A psicologia
clássica e as que surgiram em diferentes escolas de experimentação clínica têm
o dever de considerar o ser humano além da dualidade corpo-mente, igualmente a
condição de espírito imortal.
Mesmo não
aceitando a possibilidade da sua sobrevivência a morte orgânica, é compromisso
científico o estudo de todas as variantes sem preconceito quanto a sua
legitimidade. Isso porque os pacientes procedem de todas as camadas culturais e
sociais, religiosas e positivistas, crentes e não vinculadas a nenhum credo
espiritualista...
O resultado de
tal procedimento será sempre positivo no auxílio a clientela de ansiosos e
transtornados.
As pesquisas do
magnetismo, por exemplo, assim como do hipnotismo, inicialmente combatidos com
veemência, trouxeram, no último quartel do século XIX, em diferentes academias
fixadas aos padrões do materialismo vigente, valiosa contribuição para a
descoberta e o entendimento do subconsciente assim como, posteriormente, do
inconsciente...
Adstritos aos
preconceitos vigentes, foram rotulados de imediato todos os fenômenos dessa
procedência e, mais tarde, também os mediúnicos e anímicos como sendo
psicopatologias: histeria, dissociação, epilepsia, alucinações, personalidades
múltiplas e outras designações que não correspondem a realidade.
Frederic Myers,
por sua vez, constatando a realidade da fenomenologia mediúnica, especialmente
por meio da sra. Newham, teve a coragem de afirmar que as comunicações não
afetavam o "estado normal" das pessoas.
William James, o
grande psicólogo pragmatista americano - emérito professor de Filosofia e
Psicologia em Harvard - havendo observado séria e longamente as comunicações
mediúnicas da Sra. Piper, convenceu-se da sua realidade e asseverou que, para
se demonstrar que "nem todos os corvos são negros, basta somente
apresentar um corvo branco", desanimando os exigentes incrédulos...
Com o advento da
Psicologia Transpessoal, com Maslow, Grof, Kübler-Ross, Pierrakos e toda uma
elite de psicólogos, psiquiatras, neurologistas e outros especialistas nos
memoráveis seminários em Big Sur, na Califórnia (EUA), apresentaram-se mais
amplas possibilidades de êxito na aplicação de psicoterapêuticas em pacientes
portadores de obsessões espirituais, de traumas e culpas de existências
passadas, abrindo espaço para procedimentos compatíveis com a psicogênese de
cada transtorno...
Cada ser humano
é um cosmo específico, cuja origem perde-se nos penetrais do infinito.
Transcendente,
reflete as experiências vividas e acumuladas no inconsciente pessoal profundo,
assim como registradas no inconsciente coletivo, produzindo os lamentáveis
processos de alienação.
A perspectiva da
transcendência oferece ao ser humano um significado igualmente grandioso,
porque não encerra o seu ciclo evolutivo quando lhe sucede a morte.
Transferem-se as
suas metas do círculo estreito da injunção corporal para a amplitude cósmica,
prolongando-se indefinidamente.
O ego
transitório nessa nova percepção modifica o comportamento ante a fascinante
compreensão da imortalidade e libera o self da sua constrição afligente.
Essa visão
imortalista igualmente o amadurecimento psicológico, enriquecendo o indivíduo
de segurança moral, de identificação com a vida, superando as crises
existenciais que já não o perturbam.
A ignorância a
respeito do ser integral responde por muitos conflitos, tais como o medo, a
ansiedade, a incerteza e a falta de objetivo existencial desde que, de um para
outro momento, a morte ceifando a vida, tudo reduziria ao nada...
A
transcendência, por sua vez, faculta o sentido de gratidão em todas as
circunstâncias, proporcionando comportamento saudável, relacionamentos
edificantes e inefável alegria de viver com os olhos postos no futuro
promissor.
O homem e a
mulher que se identificam imortais têm perspectivas de alcançar a plenitude, em
razão da possibilidade inevitável de ressarcir erros, de reabilitar-se dos
gravames praticados, de recomeçar e conseguir êxito nos empreendimentos que
foram assinalados pelos fracassos.
Agradecer
emocionalmente ser-se transcendente é autopsicoterapia de otimismo que liberta
o Narciso interno da sua imagem irreal e responsabiliza para a conquista da
individuação, em defluência do amadurecimento psicológico que resultará no
estado numinoso.
Não mais doenças
nem estados doentes no indivíduo que se encontrou a si mesmo, que se descobriu
imortal e avança no rumo da plenitude.
Psicografia de
Divaldo Franco.
Livro:
Psicologia da Gratidão
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