A compreensão da
"natura" (palavra latina) - a natureza personificada ou essência das
coisas - deve ser vista como uma soberana que se dedica a esclarecer constantemente
os conflitos pessoais e os enigmas da humanidade.
A compreensão da
Natureza determina o que é verdadeiro ou não. Ela nos leva à escola da
sabedoria das abelhas, dos joões-de-barro, das formigas e das aranhas, mostrando-nos
que, por detrás dela, existem leis sábias que nos ensinam o que a dedução, a
suposição e a apreciação, simplesmente, não nos podem explicar.
A Natureza é
criação divina, produto da "determinação de Deus", e nós, filhos do Poder
Universal, somos também Natureza. Portanto, age em nós uma vontade superior:
"o homem sendo perfectível, e carregando em si o germe de seu
aperfeiçoamento, não está destinado a viver perpetuamente no estado
natu-ral(...)", pois a força do progresso é uma condição inerente da vida
humana. A Natureza garante a evolução.
Em Assis, no
século XIII, o iluminado Francisco Bernardone enalteceu a interação do homem
com a Natureza em seu "Cântico ao Sol", no qual louva alegremente o
irmão Sol, a irmã Lua, a irmã Água e a mãe Terra, mostrando-nos a profunda
ligação que todos temos com a Natureza. Somos parte dela como ela é parte de
nós; o livro da Natureza integra nossa intimidade.
As "leis
divinas ou naturais" estão cunhadas em nossa consciência, onde se encontra
a mais perfeita ligação com a Divindade. Não devemos nos esquecer de que o
termo consciência, empregado pelos Benfeitores Espirituais nesta questão de
"O Livro dos Espíritos", é sinônimo de alma, e não a popularmente
denominada "consciência crítica" - parte julgadora da personalidade
que se manifesta quando analisamos atos e atitudes e os catalogamos como bons
ou maus.
Cedo ou tarde, a
"compreensão da Natureza" há de esclarecer os mais intrincados enigmas
da humanidade, visto que, se não a utilizarmos por meio da lógica ou inferência
- exercício intelectual pelo qual se afirma uma verdade em decorrência de sua
ligação com outras já conhecidas —, ela nos atingirá através de nosso senso interior,
que independe da razão intelectual e de considerações de ordem mental ou moralista.
Podemos
compreender melhor nossos sentimentos a partir dos reinos da Natureza. Os animais
têm emoções - medo, raiva, alegria, ciúme, afeição - manifestadas pelas mais diversas
expressões. Se examinarmos atentamente essas expressões do ponto de vista de suas
funções a serviço de impulsos e de necessidades no processo de adaptação dos indivíduos
ao meio ambiente, veremos que algumas são resquícios herdados dos ancestrais
pré-hominídios, comuns a toda criatura humana.
Muitos de nossos
comportamentos são inatos e não aprendidos, já que se repetem em todos os seres
humanos, nas mais diferentes regiões, épocas e culturas. A "compreensão da
Natureza" é uma réstia de luz no lago de trevas da visão humana.
Se observarmos
os aspectos biológicos e psicológicos das expressões dos animais diante das
diversas situações - fome, perigo, prazer, ameaça, etc. -, eles nos servirão de
inspiração para compreendermos o "porquê" de nossos atos e atitudes.
Parece-nos de
extrema importância o estudo do comportamento social e individual dos animais
comparado aos costumes humanos como fatos sociais. As expressões, gestos e
mudanças de feições e energias que as antecedem e acompanham são padrões comportamentais
criadores de uma espécie de "linguagem fisionômica", se assim podemos
dizer, universal e uniforme, que utiliza as mesmas fibras do nervo facial para exprimir
seus sentimentos; e que salvaguarda as devidas proporções - dimensão, intensidade,
tamanho e estética — nos seres humanos.
Eis aqui algumas
das expressões instintivas ou contrações faciais comuns tanto nos homens como
em determinados animais: a elevação da sobrancelha na indignação; a postura
ereta e aprumada diante do desafio e do ataque; os punhos cerrados na raiva; o
arregalar dos olhos na surpresa; o enrubescer na vergonha; a contração entre as
sobrancelhas na concentração; a saliência dos lábios superiores e o nariz
empinado na indiferença; as sobrancelhas apertadas e a boca firmemente fechada
na obstinação; o repuxar dos lábios e uma súbita expiração no nojo; o brilho
dos olhos na satisfação; elevação da sobrancelha e os cantos da boca caídos na
tristeza; e outras tantas mais.
"(...) O
homem, tendo tudo o que há nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes
por uma inteligência especial (...)."
A concepção de
vida isolada que muitos de nós cultivamos na atualidade modela o homem,
abafando-lhe sua interligação com a naturalidade e promovendo a padronização
neurótica da vida social e a manutenção do status quo.
Somos seres
imortais, trazendo como patrimônio espiritual um acervo de bagagens ainda
desconhecidas. Nossa singularidade tem raízes adquiridas na travessia pelas faixas
naturais da existência.
Se a cada dia
conhecer mais as leis da Natureza e souber que cada ser é algo "nascituro",
ou seja, "aquele que deve nascer" e que, mesmo antes de nascer, nele
existe uma forma latente e potencial, o homem se tornará cada vez melhor,
participando e vivendo socialmente, sem se esquecer do princípio da
naturalidade comum a todos os seres vivos.
Apesar de todos
nós termos transitado pela irracionalidade nos reinos menores da vida, somos
hoje potencialmente racionais, embora na grande maioria das criaturas ainda não
haja sido despertada essa racionalidade, de forma efetiva, mas apenas a sua intelectualidade.
A compreensão da
natura (palavra latina) — a natureza personificada ou essência das coisas -
deve ser vista como uma soberana que se dedica a esclarecer constantemente os
conflitos pessoais e os enigmas da humanidade.
Livro: Os Prazeres da Alma.
Livro: Os Prazeres da Alma.
Hammed /
Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
585. Que pensais
da divisão da Natureza em três reinos, ou melhor, em duas classes: a dos seres
orgânicos e a dos inorgânicos? Segundo alguns, a espécie humana forma uma
quarta classe. Qual destas divisões é preferível?
Todas são boas,
conforme o ponto de vista. Do ponto de vista material, apenas há seres
orgânicos e inorgânicos. Do ponto de vista moral, há evidentemente quatro
graus.
A.K.: Esses
quatro graus apresentam, com efeito, caracteres determinados, muito embora
pareçam confundir-se nos seus limites extremos. A matéria inerte, que constitui
o reino mineral, só tem em si uma força mecânica. As plantas, ainda que
compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade. Os animais, também
compostos de matéria inerte e igualmente dotados de vitalidade, possuem, além
disso, uma espécie de inteligência instintiva, limitada, e a consciência de sua
existência e de suas individualidades. O homem, tendo tudo o que há nas plantas
e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial,
indefinida, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas
extra-materiais e o conhecimento de Deus.
621. Onde está
escrita a lei de Deus?
Na consciência.
621-a - Visto
que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe
ser ela revelada?
Ele a esquecera
e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.
776. Serão
coisas idênticas o estado de natureza e a lei natural?
Não, o estado de
natureza é o estado primitivo. A civilização é incompatível com o estado de
natureza, ao passo que a lei natural contribui para o progresso da Humanidade.
A.K.: O estado
de natureza é a infância da Humanidade e o ponto de partida do seu
desenvolvimento intelectual e moral. Sendo perfectível e trazendo em si o
gérmen do seu aperfeiçoamento, o homem não foi destinado a viver perpetuamente
no estado de natureza, como não o foi a viver eternamente na infância. Aquele
estado é transitório para o homem, que dele sai por virtude do progresso e da
civilização. A lei natural, ao contrário, rege a Humanidade inteira e o homem
se melhora à medida que melhor a compreende e pratica.
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