Uma cena
inusitada e inspiradora no esporte: o atleta queniano, Abel Mutai, medalha de
ouro nos três mil metros com obstáculos e campeão olímpico em Londres, estava
prestes a ganhar mais uma corrida.
Entrou em um
novo setor da prova e, achando que já havia cruzado a linha de chegada, começou
a cumprimentar o público, reduzindo o passo.
O segundo
colocado, logo atrás, Ivan Fernandez Anaya, vendo que ele estava equivocado e
parava dez metros antes da bandeira de chegada, não quis aproveitar a
oportunidade para acelerar e vencer.
Ele permaneceu
às suas costas, e gesticulando para que o queniano compreendesse a situação,
quase o empurrando, levou-o até o fim, deixando que ele conquistasse, então, a
merecida vitória – como já iria acontecer se ele não tivesse se enganado sobre
o percurso.
Ivan Fernandez
Anaya, um jovem corredor de vinte e quatro anos, que é considerado um atleta de
muito futuro, ao terminar a prova, disse:
Ainda que
tivessem me dito que ganharia uma vaga na seleção espanhola para disputar o
campeonato europeu, eu não teria me aproveitado. Acho que é melhor o que eu fiz
do que se tivesse vencido nessas circunstâncias.
* * *
Quando
começaremos a agir assim, em todas as situações de nossas vidas?
Quando
deixaremos de enganar os outros e de enganar a nossa própria consciência?
Teríamos agido
dessa forma, em situação semelhante, ou não?
Valerá a pena
tudo por uma medalha, por um resultado, por ser proclamado melhor, o número um,
nisso ou naquilo?
Valerá tudo para
conseguir um emprego, um dinheiro extra, um bom negócio fechado? Será?
A virtude da
honestidade diz que não, não vale a pena.
Atuando assim,
poderemos ter pequenas e falsas vitórias aqui e ali, mas continuaremos sendo
almas derrotadas, pois não vencemos o mundo e suas destemperanças, não vencemos
o homem velho e vicioso em nós.
O importante é
vencer-se, estando em paz com nossa consciência.
Não basta viver
e sobreviver. Citando o grande Sócrates e sua honestidade, quando lhe
propuseram a fuga da prisão onde ficou até a morte: O importante não é viver. O
importante é bem viver.
Estamos aqui
para aprender a bem viver, para vencer quando estivermos preparados para
vencer, quando merecermos a vitória.
Participar
desses jogos baixos do mundo, dessas manipulações de mentes, de esquemas etc.,
é permanecer pequeno, é congelar a evolução moral do Espírito.
Ser honesto é
vivenciar a verdade em todas as circunstâncias, a verdade que, segundo o
Mestre, nos libertará – libertará da ignorância e do sofrimento.
* * *
Um gesto de
honestidade vai muito bem.
Vai muito bem em
casa, quando confessamos o que vai em nosso coração, quando não desejamos
esconder nada de ninguém.
Vai muito bem
nas relações sociais, quando atuamos com justiça, com probidade, dando a cada
um o que é seu de direito, nunca admitindo passar alguém para trás.
Vai muito bem no
casamento, toda vez que honramos o compromisso com o outro, jamais praticando
algo que não gostaríamos que praticassem conosco.
Vai muito bem
sempre.
Haverá dia em
que honestidade não precisará mais ser considerada virtude a ser conquistada,
pois seremos todos honestos por natureza.
Redação do
Momento Espírita.Em 15.4.2013.
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