Reunião pública
de 17/4/59
Espiritismo
revivendo o Cristianismo – eis a nossa responsabilidade.
Como outrora
Jesus revelou a Verdade em amor, no seio das religiões bárbaras de há dois mil
anos, usando a própria vida como espelho do ensinamento de que se fizera
veículo, cabe agora ao Espiritismo confirmar-lhe o ministério divino,
transfigurando-lhe as lições em serviço de aprimoramento da Humanidade.
Espíritas!
Lembremo-nos de
que templos numerosos, há muitos séculos, falam dEle, efetuando porfiosa
corrida ao poder humano, olvidando-lhe a abnegação e a humildade.
E porque não
puderam acomodar-se aos imperativos do Evangelho, fascinados que se achavam
pela posse da autoridade e do ouro, erigiram pedestais de intolerância para si
mesmos.
Todavia, a
intolerância é a matriz do fratricídio, e o fratricídio é a guerra de conquista
em ação. E a lei da guerra de conquista é o império da rapina e do assalto, da
insolência e do ódio, da violência e da crueldade, proscrevendo a honra e
aniquilando a cultura, remunerando a astúcia e laureando o crime, acendendo fogueiras
e semeando ruínas em rajadas de sangue e destruição.
Somos, assim,
chamados à tarefa da restauração e da paz, sem que essa restauração signifique
retorno aos mesmos erros e sem que essa paz traduza a inércia dos pântanos.
É imprescindível
estudar educando e trabalhar construindo.
Não vos afasteis
do Cristo de Deus, sob pena de converterdes o fenômeno em fator de vossa
própria servidão às cidadelas da sombra, nem algemeis os punhos mentais ao
cientificismo pretensioso.Mantende o cérebro e o coração em sincronia de
movimentos, mas não vos esqueçais de que o Divino Mestre superou a aridez do
raciocínio com a água viva do sentimento, a fim de que o mundo moral do homem
não se transforme em pavoroso deserto.
Aprendamos do
Cristo a mansidão vigilante.
Herdemos do
Cristo a esperança operosa.
Imitemos do
Cristo a caridade intemerata.
Tenhamos do
Cristo o exemplo resoluto.
Saibamos
preservar e defender a pureza e a simplicidade de nossos princípios.
Não basta a fé
para vencer. É preciso que a fidelidade aos compromissos assumidos se nos
instale por chama inextinguível na própria alma.
Nem conflitos
estéreis.
Nem fanatismo
dogmático.
Nem tronos de
ouro.
Nem exotismos.
Nem perturbação
fantasiada de grandeza intelectual.
Nem bajulação às
conveniências do mundo.
Nem mensagens de
terror.
Nem vaticínios
mirabolantes.
Acima de tudo,
cultuemos as bases codificadas por Allan Kardec, sob a chancela do Senhor,
assinalando-nos as vidas renovadas, no rumo do Bem Eterno.
O Espiritismo,
desdobrando o Cristianismo, é claro como o Sol.
Não nos percamos
em labirintos desnecessários, porquanto ao espírita não se permite a expectação
da miopia mental.
Sigamos, pois, à
frente, destemerosos e otimistas, seguros no dever e leais à própria
consciência, na certeza de que o nome de Nosso Senhor Jesus-Cristo está
empenhado em nossas mãos.
Livro: Religião
dos Espíritos
Emmanuel / Chico
Xavier.
Estudando
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Influência
do Espiritismo no progresso
798. O
Espiritismo se tornará crença comum, ou ficará sendo partilhado, como crença,
apenas por algumas pessoas?
Resposta: Certamente
que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade,
porque está na Natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os
conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais
contra o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular
a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor- próprio,
outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados,
seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se
tornarem ridículos.
A.K.: As idéias
só com o tempo se transformam; nunca de súbito. De geração em geração, elas se
enfraquecem e acabam por desaparecer, paulatinamente, com os que as
professavam, os quais vêm a ser substituídos por outros indivíduos imbuídos de
novos princípios, como sucede com as idéias políticas. Vede o paganismo. Não há
hoje mais quem professe as idéias religiosas dos tempos pagãos. Todavia, muitos
séculos após o advento do Cristianismo, delas ainda restavam vestígios, que
somente a completa renovação das raças conseguiu apagar. Assim será com o
Espiritismo. Ele progride muito; mas, durante duas ou três gerações, ainda
haverá um fermento de incredulidade, que unicamente o tempo aniquilará.
Sua marcha, porém, será mais célere que
a do Cristianismo, porque o próprio Cristianismo é quem lhe abre o caminho e
serve de apoio. O Cristianismo tinha que destruir; o Espiritismo só tem que
edificar.
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