“No mundo dos
Espíritos há compensações para todas as virtudes, mas há também penalidades
para todas as faltas e, destas, as que escaparam às leis dos homens são infalivelmente
atingidas pelas de Deus.” - (O CÉU E O
INFERNO – Allan Kardec, 2ª parte, Capítulo 6º, Item 19. Comentários - O Espírito
de Castenaudary).
Os olhos umedecem
quando meditas, considerando as pequenas migalhas que te exornam a existência,
como minguadas concessões que consegues desfrutar.
Deslizam, ao teu
lado, sobre as águas cantantes do rio do prazer as barcaças da ilusão apinhadas
de aficionados.
Parecem felizes,
competindo com a luz formosa, adereçados de encantamentos, num festival de
radiosa febricidade de alegria. Gostarias de ser como eles.
Alguns passam
céleres pela tua porta em veículos modernos de extravagante arrogância, com
petulante desdém, espraiando o triunfo pessoal que os empolga. Desejarias
fruir, como eles, algumas horas de sonhos.
Muitos desfilam,
vaidosos, e repousam em tronos de alegria e beleza, imperando vitoriosos,
embriagados de poder. Anelarias experimentar as emoções que os amolentam.
Conheces da
experiência carnal somente dificuldades.
O pão te chega à
mesa a preço de amorgo suor.
Carpes
incompreensão em poço de indescritível soledade.
Consegues o
mínimo com esforço inaudito.
A alegria é
hóspede desconhecido do teu coração.
Nenhuma
extravagância, nenhum excesso.
As horas
dividem-se entre deveres e deveres.
Parece-te que a
lei da divina justiça te tributa pesado imposto pela honra da vida.
Assinalas-nos
outros o que eles exibem e que lhes não pertence.
Não creias em
felicidade a manifestar-se ruidosa.
Não confundas
triunfo com algazarra.
Muitos
vencedores foram assassinados após as vitórias, enquanto repousavam em coxins
suaves.
Escravos de si
mesmos e escravos de outros escravos que os dominam às ocultas têm sede de
liberdade e vida simples, esses que te exibem sorrisos profissionais de falsa
alegria.
Pensas que eles
tudo têm mas em verdade não se têm sequer a si próprios. Não conseguem
desvencilhar-se do cipoal a que se enovelaram nem conseguem sobreviver sem o
tóxico que os aniquila vigorosamente.
Choram sem
lágrimas, pois que estas secaram pelos caminhos que percorreram na terrível
busca desse nada.
Sofrem e não
encontram ouvidos que os escutem.
Aqueles que os
cercam, quase sempre desejam roubar-lhes o lugar para envergarem as suas
amarfanhadas fantasias. Embora os aplausos, os sorrisos e os amigos, vivem
sozinhos...
És livre, porém,
apesar dos elos da cadeia dos deveres nobilitantes.
Ama apesar de
não receberes retribuição.
Ajuda mesmo sem
a consideração dos socorridos.
Estende os
tecidos da esperança embora não te identifiquem os beneficiados.
Podes fruir a
paz que dimana da prece e a harmonia que se derrama da fé.
Possuis
felicidade sem mesclas de crime nem bases de enganos.
Não invejes os
que se estão atirando ao autocídio inconsciente.
Pensa nesses
triunfadores enganados com simpatia e cordialidade.
Exulta por te
encontrares em pleno caminho de redenção espiritual, expungindo enquanto outros
se infelicitam, libertando-te ao tempo em que outros se enclausuram.
E se puderes
partir os elos mesquinhos da auto-compaixão infundada e desnecessária, bendize
o que tens, a vida que experimentas e a fé cristã-espírita que te ilumina
interiormente conseguindo sobrepor os ideais incorruptíveis da imortalidade aos
jogos vis e escravocratas do mundo.
Muito oportuno
recordares o ensino de Jesus:
“No mundo só
tereis aflições”... , mas os que porfiarem fiéis até o fim herdarão a glória
excelsa.
Livro: Espírito
e Vida.
Joanna de
Ângelis / Divaldo Franco.
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