professe as idéias religiosas dos tempos pagãos. Todavia, muitos
séculos após o advento do Cristianismo, delas ainda restavam vestígios, que
somente a completa renovação das raças conseguiu apagar. Assim será com o
Espiritismo. Ele progride muito; mas, durante duas ou três gerações, ainda
haverá um fermento de incredulidade, que unicamente o tempo aniquilará.
Sua marcha,
porém, será mais célere que a do Cristianismo, porque o próprio Cristianismo é
quem lhe abre o caminho e serve de apoio. O Cristianismo tinha que destruir; o
Espiritismo só tem que edificar.
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