Atire-lhe
a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado, disse Jesus. Esta
sentença faz da indulgência um dever para nós outros porque ninguém há que não
necessite, para si próprio, de indulgência. Ela nos ensina que não devemos
julgar com mais
severidade os outros,
do que nos
julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos
absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma
censura não nos pode ser feita. (O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO –Allan Kardec, Cap. X, Item
13)
É curioso notar
que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito,
haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua
inolvidável sentença: “aquele que estiver sem pecado atire a primeira
pedra”. Dirseia que no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do
mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano
que pessoa alguma da Terra haja escapado, no cardume das existências
consecutivas, aos chamados “erros do amor”.
Penetre cada um
de nós os recessos da própria alma, e, se consegue apresentar comportamento irrepreensível, no imediatismo da vida prática, ante os dias que
correm, indague-se, com sinceridade, quanto às próprias tendências.
Quem não haja
varado transes difíceis, nas áreas do coração, no período da
reencarnação em que se encontre, investigue as próprias inclinações e
anseios no campo íntimo, e, em sã consciência, verificará que não se acha
ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do acervo de lutas sexuais
da Humanidade.
Desses embates
multimilenares, restam, ainda, por feridas sangrentas no organismo da
coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia das
doenças da alma, extinguindose, por fim, com remédio adequado, e a
prostituição que reúne em si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais,
mediante paga, estabelecendo mercados afetivos.
Qual ocorre aos
flagelos da guerra, da pirataria, da violência homicida e da escravidão que
acompanham a comunidade terrestre, há milênios, diluindose, muito pouco a
pouco, o adultério e a prostituição ainda permanecem, na Terra, por
instrumentos de prova e expiação, destinados naturalmente a desaparecer, na
equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo
peso, na balança do progresso e da vida.
Notese que o
lenocínio de hoje, conquanto situado fora da lei, é o herdeiro dos bordéis
autorizados por regulamentação oficial, em muitas regiões, como sucedia
notadamente na Grécia e na Roma antigas, em que os estabelecimentos dessa natureza
eram constantemente nutridos por levas de jovens mulheres orientais, direta
ou indiretamente adquiridas, à feição de alimárias, para misteres de
aluguel.
Tantos foram os
desvarios dos Espíritos em evolução no Planeta – Espíritos entre os quais
muito raros de nós, os companheiros da Terra, não nos achamos incluídos
que decerto Jesus, personalizando na mulher sofredora a família humana,
pronunciou a inesquecível sentença, convocando os homens, supostamente
puros em matéria de sexualidade, a lançarem sobre a companheira infeliz a
primeira pedra.
Evidentemente, o
mundo avança para mais elevadas condições de existência. Fenômenos de transição
explodem aqui e ali, comunicando renovação. E, com semelhantes ocorrências,
surge para as nações o problema da educação espiritual, para que a
educação do sexo não se faça irrisão com palavras brilhantes mascarando a
licenciosidade. Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo,
para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma
que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento
pessoal luzindo na presença de cada uma, então os conceitos de adultério e
prostituição se farão distanciados do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de
ser.
Livro:
Vida e Sexo.
Emmanuel
/ Chico Xavier.
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