Reunião pública de 29/7/60
Questão nº 192
Queres ouvir os desencarnados, de maneira correta.
Aspiras a enxergar nos reinos do espírito, sem nenhuma
ilusão.
Pretendes cultivar o intercâmbio medianimico, sem leve
tisna de engano.
Estendes os braços e esperas por sublimes
demonstrações.
*
Contudo, entre aptidão e experiência há sempre
distância igual àquela que existe entre projeto e realidade.
Aptidão é planejamento.
Experiência é dedicação.
A aptidão aponta o professor.
A experiência faz o ensino.
A aptidão indica o tarefeiro.
A experiência cria a obra.
A aptidão sugere.
A experiência edifica.
*
Em mediunidade, qual acontece em qualquer outro serviço
nobre, não há conquista-relâmpago.
Se te propões a engrandecê-la, recorda os operários
obscuros da evolução que passaram no mundo, antes de ti, lutando e sofrendo
para que encontrasses o caminho melhor.
Nenhum deles ficou na estação do entusiasmo ou na
porta do sonho.
O suor de semelhantes heróis anônimos transparece das
leis com que te garantes, do alimento de que te nutres, da roupa que vestes, da
estrada que percorres ou da casa que habitas.
Qualidade mediúnica é talento comum a todos. Mas, exercer
a mediunidade como força ativa no ministério do bem é fruto da experiência de
quantos lhe esposam a obrigação, por senda de disciplina e trabalho,
consagrando-se, dia a dia, a estudar e servir com ela.
Livro: Seara dos Médiuns - 54
Emmanuel / Chico Xavier.
Estudando O Livro dos Médiuns – Allan Kardec.
192. 2º) Segundo o desenvolvimento da faculdade:
Médiuns novatos – Os que não têm suas faculdades
completamente desenvolvidas nem possuem a experiência necessária.
Médiuns improdutivos – Os que só recebem sinais sem
importância, monossílabos, traços ou letras separadas. (Ver o capítulo sobre
Formação dos Médiuns)
Médiuns desenvolvidos ou formados – Os que têm suas
faculdades mediúnicas completamente desenvolvidas, transmitindo as comunicações
com facilidade e presteza, sem vacilações. Compreende-se que esse resultado só
pode ser obtido pelo hábito, enquanto entre os médiuns novatos as comunicações
são lentas e difíceis.
Médiuns lacônicos – Os que recebem facilmente as
comunicações, mas breves e sem desenvolvimento.
Médiuns explícitos – Os que recebem comunicações
amplas e extensas como as que se podem esperar de um escritor consumado.
Esta aptidão está relacionada com a facilidade de
combinação dos fluidos. Os Espíritos os procuram para tratar de assuntos que
necessitam de grande desenvolvimento.
Médiuns experimentados – A facilidade de escrever é
uma questão de hábito, que geralmente se obtém em pouco tempo, enquanto a
experiência resulta de estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam
na prática do Espiritismo. A experiência confere ao médium o tato necessário
para apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, julgar pelos menores
indícios as suas qualidades boas ou más, discernir a mistificação de espíritos
enganadores que se disfarçam nas aparências da verdade. Compreende-se
facilmente a importância dessa qualidade, sem a qual todas as outras perdem sua
utilidade real. O mal é que muitos médiuns confundem a experiência, fruto do
estudo, com a aptidão que decorre apenas do organismo. Julgam-se elevados a
mestres porque escrevem com facilidade, rejeitam todos os conselhos e se tornam
presas de Espíritos mentirosos e hipócritas, que os apanham lisonjeando-lhe o
orgulho. (Ver, adiante, o capítulo sobre Obsessão)(9)
Médiuns flexíveis – Os que têm faculdades que se
prestam mais facilmente aos diversos gêneros de comunicações, e pelos quais
todos ou quase todos os Espíritos podem manifestar-se, espontaneamente ou por
evocação.
Esta variedade de médiuns se aproxima bastante dos
médiuns sensitivos.
Médiuns exclusivos – Os que recebem de preferência
determinados Espíritos, e até mesmo com a exclusão de todos os outros
respondendo ele pelos que são chamados através do médium.
Trata-se sempre de falta de flexibilidade. Quando o
Espírito é bom, pode ligar-se ao médium por simpatia e com finalidade louvável.
Quando é mau, tem sempre em vista submeter o médium à sua dependência. É mais
um defeito do que uma qualidade, e muito próximo da obsessão. (Ver o capítulo
sobre Obsessão)
Médiuns de evocações – Os médiuns flexíveis são
naturalmente mais convenientes para esse gênero de comunicações, mais aptas a
responder às questões específicas que lhes forem propostas. Mas há, para os
caso de evocação, médiuns inteiramente especiais.(10)
Suas respostas se limitam quase sempre a um quadro
restrito, não servindo para o desenvolvimento de assuntos gerais.
Médiuns de ditados espontâneos – Os que recebem de
preferência comunicações espontâneas de Espíritos não chamados. Quando se trata
de faculdade especial, é difícil, e às vezes mesmo impossível fazer uma
evocação por seu intermédio.
Não obstante, são melhor aparelhados que os da
variedade anterior. Compreenda-se que a aparelhagem aqui referida é a dos
elementos cerebrais, porque é freqüentemente necessária, direi mesmo sempre,
uma inteligência mais desenvolvida para os ditados espontâneos do que para as
evocações. Entendam-se aqui, por ditados espontâneos, os que merecem
verdadeiramente essa designação, e não algumas frases incompletas ou alguns
pensamentos banais que se encontram geralmente nas anotações humanas.(11)
***
(9) Essa distinção entre experiência e aptidão é da
maior importância no trato da mediunidade. O médium experiente, segundo o
conceito Kardeciano, dificilmente se deixa enganar pelos Espíritos
mistificados, por mais sutis que estes sejam. O médium apenas apto recebe
comunicação absurda, livros e até mesmo séries de livros, sem perceber que está
servindo de instrumentos a influências perniciosas. Daí a necessidade
imprescindível de estudo do problema mediúnico para que a aptidão mediúnica
seja bem aproveitada através da experiência que só o conhecimento propicia. (N.
do T.)
(10) O problema das evocações é dos mais complexos. As
evocações de Kardec eram feitas para estudos. Nas sessões habituais de natureza
religiosa não se fazem evocações. Como os Espíritos assinalam, na rota a essa
classificação, os médiuns flexíveis servem apenas em parte. E Kardec
lembra a existência de médiuns especiais para evocações, que dependem, como se
vê na observação dos Espíritos ao item seguinte, de condições intelectuais mais
amplas (nem sempre da encarnação atual). (N. do T.)
(11) O problema da banalidade das comunicações
mediúnicas depende, como se vê, mais do médium que dos Espíritos. Os que
generalizam essa acusação deviam inteirar-se das comunicações registradas na
Revista Espírita e nas obras da Codificação, além de outras da literatura
mediúnica, como as de Francisco Cândido Xavier. (N. do T.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário