Um dia, um velho
avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um amigo que o havia
ofendido.
O sábio velhinho
acalmou o neto e disse com carinho:
Deixe-me
contar-lhe uma história.
Eu
mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto, sem
arrependimento. Todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso
inimigo.
É o mesmo que
tomar veneno desejando que o inimigo morra.
Lutei muitas
vezes contra esses sentimentos.
O neto ouvia com
atenção as considerações do avô. E ele continuou: É como se existissem dois
lobos dentro de mim. Um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive em harmonia com
todos e não se ofende.
Ele só lutará
quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah!, esse
é cheio de raiva. Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a
um ataque de ira!
Ele briga com
todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional que nunca consegue
mudar coisa alguma!
Algumas vezes é
difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam
dominar meu Espírito.
O garoto olhou
intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:
E qual deles
vence, vovô?
O avô sorriu e
respondeu baixinho:
Aquele que eu alimento
mais frequentemente.
* * *
E você, qual dos
dois lobos tem alimentado com mais frequência?
A figura do lobo
é significativa, uma vez que representa o grau de animalidade que ainda rege as
nossas ações.
Enquanto o ser
humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à categoria de Espírito
superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos irracionais.
E essa luta
interna é que irá definindo o nosso amanhã, de acordo com o lado que mais
alimentamos.
Por vezes, um
simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos trazer consequências
amargas por longo tempo.
Paulo, o grande
Apóstolo do Cristianismo, identificou muito bem essa luta íntima quando disse:
O bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço.
Indignado por
algumas vezes ainda ser dominado pelo homem velho, em prejuízo do homem novo
que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta grande lição: É preciso
perseverar.
É preciso deixar
que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que ainda encontra
vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de vez por todas
cedendo lugar ao homem moralmente renovado que desejamos ser.
Agindo dessa
maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o próprio Apóstolo
Paulo disse, depois de vencer a si mesmo: Já não sou eu quem vive, é o Cristo
que vive em mim.
Mas, para que
cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas internas a fim de
fazer com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o Mestre por excelência,
façam sentido para nós a ponto de se constituir em força motriz a impulsionar
os nossos pensamentos e atos.
* * *
Paulo de Tarso
renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus.
Ele, que foi um
dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua crença religiosa,
depois que viu o Mestre às portas da cidade de Damasco, tornou-se Seu seguidor
fiel até os últimos dias de sua vida.
Mas, para isso,
foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que tentava falar mais alto.
Foi preciso
renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua cruz e seguir os
passos luminosos do Mestre de Nazaré.
Redação do Momento Espírita
Autoria
ignorada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário