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Certamente que
no mundo onde se inicia a perfeição espiritual, onde ninguém faz mais o mal, os
Espíritos têm mais capacidade de recordação do passado, de modo a não se
perturbarem com tais recordações. As lembranças são de acordo com a elevação da
alma, isso é lei de justiça divina, na computação de valores espirituais, na
jornada de Espírito imortal.
Nos mundos
elevadíssimos, não há mais interesse de recordações, as quais ficarão de lado,
a não ser quando elas possam ser ponto de lições para outrem. O Espírito puro
nada deixa se perder. Encandeia-se tudo para o todo, na profusão do amor, que
não tem limites. Existem mundos nos quais as lembranças do Espírito não são bem
claras, mas o Espírito se encontra preparado para resgatá-las com coragem; sabe
o que deve passar no carro cármico e aproveita as lições com eficiência;
entretanto a alma não está preparada, como no caso das que habitam a Terra, as
recordações vêm trazer embaraços ao próprio despertamento espiritual. Deus sabe
o que faz na Sua casa grande, e para cada criatura em separado.
A Terra é um
mundo de provações duras, onde os resgates são violentos, nos caminhos humanos.
Dessa forma, as lembranças vêm como leves intuições do passado distante. São,
às vezes, complemento dos sonhos, ou vêm mesmo nas conversas de amigos, desde
quando prestemos atenção no que ouvimos. Até mesmo os livros que tratam da
História podem nos servir de estímulos de recordações, porque os fatos
acontecidos e registrados têm algo a ver conosco.
Em quase todos
os casos, se recordássemos das vidas pretéritas, assomar-nos-ia a apatia, atrapalhando
o nosso presente. Faltaria em nossos caminhos de reparação o animo suficiente para
as lutas. Deus sabe o que deve ser feito.
As recordações
que os Espíritos inferiores têm do passado trazem nuvens cruvianas no presente,
de difícil reparação, e é sob esse ponto de vista que Deus nos abençoa,
filtrando as nossas necessidades espirituais de modo que elas cheguem à nossa
consciência de acordo com as nossas necessidades espirituais. Ele deixa as
recordações mais exatas para mundos mais elevados, de modo que haja mais
esforços, sem turvamento da mente, nos campos da limpeza cármica.
Jesus foi o
maior de todos os mestres, a nos ensinar as leis e nos prover de forças tais
que os caminhos nos mostram meios diversos de nos curarmos. Gravíssimo perigo
seria se lembrássemos das nossas existências anteriores, como lembramos do
ocorrido de ontem. A confusão assomaria o nosso eu, deixando-nos sem solução,
mas a Bondade Divina prevê todos os desastres sem reparo, e nos coloca em
lugares mais fáceis de nos conscientizarmos das nossas necessidades
espirituais.
Não devemos
esmorecer, pois a Terra logo irá passar a outro nível, na escala dos mundos, onde
as recordações do passado serão mais claras e os recursos mais eficientes, em todo
os rumos. Convém que todos os Espíritos encarnados e desencarnados trabalhem
dentro de si mesmos buscando a verdade, que ela sempre liberta os nossos
corações ainda presos nas sombras do passado.
Se estamos em
mundo inferior, já estivemos pior, e é nessa certeza que entra a esperança de que,
em breves tempos, passaremos a pertencer a um mundo melhor.
Livro: Filosofia
Espírita – Volume VIII
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
394. Nos mundos
mais elevados do que a Terra, onde os que os habitam não se vêem premidos pelas
necessidades físicas, pelas enfermidades que nos afligem, os homens compreendem
que são mais felizes do que nós?
Relativa é, em
geral, a felicidade. Sentimo-la, mediante comparação com um estado menos
ditoso. Visto que, em suma alguns desses mundos, se bem melhores do que o
nosso, ainda não atingiram o estado de perfeição, seus habitantes devem ter
motivos de desgostos, embora de gênero diverso dos nossos. Entre nós, o rico,
conquanto não sofra as angústias das necessidades materiais, como o pobre, nem
por isso se acha isento de tribulações, que lhe tornam amarga a vida. Pergunto
então: Na situação em que se encontram, os habitantes desses mundos não se
consideram tão infelizes quanto nós, na em que nos vemos, e não se lastimam da
sorte, olvidados de existências inferiores que lhes sirvam de termos de
comparação?
Cabem aqui duas
respostas distintas. Há mundos, entre os de que falas, cujos habitantes guardam
lembrança clara e exata de suas existências passadas. Esses, compreendes, pedem
e sabem apreciar a felicidade de que Deus lhes permite fruir. Outros há, porém,
cujos habitantes, achando-se, como dizes, em melhores condições do que vós na
Terra, não deixam de experimentar grandes desgostos, até desgraças. Esses não
apreciam a felicidade de que gozam, pela razão mesma de se não recordarem de um
estado mais infeliz. Entretanto, se não a apreciam como homens, apreciam-na
como Espíritos.
A.K.: No
esquecimento das existências anteriormente transcorridas, sobretudo quando
foram amarguradas, não há qualquer coisa de providencial e que revela a
sabedoria divina? Nos mundos superiores, quando o recordá-las já não constitui
pesadelo, é que as vidas desgraçadas se apresentam à memória. Nos mundos
inferiores, a lembrança de todas as que se tenham sofrido não agravaria as
infelicidades presentes? Concluamos, pois, daí que tudo o que Deus fez é
perfeito e que não nos toca criticar-Lhe as obras, nem Lhe ensinar como deveria
ter regulado o Universo.
Gravíssimos
inconvenientes teria o nos lembrarmos das nossas individualidades anteriores.
Em certos casos,
humilhar-nos-ia sobremaneira. Em outros nos exaltaria o orgulho, peando-nos em
conseqüência, o livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-nos Deus exatamente o
que nos é necessário e basta: a voz da consciência e os pendores instintivos.
Priva-nos do que nos prejudicaria. Acrescentemos que, se nos recordássemos dos
nossos precedentes atos pessoais, igualmente nos recordaríamos dos outros
homens, do que resultariam talvez os mais desastrosos efeitos para as relações
sociais. Nem sempre podendo honrar-nos do nosso passado, melhor é que sobre ele
um véu seja lançado. Isto concorda perfeitamente com a doutrina dos Espíritos
acerca dos mundos superiores à Terra.
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