domingo, 11 de novembro de 2012

Personalidade Perfeccionista - Hammed


“Qual seria o médium que se poderia chamar de perfeito? Perfeito, ah! Bem sabeis que a perfeição não está sobre a Terra, de outro modo não estaríeis nela; dizei, pois, bom médium, e isso já é muito, porque são muitos raros.” (Livro dos Médiuns – Allan Kardec, 2ª parte – cap. XX, item 226 – 9º).
O trigo morre para nascer o pão; as flores, para crescer os frutos; a crisálida, para surgir a borboleta. As sementes têm um poder de brotar e gerar vida nova. Nenhuma transformação é imediata; a Natureza exige constância e paciência como preço do desenvolvimento. Somos almas em crescimento, precisamos estar em harmonia como o processo da vida.para liberarmos nossas potencialidades e fluirmos naturalmente.
A Natureza e o indivíduo fazem parte de um todo unificado. O homem é apenas uma parcela dessa grande sinfonia da evolução na Terra.
O crescimento do ser ocorre por meio de um encadeamento de fatos espontâneos e inerentes à vida humana, enquanto que o perfeccionismo é uma aspiração obstinada e torturante.
A atitude de teimosia demonstra: “quero já, porque quero”. O obstinado usa seu livre-arbítrio a serviço de sua “incompreensão exigente”, porque desconhece os procedimentos ou etapas das leis divinas. “fluir com a vida” é a virtude do que sabe conquistar, enquanto que “obrigar-se” é o constrangimento que se impõe o impulsivo.
Aprender a tocar violino requer de nossa parte exercícios constantes de notas musicais. Em seguida, nos habilitamos para executar os acordes, e esses se tornam cada vez mais melodiosos à medida que cresce nosso aprendizado. Enquanto que o perfeccionismo busca efeitos imediatistas, o crescimento é um mecanismo perfeito e gradual.
Um pomar floresce durante a primavera e oferece frutos no verão. No outono, as folhas caem; durante o inverno, desagregam-se paulatinamente, para se transformarem em fertilizantes para o solo. Os quais irão revitalizar a árvore na nova primavera. Os ciclos naturais fazem parte de uma sucessão ordenada e harmônica regida pela Divina Providência.
Muitas pessoas acham sinal de fraqueza admitir que são falíveis. Na realidade, quando admitimos nossa vulnerabilidade, afastamos a tensão do “egoísmo defensivo” de tudo saber ou conhecer. Somos propensos a cometer “erros de cálculo”. Enganos são inerentes à condição humana.
Esperar de nós e dos outros a perfeição é profundamente destrutivo para nosso relacionamento interpessoal. O perfeccionismo nos coloca num estado tão grande de ansiedade e inquietação, que cometemos mais erros do que o normal, porque, em vez de aceitarmos a possibilidade de desacerto, ficamos amedrontados com a expectativa da perfeição.
Aquele que se sente superior nutre um desdém arrogante sobre os outros, supõem ser o melhor, em virtude de seus supostos padrões morais e intelectuais, mas ele se esquece de que “(...) a perfeição não está sobre a Terra, de outro modo não estaríeis nela (...)”.
O perfeccionista não possui apenas rótulo de “meticuloso” ou “devotado ao zelo”, mas também o de “disciplinador intransigente” ou reformador inflexível”. Quanto mais alguém se aproxima da perfeição, menos rigoroso é para como os outros.
Uma das causas que turvam as faculdades psíquicas é o comportamento perfeccionista. A fiscalização excessiva do próprio comportamento caminha de mãos atadas com o pensamento rígido e metódico, afastando o sensitivo das expressões fenomênicas da expontaneidade e dos insights. O controle exagerado do sentimento o conduz a um bloqueio das forças espirituais.
A “mascara da perfeição” nos faz perder o contato natural e criativo como o mundo astral, impedindo a identificação nítida como as correntes espirituais que se assimilam nos transes mediúnicos. Quando recorre à representação de papéis prejudica seu crescimento humano e/ou espiritual, por viver na irrealidade.
O perfeccionista perde sua autenticidade. Não toma o curso de sua vida nas próprias mãos, pois não percebeu em si a beleza única que Deus colocou dentro de cada pessoa.
Encontra-se num enorme “esforço de ser o melhor” para confirmar sua opinião sobre si mesmo e pela necessidade da admiração alheia. Portanto, vive competindo e comparando-se com os outros, e esse comportamento exaltado o leva a obstruir a originalidade peculiar de sua faculdade psíquica.
A mediunidade possibilita a ligação entre as inúmeras dimensões vibracionais do Universo, mostrando que a vida é ampla e infinita e, para que possamos ser bons instrumentos da Vontade Divina, precisamos apenas viver a normalidade da condição humana.
Por não termos “senso de humanidade”, é que não aceitamos o atual estágio evolutivo, ou seja, não admitimos viver, no momento presente, a etapa existencial que o Criador nos destinou.
O médium que estabelece para si padrões de comportamento perfeccionista vê em sua tarefa mediúnica mais um reforço para provar sua “perfeição” do que um método de crescimento a ser cultivado na própria intimidade.
Livro: A Imensidão dos Sentidos.
Hammed / Francisco do Espírito Santo Neto.

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