O aprendizado é
uma coisa sagrada. Cada estágio que fazemos na carne representa um curso na
escala evolutiva. É justo que façamos a nossa parte, sem que só a natureza
lute. O nosso esforço deve computar com o esquema natural de Deus.
O próximo, em
relação a nós, é um instrutor diário. Mas nem sempre reconhecemos essa verdade.
Ao sermos analisados por ele, julgamo-lo inconveniente. Ao sermos censurados
por nossos companheiros, mesmo que eles tenham razão, ferindo-nos em nossos
melindres, revidando os açoites merecidos, por nos sentirmos maltratados no
orgulho enganoso.
O irmão de luta,
que caminha conosco, enxerga melhor os nossos defeitos, sente os prejuízos
causados por eles e nos aconselha de forma violenta. No entanto, essa é a melhor
maneira de nos interessarmos mais pela corrigenda. Ninguém evolui sem que o
próximo participe da nossa disciplina. Eis porque, depois de amar a Deus sobre
todas as coisas, fomos aconselhados a amar, em seguida, ao próximo, como a nós
mesmos, por ser ele a senda de luz com aparência de trevas.
O ambiente mais
favorável ao aprendiz é a humildade, que falta onde o orgulho domina e a
prepotência avassala. Quem cultiva a humildade e ama a serenidade de coração,
abre portas de ouro ao entendimento maior, e tem meios fáceis de assimilar as
ciências mais complicadas e a filosofia mais difícil. E receberá de Deus um
raciocínio lúcido, de modo a surpreender os doutos. Os justos não enganam os
outros nem condenam seus semelhantes, por já se encontrarem livres das
armadilhas da intolerância e serem amantes da justiça e do perdão.
As aulas são
sucessivas, por onde andamos. Se fugimos de algumas, por incapacidade de
assimilação, caímos em outras que nos convidam ao recomeço.
O determinismo
no aprendizado é caso definitivo. A liberdade que temos, se assim podemos
dizer, é a da obediência, é a do amor, é a da caridade. É a de entender a
maneira como o apóstolo dos gentios preconizava para seus companheiros:
"Dai graças a tudo, pois essa é a vontade de Deus para conosco". Cada
alma irmã, que convive conosco, é nossa mestra. É a disciplina atuante, é a
vigilância que não ficou esquecida.
Jesus foi o
próximo mais iluminado que se aproximou de nós, fazendo presentes todos os
raios de sol para nos aquecer. É comum, mesmo entre os espiritualistas, aceitar
que o ofendido revide a ofensa, que não seja fisica, no caso dos mais evoluídos.
Todavia, as forças mentais são acionadas em direção ao ofensor, com a revolta
ocasionada pela inflamação dos sentimentos. Dessa maneira, não fica constatado
o perdão. O aluno não analisou a lição, não aceitou a oportunidade de se livrar
da infração à lei. Esplende o sinal vermelho e ele avança, pela força da imprudência,
trombando com a ignorância, na travessia da estrada do aprendizado.
Aprender com o
próximo é disciplinar a si mesmo. É desejar ao semelhante o bem, em quaisquer
circunstância. Se é muito difícil, não será impossível, desde que se comece na
área das emoções; sentindo, no início, uma catástrofe interna, por não nos
vingarmos do maledicente, cuja ferocidade nos encarcera na jaula da carne, como um condenado sem defesa. Aconteça
o que acontecer, não devemos expressar a revolta que se passa por dentro das
forças em combustão, que intentamos disciplinar. Continuemos, até que um dia o
vulcão se acalme e fiquem somente vestígios do monstro que, antes, eram
erupções avassaladoras.
E a paz reinará
em toda a nossa vida, já que, por natureza humana educada, apreendemos, com o
próximo, a natureza divina, que reina em toda a criação de Deus.
Livro: Horizontes
da Mente.
Miramez / João Nunes Maia.
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