É preciso saber
lidar com nossas emoções; não devemos nos censurar por senti-las, mas sim
julgar a decisão do que faremos com elas.
Reparação é o
ato de compensar ou ressarcir prejuízos que causamos, não apenas aos outros mas
também a nós mesmos, através de posturas inadequadas e injustas.
Necessitamos
reparar as atitudes desonestas que tivemos perante nós mesmos, para ressarcir-nos
dos abalos que promovemos contra nossas próprias convicções e para
compensar-nos da deslealdade com nosso modo de ser e com nossos valores
íntimos.
Devemo-nos
conscientizar do quanto estivemos abrindo mão de nossos sentimentos, pensamentos,
emoções e necessidades em favor de alguém, somente para receber aprovação e consideração.
Quantas vezes
asfixiamos e negamos nossas emoções diante de acontecimentos que nos machucaram
profundamente. Relegar essa parte de nós e ignorá-la pode se tomar um tanto desagradável
e destrutivo em nossas vidas.
Viver o direito
de sentirmos nossas emoções equivale a ser honestos com nós mesmos. Elas nos
ajudam no processo de autodescobrimento e estão vinculadas a estruturas
importantes de nossa vida mental, como os pensamentos cognitivos e as nossas
intuições.
O hábito de
rejeitarmos, freqüentemente, as energias emocionais fará com que percamos a capacidade
de sentir corretamente; e, sem a interpretação dos sentimentos, não poderemos promover
a reparação de nossas faltas.
Para repará-las,
é preciso estarmos predispostos a dizer o que pensamos e a escolher com independência.Para
repará-las, é necessário termos a liberdade de sentir o que sentimos e de viver
segundo nossas próprias emoções. Para resgatar nossas faltas conosco e com os
outros, é imperioso, antes de tudo, desbloquear nossa consciência para que
possamos ter um real entendimento do que e como estamos fazendo as coisas em
nossa vida.
Há em nós um
mecanismo psicológico regulado pelo nosso grau evolutivo, que assimila os fatos
ou os ensinamentos de acordo com nossas conquistas nas áreas da percepção e do entendimento.
Nossa incapacidade para absorver certos aspectos da vida deve-se a causas
situadas nas profundezas da nossa consciência, que está em constante
aprendizado e ascensão espiritual. Portanto, não devemos nos culpar por fatos
negativos do passado, pois tudo o que fizemos estava ao nível de nossa
compreensão à época em que eles ocorreram.
“(...) poderemos
ir resgatando as nossas faltas (...) reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis
mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes (...)
Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa
o esforço de bater no peito” (Questão - 1000 - Livro dos Espíritos - Allan Kardec) , mas sim reavaliando antigas emoções e resgatando
sentimentos passados, a fim de transformá-los para melhor. Desse modo,
reconquistamos a perdida postura interior de “vida própria” e promovemos a
modificação de nossas atitudes equivocadas perante as pessoas.
Emoções não são
erradas ou pecaminosas, elas não são os atos em si, pois sentir raiva é muito
diferente de cometer uma brutalidade.
Para repararmos,
é preciso saber lidar com nossas emoções; não devemos nos censurar por senti-las,
mas sim julgar a decisão do que faremos com elas. Advertimos, porém, que não
estamos sugerindo que as emoções devam controlar nossos comportamentos. Ao
contrário, acreditamos que, se não permitirmos senti-las, não saberemos como
tê-las sob nosso controle.
Admitindo-as e
submetendo-as ao nosso código de valores éticos, ao nosso intelecto e à nossa
razão, saberemos comandá-las convenientemente, pois o resultado da repressão de
nossas reações emocionais será uma progressiva tendência a estados depressivos.
Funciona deste
modo uma das possíveis trajetórias da depressão: diante de um sentimento de
dor, fatalmente experimentamos emoções, ou seja, reações energéticas
provenientes dos instintos naturais. São denominadas “emoções básicas”,
conhecidas comumente como medo e raiva. Essas reações energéticas nascem como
impulso de defesa para nos proteger da ameaça de dor que uma agressão pode nos
causar. Se a emoção for de raiva, o organismo enfrenta a fonte da dor; quando é
de medo, contorna e foge do perigo. Ambas aceleram o sistema nervoso simpático
e, conseqüentemente, a glândula supra-renal para que produza energia suficiente
para a luta ou para a fuga. Se essas emoções (raiva ou medo) forem julgadas
moralmente como negativas, elas poderão ser transformadas em sentimento de
culpa, levando-nos a uma autocondenação. Quando reprimidas, quer dizer, quando
não expressadas convenientemente nem aceitas, nós as negamos distorcendo os fatos,
para não tomarmos consciência. Tanto a repressão sistemática quanto os
compulsivos julgamentos negativos dessas emoções naturais geram a depressão.
Não são
simplesmente as “privações pueris”, as “distribuições de esmolas” e o ato de “bater
no peito” que transformarão o íntimo de nossas almas. Para verdadeiramente
repararmos nossas faltas, é preciso, acima de tudo, que façamos uma viagem
interior, mediante uma “crescente consciência”, para identificar os atos e acontecimentos
incorretos que praticamos/vivenciamos e associá-los com os sentimentos e as
emoções que os influenciaram. A partir daí, equilibrá-los. Reparar nossas
faltas com nós mesmos e com os outros é a fórmula feliz de evitar o sofrimento.
Livro: As Dores da Alma.
Hammed / Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Questão 1000 . Já desde esta vida poderemos ir resgatando as
nossas faltas?
Resposta: Sim,
reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis mediante algumas privações
pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes, depois que morrerdes, quando de nada mais
precisais. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que
apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo,quando se
esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne
suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal.
“Só por meio do
bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o
homem nem no seu orgulho, nem nos seus interesses materiais.
“De que serve,
para sua justificação, que restitua, depois de morrer; os bens mal adquiridos,
quando se lhe tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?
“De que lhe
serve privar-se de alguns gozos fúteis, de algumas superfluidades, se permanece
integral o dano que causou a outrem?
“De que lhe
serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus, se, perante os homens, conserva
o seu orgulho?
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