0171/LE
A reencarnação é
lei universal vigente em todos os mundos habitados, e como tal, é imutável. O
Espírito anima quantos corpos precisar para o seu despertamento espiritual. A reencarnação
mostra-nos a justiça de Deus, proporcionando a todos as mesmas oportunidades de
viverem bem, de usarem seus poderes e de gozarem seus esforços, suas
conquistas.
O descrédito de
alguns em relação a essa lei não altera a sua vigência, visto que uma lei
eterna, fundamentada por Deus, não vai deixar de ser lei porque um punhado de
Espíritos nela não acredita. Quem não crê na luz não afeta a existência dela, e
continuará a ser por ela beneficiado. Por alguém não acreditar que a água sacia
a sede e é um benefício para a vida, a água não vai deixar de existir para ele;
ela corre o seu percurso, sempre fazendo o bem que Deus determinou. Assim por
diante, são inumeráveis os fatos que existem, independentes da aprovação dos
homens. O Cristo sempre foi, é, e será nosso guia espiritual, mesmo que não creiamos
na Sua presença em nossas vidas. Deus é muito mais real na existência de todas
as criaturas, e muitas delas O negam. Isso tudo são fases na vida dos Espíritos
e o tempo mostrar-lhes-á a realidade, por processos que eles mesmos
desconhecem.
A reencarnação
sempre existiu, desde o princípio da criação dos mundos, como veredas que se
abrem para o despertamento dos Espíritos e, se perguntarmos o porquê da reencarnação,
temos muito o que ouvir. O próprio silêncio nos faz meditar sobre o assunto, e as
vidas sucessivas, pelas quais todos devem passar, e já passaram por muitas, conscientizarão
o homem da realidade, fazendo, no silêncio da vida, lembranças correspondentes
e raciocínios claros sobre a necessidade das vidas múltiplas.
Convém meditar
neste assunto transcendental, estudar e conversar sobre ele com pessoas
abalizadas no assunto, e dele deduzir o que a nossa evolução comportar. Não
deves negar nada que não conheças bastante, para não caíres no ridículo da
inexperiência. Não percas tempo discutindo outra filosofia que não seja a tua;
examina e tira dela o que achares mais conveniente para o teu bem-estar. A
pessoa que se acostuma a negar o que não conhece, empobrece seus próprios
valores e passa, mesmo em vida, a viver morto.
Se já estás
cansado de ler livros dos homens e desconfias deles, estuda no livro da natureza,
buscando a participação de quem a conhece, para te ensinar as primeiras letras dessa
verdade universal. As primeiras lições das vidas sucessivas nos dizem que tudo
muda na vida, de dia para dia. O progresso é um fato em todos os ângulos. Se
encarnamos, por que não podemos voltar à carne? Se o corpo existe, por que não
existe o Espírito? Hoje, a ciência, na sua dinâmica de especular, já prova que
as coisas invisíveis são mais reais do que as que apalpamos e vemos. O que
deduzirmos disso?
Livro: Filosofia
Espírita – Vol. IV
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
171. Sobre o que
se funda o dogma da reencarnação?
Sobre a
justiça de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai
deixa sempre aos filhos uma porta aberta ao arrependimento. A razão não diz que
seria injusto privar para sempre da felicidade eterna daqueles cujo
melhoramento não dependeu deles mesmos? Todos os homens não são filhos de Deus?
Somente entre os homens egoístas é que se encontram a iniqüidade, o ódio
implacável e os castigos sem perdão.
Comentário de Kardec: Todos os Espíritos
também tendem a perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la, com
as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça, permite-lhes realizar, em
novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova.
Não estaria de acordo com a eqüidade, nem
segundo a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram
obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade, no próprio
meio em que foram colocados. Se a sorte do homem fosse irrevogavelmente fixada
após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma balança e
não os teria tratado com imparcialidade.
A doutrina da reencarnação, que consiste em
admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde a
idéia da justiça de Deus, com respeito aos homens de condição moral interior; a
única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois
oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A
razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam.
O homem que tem consciência da sua
inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma consoladora esperança.
Se crê na justiça de Deus, não pode esperar que, por toda a eternidade, haja de
ser igual aos que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa
inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo e que ele poderá
conquistá-lo através de novos esforços o ampara e lhe reanima a coragem. Qual é
aquele que, no fim da sua carreira, não lamenta ter adquirido demasiado tarde
uma experiência que já não pode aproveitar? Pois esta experiência tardia não
estará perdida: ele a aproveitará numa nova existência.
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