“... Como continuassem a interrogá-lo, ele se
ergueu e lhes disse: Aquele dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire a
primeira pedra. Depois, abaixando-se de novo, continuou a escrever sobre a terra...” (Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec,
Capítulo 10, item 12).
“Aquele
dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire a primeira pedra”, assim enunciou
Jesus Cristo diante da mulher surpreendida em adultério.
Ele
conhecia a intimidade das criaturas humanas e as via como um livro completamente
aberto. Sabia de suas carências e necessidades condizentes com seu grau
evolutivo, bem como conhecia todo o mecanismo proveniente de sua “sombra”, quer
dizer, a soma de tudo aquilo que elas não desejam ter e ver em si mesmas.
O
termo “sombra” foi desenvolvido por Carl Gustav Jung, eminente psiquiatra e
psicólogo suíço, para conceituar o somatório dos lados rejeitados da realidade
humana, que permanecem inconscientes por não querermos vê-los.
Jesus
sabia que todos ali presentes fariam daquela mulher um “bode Expiatório” para
aliviar suas consciências de culpa, projetando sobre ela seus sentimentos e
emoções não aceitos e apedrejando-a sumariamente, conforme as leis da época.
Em
conseqüência, todos ali reunidos sentiriam momentaneamente um alívio ao
executá-la, ou mesmo, “livres dos pecados”, pois nela seriam projetados os chamados
defeitos repugnantes e desprezíveis, como se dissessem para si mesmos: “não temos nada
com isso”.
O
Mestre, porém, induziu-os a fazer uma “introspecção”, impulsionando-os para uma
viagem interior, indagando: “quem de vós não tem pecados?”
Somos,
a todo instante, tentados a encobrir nossas vulnerabilidades ou “pontos fracos”
por não aceitarmos ser natural que parte de nós é segura e generosa, enquanto
outra duvida e é egoísta. Faz-se necessário admitirmos nossos “pecados” porque
somente dessa forma iremos confrontar-nos com nossos “sótãos fechados” e
promover nosso amadurecimento espiritual.
Admitindo
nossos lados positivo e negativo, em outras palavras, nossa “polaridade”,
passaremos a observar nossa ambivalência, rejeitando assim as barreiras que nos
impedem de ser autênticos. Urge que reconheçamos nossa condição humana de
pessoas em processo de desenvolvimento evolucional.
Ao
assumirmos, porém, nossos “opostos” como elementos naturais da estrutura humana
(egoísmo-desinteresse, dominação-submissão, adulação-aversão, ciúme-indiferença,
malícia, ingenuidade, vaidade-desmazelo, apego-apatia), aprendemos a não nos
comportar como o pêndulo - ora num extremo, ora no outro.
A
balança volta sempre ao ponto de equilíbrio, e é justamente essa a nossa meta
de aprendizagem na Terra. Nem avareza, nem esbanjamento, nem preguiça, nem
superentusiasmo, nem tanto lá, nem tanto cá, tudo com “equanimidade”, isto é,
dando igual importância aos lados, a fim de acharmos o meio-termo.
As
polaridades unidas formam a totalidade, ou a unidade, mesmo porque nossa visão
depende de ambas as partes unidas, para que nossas observações e estruturas não
sejam claudicantes. Em suma, unir as polaridades em nossa consciência nos torna
unos ou seres totais.
Com
essa determinação, vamos adquirir um bom nível de permeabilidade e conseguir
transcender os limites e interligar nossos opostos, atingindo um estado de
consciência elevada, o que permitirá que nosso consciente e nosso inconsciente se
fundam numa “unidade total”.
As
pesquisas da atualidade analisaram as metades do cérebro e chegaram à conclusão
de que cada uma tem funções, capacidades e suas respectivas áreas, onde atuam
as diferentes responsabilidades da psique humana.
O
lado esquerdo cuida da lógica, da linguagem, da leitura, da escrita, dos cálculos,
do tempo, do pensamento digital e linear e do lado direito do corpo, entre outras
coisas, enquanto que o direito se prende às percepções da forma, da sensação do
espaço, da intuição, do simbolismo, da atemporidade, da música, do olfato e do
lado esquerdo do corpo, entre outras funções.
Usar
a totalidade cerebral é ter uma visão real da vida que nos cerca; portanto, com
apenas metade do cérebro, teremos a bipartição da verdade, ou melhor, a não-conexão
dos opostos.
O
Mestre afirmou-nos: “Eu e meu Pai somos um”, (Jesus / João, 10:30), querendo
dizer que Ele era pleno, pois enxergava tudo no Universo como um “todo”,
através de sua consciência iluminada e integralizada.
Jesus
não agia dividido em “pares opostos”. Não pensava e não sentia como homem ou
mulher, mas como espírito eterno; não visualizava o interior e exterior, antes
observava o Universo e a nós por inteiro, “dentro e fora”, argumentando que o “Reino
de Deus” e “as muitas moradas da Casa do Pai” estavam no exterior e, ao mesmo
tempo, no interior.
Por
isso, não há nada a corrigir ou a consertar em nós, a não ser melhorar a nossa
própria forma de ver as coisas, aprendendo a conhecer amplamente as interligações
dos opostos, a fim de atingirmos o equilíbrio perfeito.
“Pecado”,
em síntese, são as extremidades de nossa polaridade existencial. Daí decorre a afirmação de Jesus de Nazaré aos
homens que somente olhavam um dos lados do fato naquele julgamento e que, ao
mesmo tempo, escondiam sentimentos e emoções que gostariam que não existissem.
Em
suma, a ferramenta vital para interligar os opostos chama-se amor, porque amar
é buscar a unificação das pessoas e das coisas, pois ele quer fundir e não
dividir, O amor tem que ser absolutamente incondicional porque, enquanto for seletivo
e preferencial, não será amor real. Quem ama realmente constitui um “nós”, isto
é, “une”, sem anular o próprio “eu”.
O
sol emite raios para todas as criaturas e não distribui sua luminosidade segundo
o merecimento de cada um. Assim também é o amor do Mestre: não diferencia bons
e maus, certos e errados, poderosos e simples, não separa, nem divide,
simplesmente ama a todos, pelo próprio prazer de amar.
Livro:
Renovando Atitudes.
Espírito:
Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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