“Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei
à porta e se vos abrirá; porque todo aquele que pede recebe, quem procura acha,
e se abrirá àquele que bater à porta...” “... mas Deus lhe deu, a mais do que
ao animal, o desejo incessante do melhor, e é este desejo do melhor que o
impele à procura dos meios de melhorar sua posição...” (Evangelho segundo o
Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 25 itens 1 e 2.)
"Nenhum ser
humano deseja ser infeliz intencionalmente", pois nenhuma criatura ousa fazer alguma
coisa de propósito, a fim de que venha a sofrer ou a se tornar derrotada.
Quando agimos
erroneamente, é porque optamos pelo que nos parecia o “melhor”, conforme nossa
visão, visto que todos os nossos comportamentos estão alicerçados em nossa
própria maneira de perceber a vida.
Sócrates
afirmava que “ninguém que saiba ou acredite que haja coisas melhores do que as
que faz, ou que estão a seu alcance, continua a fazê-las quando conhece a
possibilidade de outras melhores”.
A compreensão do
“melhor” depende do desenvolvimento de um raciocínio lógico para cada situação,
e se dá na criatura através de uma seqüência progressiva, onde se leva em conta
a maturidade espiritual adquirida em experiências evolutivas no decorrer dos
tempos.
Todos nós
acumulamos informações, instruções, noções em nossas multifárias vivências
anteriores. A princípio, passamos a vivenciá-las superficialmente. Aos poucos,
vamos analisando-as e assimilando-as, entre processos de reelaboração, para só
depois passar a integrá-las em definitivo em nós mesmos, isto é, incorporá-las
por inteiro.
Em “fazer nosso
melhor” esta contido o quanto de amadurecimento conseguimos recolher nas
experiências da vida e também como usamos e interrelacionamos essas mesmas
experiências quando deparamos com fatos e situações no decorrer dos caminhos.
Fundamentalmente,
somos agora o que de melhor poderíamos ser, já que estamos fazendo conforme
nossas possibilidades de interpretação, junto aos outros e perante a vida,
porque sempre optamos de acordo com nossa “gradação evolutiva”.
Perguntamo-nos,
porém, quanto aos indivíduos que matam, mentem, caluniam e fingem: porventura,
um ladrão que assalta alguém não saberá o certo, ou o justo? Desconhece o que
está fazendo?
Instrução é
conhecer com o intelecto e, portanto, não é a mesma coisa que “saber com todo o
nosso ser”; isto é, só integraremos o “saber” de alguma coisa quando ela se
encontrar completamente “contida” em nós próprios. Aí, de fato poderemos dizer
que aprendemos e assimilamos totalmente.
Assim
analisando, apenas o que sentimos em profundidade, ou experimentamos
vivenciando, é que é considerado o nosso “melhor”. Não o que lemos, não o que
escutamos, não o que os outros ensinam, ou mesmo o que tentam nos mostrar.
Estar na “cabeça” não é o mesmo que “estar na alma inteira”.
Aparentemente,
podemos julgar um ato como negativo, mas, quando atingirmos o âmago da criatura
e observarmos como ela foi educada, quais valores recebeu na infância, o meio
social em que cresceu, aí entenderemos o que a motivou a agir daquela forma e o
porquê daquele seu padrão comportamental.
Obviamente que o
nosso melhor de hoje sofrerá amanhã profundas alterações. Aliás, a própria evolução é
um processo que nos incita sempre ao melhor, pois é propósito do Universo
fazer-nos progredir cada vez mais para nos aproximar da sabedoria plena.
A natureza
humana tende sempre a compensar suas faltas e insuficiências. Consta
cientificamente que todo organismo está sempre buscando se atualizar, ou se
suprir, pois quando gasta energia tem sempre a necessidade de recompor essa
carência energética, expressando-se em algumas ocasiões com a sensação da fome ou
da sede. Notamos que essa força que busca melhorar-nos, ou mesmo contrabalancear-nos,
é como se fosse uma “alavanca poderosa” que tende sempre a atualizar-nos,
mantendo-nos sempre no melhor equilíbrio possível. Quando um pulmão adoece e
deixa de funcionar, o outro pulmão faz a função de ambos; assim também pode
ocorrer com nosso rim. Em outros casos, essa força interna tenta reparar os
deficientes visuais e auditivos, compensando-os com maior percepção, sensibilidade
e tato. Estruturas ósseas fraturadas se recompõem e se solidificam mais
fortalecidas no local exato onde houve a lesão.
Além disso,
verifica-se que nosso sistema imunológico, que é essa mesma força em ação,
exerce grande influência sobre o organismo para mantê-lo no seu melhor
desempenho, conservando a própria subsistência orgânica através de mecanismos
de autodefesa, com que elimina todos e quaisquer elementos estranhos que possam
vir a comprometê-lo.
Por definição, “processo
de atualização” é a capacidade de adaptação às novas necessidades, ou mesmo a
modificação de comportamento íntimo para melhores posturas, a fim de que se
conserve a individualidade integralizada.
Ao analisarmos
as estruturas físicas, sistemas e órgãos da constituição corpórea, veremos que
funcionam por meio de uma atividade perfeita de compensação, e que sempre
impulsionam a criatura a manter-se fisicamente melhor. Também sob o aspecto
psicológico, esse fenômeno ocorre para que todos nós possamos ajustar-nos
diante da vida, de acordo com o nosso “melhor”. Todo nosso propósito íntimo é
fundamentalmente bom, porque ninguém consegue agir de modo diferente do que
assimilou como certo ou favorável.
A intenção dos
seres humanos se baseia no cabedal de capacidades e habilidades próprias, porém
os meios de execução pelos quais eles atuam são sempre questionáveis, pois
outros indivíduos, nas mesmas situações, tomariam medidas diferentes, baseados
em seu “estágio evolutivo”.
Ainda examinando
essa questão, é imperativo dizer que, quando estamos fazendo o nosso “melhor”,
agimos de acordo com o que sabemos nesse exato momento e, dessa forma, a
Providência Divina estará nos protegendo. Porém, quando propositadamente não
correspondemos com atos e atitudes ao nosso grau de justiça e conhecimento,
passamos a não mais receber “condescendência espiritual”, visto que
transgredimos os limites das leis naturais que nos amparam e sustentam.
Escreveu o
apóstolo Pedro que “Deus julga a cada um de acordo com suas obras”,(I Pedro,
1:17). Tais palavras poderão ser interpretadas como a certeza de sermos
avaliados pelo “Poder Divino” segundo nossa capacidade de escolha, ou seja,
levando-se em conta nosso conjunto de funções mentais e espirituais, bem como
nossa aptidão racional de fazer, decidir, analisar e tomar direções.
As nossas “obras”,
as quais são referenciadas no texto evangélico, não são edifícios de alvenaria,
perecíveis e passageiros; são nossas construções íntimas - o “maior potencial”
que já conquistamos ou conseguimos atingir, em todos os sentidos da vida.
Isso equivale a
dizer que o nosso “melhor” será sempre o ponto-chave na apreciação e no cálculo
da “Contabilidade Divina”, ao registrar se os “céus nos ajudarão”. se “acharemos
o que buscamos”, se “as portas se abrirão” ou se “permanecerão fechadas”.
Livro: Renovando
Atitudes
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
Fortaleza - CE.
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