O reino da vida,
além da morte, não é domicílio do milagre.
Passa o corpo,
em trânsito pra a natureza inferior que lhe atrai os componentes, entretanto, a
alma continua na posição evolutiva em que se encontra.
Cada
inteligência apenas consegue alcançar a periferia do círculo de valores e
imagens dos quais se faz o centro gerador.
Ninguém pode
viver em situação que ainda não concebe.
Dentro da nossa
capacidade de auto-projeção, erguem-se os nossos limites.
Em suma, cada
ser apenas atinge a vida, até onde possa chegar a onda do pensamento que lhe é
próprio.
A mente
primitivista de um mono, transposto o limiar da morte, continua presa aos interesses
da furna que lhe consolidou os hábitos instintivos.
O índio
desencarnado dificilmente ultrapassa o âmbito da floresta que lhe acariciou a existência.
Assim também, na
vastíssima fauna social das nações, cada criatura dita civilizada, além do
sepulcro, circunscreve-se ao círculo das concepções que, mentalmente, pode abranger.
A residência da
alma permanece situada no manancial de seus próprios pensamentos.
Estamos
naturalmente ligados às nossas criações.
Demoramo-nos
onde supomos o centro de nossos interesses.
Facilmente
explicável, assim, a continuidade dos nossos hábitos e tendências, além da morte.
A escravidão ou
a liberdade residem no imo de nosso próprio ser.
Corre a fonte,
sob a emanação de vapores da sua própria corrente.
Vive a árvore
rodeada pelos fluidos sutis que ela mesma exterioriza, através das folhas e das
resinas que lhe pendem dos galhos e do tronco.
Permanece o
charco debaixo da atmosfera pestilencial que ele mesmo alimenta, e brilha o
jardim, sob as vagas do perfume que produz.
Assim também a
Terra, com o seu corpo ciclópico, arrasta consigo, na infinita paisagem cósmica,
o ambiente espiritual de seus filhos.
Atravessado o
grande umbral do túmulo, o homem deseducado prossegue reclamando aprimoramento.
A criatura
viciada continua exigindo satisfação aos apetites baixos.
O cérebro
desvairado, entre indagações descabidas, não foge, de imediato, ao poço de obscuridades
em que se submergiu.
E a alma de
boa-vontade encontra mil recursos para adiantar-se na senda evolutiva, amparando
o próximo e descobrindo na felicidade dos outros a própria felicidade.
Em razão das
leis que nos governam a vida, nem sempre o mensageiro que regressa do país da
morte procede de planos superiores e nem a mediunidade será sinônimo de sublimação.
Determinadas
inteligências desencarnadas se comunicam com determinados instrumentos
mediúnicos.
Os habitantes de
outras esferas buscam no mundo aqueles com os quais simpatizam e a mente
encarnada aceita a visita das entidades com as quais se afina.
A necessidade do
Evangelho, portanto, como estatuto de edificação moral dos fenômenos espíritas,
é impositivo inadiável. Com a Boa Nova, no mundo abençoado e fértil da nossa Doutrina
de luz e amor, possuímos a estrada reta para a nossa romagem de elevação.
Livro: Roteiro.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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