“Entrai pela
porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz a perdição. E
muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o
caminho que conduz a vida. E poucos são os que o encontram”. (Jesus / Mt 7:13-14).
Nessa passagem,
Jesus aponta-nos o melhor caminho a seguir para a nossa evolução. Mas o que
essas “portas” significam?
Em “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, cap. XVIII, item 5, Kardec comenta: “A porta da
perdição é larga, porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é o
mais frequentado. A da salvação é estreita, porque o homem que deseja
transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as suas más tendências, e poucos
se resignam a isso.”
A porta larga
representa as ilusões do mundo, as convicções erradas, os maus hábitos, todos
resultantes da ignorância, do orgulho, da vaidade, do egoísmo...
Qual aquele que
esta totalmente isento dessas más tendências? A vida terrena oferece muitos
atrativos: a riqueza, a fama, o poder, o status... Muitos de nos ficamos
atraídos pelas coisas da vida material, deixamo-nos envolver pelas sensações exteriores.
Quem escolhe a
porta larga enxerga com os olhos do mundo; o caminho é fácil, sedutor e não
exige esforço, mas ao fim dele encontramos enganos, desilusões e dor, e só
então compreendemos que perdemos um tempo precioso na vida.
Este é realmente
o caminho mais trilhado, pois a Humanidade ainda não se deu conta da
importância da vida futura, preferindo permanecer no apego as coisas materiais,
esquecendo-se dos valores espirituais.
Quem escolhe a
porta estreita despertou para a verdade, e compreende que esse caminho exige conhecimento,
renúncia, vigilância, prudência, humildade e responsabilidade. É o caminho da
vida, da felicidade e da luz.
Muitas vezes,
não o percebemos com clareza, pois, para optar pelo melhor caminho, é preciso
que nos conheçamos, para que possamos transformar-nos.
Em “O Livro dos
Espíritos”, questão 919, Santo Agostinho ensina-nos um meio eficaz para nos
tomarmos melhores e resistirmos ao mal, aconselhando-nos a recordar todas as
noites como foi o nosso dia, o que fizemos o que dissemos se cumprimos nossos
deveres, se alguém poderia ter uma queixa de nos ou se guardamos emoções menos
nobres no coração.
A Lei de Deus
ensina a Doutrina Espírita, esta escrita em nossa consciência. Podemos,
portanto, através da reflexão diária, consultá-la.
No caminho da
porta estreita estão todos os desafios da nossa vida. O esforço pessoal para a
conquista dos bens espirituais constitui a porta estreita, e não depende de
cultura ou crença religiosa, mas, de abrir o coração ao amor e deixá-lo fluir
em nossa vida.
Este é o caminho
que nos aproxima de Deus e, embora esteja cheio de obstáculos, todos nos somos
capazes de superá-los. Ao final da caminhada está a recompensa, porque a
escolha foi acertada: a felicidade da vida futura, as bem-aventuranças
prometidas por Jesus no Sermão da Montanha.
Podemos viver
plenamente nossa vida material e afetiva, dando o justo valor às coisas da
Terra, sem apegos e sentimentos de posse.
Nossa vida na
Terra é uma dádiva preciosa, uma oportunidade abençoada de crescimento
espiritual. Não podemos deixar-nos levar pelas ilusões mundanas.
Sabemos que no
estágio atual da Humanidade ainda predomina o mal em seus diversos aspectos.
Porém, não estamos obrigados a aderir a esse estado de coisas.
Ainda que não
percebamos, muitas pessoas abrem-nos portas, a cada dia, através da palavra
falada ou escrita, da ação ou do exemplo. Examinemos por quais portas estamos
adentrando, para que não percamos grandes oportunidades de crescimento
espiritual.
Devemos vigiar e
orar sempre, como nos ensinou o Mestre, para não nos deixarmos levar pela
sedução da porta larga. Devemos valorizar cada oportunidade de renovação, vendo
em Jesus o Caminho, a Verdade e a Vida.
É da renovação
moral de todos nos que virá a renovação moral do planeta e o fim dos males que
afligem a Humanidade.
Livro: FEESP -
CURSO DE APRENDIZES DO EVANGELHO – 2º. ANO
Bibliografia
-A Bíblia de
Jerusalém.
- Kardec, Allan
- O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan
- O Livro dos Espíritos Ed. FEESP.
- Godoy, Paulo
A. - Casos Controvertidos do Evangelho - Ed. FEESP.
- Schutel,
Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
-Almeida, José de
Sousa -As Parábolas - Ed. FEESP.
***
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Conhecimento de
si mesmo
919. Qual o meio
prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à
atração do mal?
“Um sábio da
antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”
919-a) -
Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente
em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
Resposta: Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra:
ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e
perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo
para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em
mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações
que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera
feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força
adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi,
pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que
objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma
coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que
não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me
neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo
dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?”
“Examinai o que
pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente,
contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa
consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.
“O conhecimento
de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há
de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para
atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas
econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto é
muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando
estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a
qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na
poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de
duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela
pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos,
porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes
os coloca a vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais
franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua
consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim
de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas
daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar
suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais
avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em
paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.
“Formulai, pois,
de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las.
Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não
trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso
na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o
fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse
descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em
comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de
alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o
futuro. Ora, esta exatamente a idéia que estamos encarregados de eliminar do
vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a
não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a
vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que
agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar.
Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.” - SANTO AGOSTINHO.
A.K.: Muitas
faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo o
conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência,
veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não
perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos.
A forma interrogativa
tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes
deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um
sim ou não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros
tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos
computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.
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