“... A forma não é nada, o pensamento é tudo.
Orai, cada um, segundo as vossas convicções e o modo que mais vos toca; um bom
pensamento vale mais que numerosas palavras estranhas ao coração...” (O
Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 28, item 1.)
No passado
buscávamos Deus entre os holocaustos, oferendas, incensos, cultos e cantos.
Era necessária
uma representação semimaterial, apropriada ao nosso estado de adiantamento e à
nossa capacidade de entendimento espiritual. Desde os velhos tempos do
monoteísmo do grande Amenhotep 4º ou Akhnaton e o do iluminado Moisés até as numerosas e antigas religiões
politeístas, como a dos hindus, egípcios, babilônios, germanos, gregos e
romanos, a criatura humana atravessou uma longa fase de amadurecimento
espiritual.
Atualmente, as
nossas relações com a Divindade têm caráter introspectivo. Se antes a nossa
busca se concretizava na exterioridade das coisas, hoje, porém, a fazemos em “espírito
e em verdade” (Jesus / João, 4:23), ou seja, na essência - imo de nós mesmos.
A introspecção -
processo pelo qual prestamos atenção a nossos próprios estados e atividades
internas - conduz as criaturas a se identificar com a maior de todas as fontes
de poder do Universo: Deus - manifestação onipresente em todas as suas
criações.
Voltar-se para
dentro de si mesmo talvez não seja uma atitude constante, espontânea e natural
na maioria dos seres humanos, por possuírem o hábito de ocupar mais seus
sentidos com as impressões externas do que com as realidades interiores das
coisas.
Muitos
indivíduos vivem dentro de um círculo vicioso, na ânsia desmedida de estímulos
aparentes, mantendo-se constantemente ocupados com as impressões de fora e
nutrindo-se energeticamente só desses estímulos físicos. Contudo, não podemos
ignorar ou desvalorizar as fases evolutivas do homem, pois viver para fora é
ainda uma necessidade existencial de muitos na atualidade; e é dessa forma que
farão pontes ou conexões entre o mundo interno e o externo, entendendo gradativamente
que a vida exterior é um reflexo da vida interior.
A busca às
fontes de crescimento e renovação espiritual inicia-se vivendo para fora, e aos
poucos tomando consciência da vida em si mesmo; portanto, tudo está perfeito na
criação universal - viver exteriormente não exclui viver interiormente. São
etapas interligadas de um longo processo de aprendizagem evolucional.
Perceber, no
entanto, a verdadeira realidade do mundo que nos rodeia é fator imprescindível
para vivermos bem na intimidade de nós mesmos.
Nossa vida mais lúcida,
mais Íntegra, mais prazerosa, mais criativa e indissolúvel se desenvolve dentro
de nós mesmos, nas atividades recônditas dos pensamentos, dos sentimentos, da
imaginação produtiva e da consciência profunda.
Interiorizar-nos
na oração, vivendo cada vez mais a plenitude da vida por dentro, faculta-nos
observar o que somos, quem somos e o que realmente está acontecendo em nossas
vidas. Facilita também nossa percepção entre o “real” e o “imaginário”,
diminuindo as possibilidades de iludir-nos ou fantasiarmos fatos e ocorrências.
“Não sabeis que
sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” Paulo (I
Coríntios, 3:16)
Tomar contato
com “Deus em nós” possibilita trazer à nossa visão atual uma translúcida
consciência, que nos permite reavaliá-la convenientemente. Faculta igualmente
localizar os enganos e reformular percepções, para que possamos identificar a
realidade tal qual é, pois viver ignorando o significado de nossos atos e impulsos
é desvalorizar o nosso processo evolutivo, passando pela vida na inconsciência.
Cultivar o reino
espiritual em nós facilita-nos escutar a verdade que Deus reservou para cada
uma de suas criaturas. Também no cultivo desse reino aprendemos que a
felicidade não é determinada por eventos ou forças externas, mas no silêncio da
alma, onde a inspiração divina vibra intensamente.
Paulo de Tarso
escreve aos Efésios: “... Que Ele ilumine os olhos dos vossos corações, para
saberdes qual é a esperança que o Seu chamado encerra...” (Paulo / Efésios, 1:
18)
Buscar a Deus
com os “olhos do coração”- na expressão paulina - é reconhecer que somente
olhando para dentro de nós mesmos, descobrindo o que Deus escreveu em todos os
corações, é que conseguiremos alcançar a plenitude da vida abundante. E
entregarmo-nos a partir daí a Sua Orientação e Sabedoria, sem restringir-nos a “resultados
esperados”. Essa a forma mais consciente de orar.
O mais alto
sistema de intercâmbio com a Vida em nós e fora de nós é a oração - escutar a
Deus no âmago da própria alma.
Livro: Renovando
Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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