sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Aptidão e experiência

Reunião pública de 29/7/60
Questão nº 192
Queres ouvir os desencarnados, de maneira correta.
Aspiras a enxergar nos reinos do espírito, sem nenhuma ilusão.
Pretendes cultivar o intercâmbio medianimico, sem leve tisna de engano.
Estendes os braços e esperas por sublimes demonstrações.
*
Contudo, entre aptidão e experiência há sempre distância igual àquela que existe entre projeto e realidade.
Aptidão é planejamento.
Experiência é dedicação.
A aptidão aponta o professor.
A experiência faz o ensino.
A aptidão indica o tarefeiro.
A experiência cria a obra.
A aptidão sugere.
A experiência edifica.
*
Em mediunidade, qual acontece em qualquer outro serviço nobre, não há conquista-relâmpago.
Se te propões a engrandecê-la, recorda os operários obscuros da evolução que passaram no mundo, antes de ti, lutando e sofrendo para que  encontrasses o caminho melhor.
Nenhum deles ficou na estação do entusiasmo ou na porta do sonho.
O suor de semelhantes heróis anônimos transparece das leis com que te garantes, do alimento de que te nutres, da roupa que vestes, da estrada que percorres ou da casa que habitas.
Qualidade mediúnica é talento comum a todos. Mas, exercer a mediunidade como força ativa no ministério do bem é fruto da experiência de quantos lhe esposam a obrigação, por senda de disciplina e trabalho, consagrando-se, dia a dia, a estudar e servir com ela.
Livro: Seara dos Médiuns - 54
Emmanuel / Chico Xavier.
Estudando O Livro dos Médiuns – Allan Kardec.
192. 2º) Segundo o desenvolvimento da faculdade:
Médiuns novatos – Os que não têm suas faculdades completamente desenvolvidas nem possuem a experiência necessária.
Médiuns improdutivos – Os que só recebem sinais sem importância, monossílabos, traços ou letras separadas. (Ver o capítulo sobre Formação dos Médiuns)
Médiuns desenvolvidos ou formados – Os que têm suas faculdades mediúnicas completamente desenvolvidas, transmitindo as comunicações com facilidade e presteza, sem vacilações. Compreende-se que esse resultado só pode ser obtido pelo hábito, enquanto entre os médiuns novatos as comunicações são lentas e difíceis.
Médiuns lacônicos – Os que recebem facilmente as comunicações, mas breves e sem desenvolvimento.
Médiuns explícitos – Os que recebem comunicações amplas e extensas como as que se podem esperar de um escritor consumado.
Esta aptidão está relacionada com a facilidade de combinação dos fluidos. Os Espíritos os procuram para tratar de assuntos que necessitam de grande desenvolvimento.
Médiuns experimentados – A facilidade de escrever é uma questão de hábito, que geralmente se obtém em pouco tempo, enquanto a experiência resulta de estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam na prática do Espiritismo. A experiência confere ao médium o tato necessário para apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, julgar pelos menores indícios as suas qualidades boas ou más, discernir a mistificação de espíritos enganadores que se disfarçam nas aparências da verdade. Compreende-se facilmente a importância dessa qualidade, sem a qual todas as outras perdem sua utilidade real. O mal é que muitos médiuns confundem a experiência, fruto do estudo, com a aptidão que decorre apenas do organismo. Julgam-se elevados a mestres porque escrevem com facilidade, rejeitam todos os conselhos e se tornam presas de Espíritos mentirosos e hipócritas, que os apanham lisonjeando-lhe o orgulho. (Ver, adiante, o capítulo sobre Obsessão)(9)
Médiuns flexíveis – Os que têm faculdades que se prestam mais facilmente aos diversos gêneros de comunicações, e pelos quais todos ou quase todos os Espíritos podem manifestar-se, espontaneamente ou por evocação.
Esta variedade de médiuns se aproxima bastante dos médiuns sensitivos.
Médiuns exclusivos – Os que recebem de preferência determinados Espíritos, e até mesmo com a exclusão de todos os outros respondendo ele pelos que são chamados através do médium.
Trata-se sempre de falta de flexibilidade. Quando o Espírito é bom, pode ligar-se ao médium por simpatia e com finalidade louvável. Quando é mau, tem sempre em vista submeter o médium à sua dependência. É mais um defeito do que uma qualidade, e muito próximo da obsessão. (Ver o capítulo sobre Obsessão)
Médiuns de evocações – Os médiuns flexíveis são naturalmente mais convenientes para esse gênero de comunicações, mais aptas a responder às questões específicas que lhes forem propostas. Mas há, para os caso de evocação, médiuns inteiramente especiais.(10)
Suas respostas se limitam quase sempre a um quadro restrito, não servindo para o desenvolvimento de assuntos gerais.
Médiuns de ditados espontâneos – Os que recebem de preferência comunicações espontâneas de Espíritos não chamados. Quando se trata de faculdade especial, é difícil, e às vezes mesmo impossível fazer uma evocação por seu intermédio.
Não obstante, são melhor aparelhados que os da variedade anterior. Compreenda-se que a aparelhagem aqui referida é a dos elementos cerebrais, porque é freqüentemente necessária, direi mesmo sempre, uma inteligência mais desenvolvida para os ditados espontâneos do que para as evocações. Entendam-se aqui, por ditados espontâneos, os que merecem verdadeiramente essa designação, e não algumas frases incompletas ou alguns pensamentos banais que se encontram geralmente nas anotações humanas.(11)
***
(9) Essa distinção entre experiência e aptidão é da maior importância no trato da mediunidade. O médium experiente, segundo o conceito Kardeciano, dificilmente se deixa enganar pelos Espíritos mistificados, por mais sutis que estes sejam. O médium apenas apto recebe comunicação absurda, livros e até mesmo séries de livros, sem perceber que está servindo de instrumentos a influências perniciosas. Daí a necessidade imprescindível de estudo do problema mediúnico para que a aptidão mediúnica seja bem aproveitada através da experiência que só o conhecimento propicia. (N. do T.)
(10) O problema das evocações é dos mais complexos. As evocações de Kardec eram feitas para estudos. Nas sessões habituais de natureza religiosa não se fazem evocações. Como os Espíritos assinalam, na rota a essa classificação, os médiuns flexíveis servem apenas em parte. E Kardec lembra a existência de médiuns especiais para evocações, que dependem, como se vê na observação dos Espíritos ao item seguinte, de condições intelectuais mais amplas (nem sempre da encarnação atual). (N. do T.)
(11) O problema da banalidade das comunicações mediúnicas depende, como se vê, mais do médium que dos Espíritos. Os que generalizam essa acusação deviam inteirar-se das comunicações registradas na Revista Espírita e nas obras da Codificação, além de outras da literatura mediúnica, como as de Francisco Cândido Xavier. (N. do T.)

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