O progresso
tecnológico, favorecendo o conforto, implacavelmente nivela os homens em uma só
faixa, produzindo um tipo de igualdade desumanizadora que o consumismo estabelece
como logro social relevante.
Por efeito, uma
comunidade é tida como feliz em razão dos instrumentos eletrônicos de que
dispõe, dos automóveis, iates e até aviões que aguardam para serem utilizados.
Os modismos
assolam, gerando um comportamento mesmista, em que os indivíduos se imitam,
assumindo posturas idênticas, com enfraquecimento dos ideais, da ética, da família,
da criatura em si mesma.
Reagindo a tal
conduta, multiplicam-se aqueles que se apresentam originais, já não
surpreendendo pelo exotismo e desprezo a tudo e todos, denominados como
“reacionários por protestos”, de imediato aceitos, imitados e absorvidos, logo
passada a novidade.
Tais posturas
escondem os chamados complexos coletivos, que destroem a vida, instalando o
clima de indiferença, quando não de instabilidade nas pessoas.
Há modelos para
todos os nivelamentos de indivíduos com injustificável desprezo pela sua
identidade humana.
Sufocado pela
falta de humanidade, o homem busca refúgio nos partidos políticos, nos clubes
sociais e desportivos, nos aglomerados, temendo enfrentar-se.
Permanece na
multidão, sofrendo de insuportável soledade.
Vê inimigos em
toda parte e busca afastá-los, usando artifícios segregacionistas de vários
tipos, embora fantasiando-se de democrata e solidário.
***
Os inimigos mais
cruéis, todavia, permanecem no imo das próprias criaturas, que os vitalizam com
o orgulho, o egoísmo e o disfarce da acomodação social aparente.
Jesus soube
identificá-los, como jamais alguém logrou fazê-lo em tal profundidade.
Ouvia os Seus
interlocutores, que embora dissimulassem os motivos reais que os assinalavam,
não conseguiram passar despercebidos.
Diante da Sua
visão penetrante se desnudavam os hipócritas e enganadores.
A Sua posição
moral impunha-se-lhes, no entanto, e Ele os enfrentava com amor ou energia,
conforme a circunstância e a intenção de que se revestissem; sempre porém
generoso.
Levava cada um a
auscultar-se e adentrar-se, a fim de extirpar as matrizes do mal em
desenvolvimento.
Logo depois,
estimulava-os ao crescimento pessoal, desarticulando os mecanismos mentais e
sociais que conspiravam para a decadência geral, pela queda do nível cultural e
emocional que deve constituir a base da sociedade.
Em a negativa de
Pedro, três vezes repetida, a respeito do amigo, temos uma lição de grande
magnitude, porqüanto, tão logo ele veio a cair em si, chorou amargamente”. (*)
A explosão das
lágrimas foi-lhe a oportuna catarse liberativa do arrependimento que o poderia
neurotizar, levá-lo, como aconteceu a Judas, ao suicídio infame.
Reergueu-se da
queda, venceu o medo inimigo e a pusilanimidade adversária, dando, a partir dali, todo o
restante da vida ao serviço de reparação pelo bem.
Jesus, por Sua
vez, aceitou-lhe a oferenda de amor, utilizando-o no ministério.
O Mestre
conhecia-o. Por isso, anunciara-lhe a defecção porvindoura, as fragilidades,
apontando-lhe os inimigos internos que deveria combater.
***
Não temas
enfrentar as tuas sombras, esses inimigos que vigem em ti mesmo.
Fortalece o ânimo
e concentra-te em Jesus, a própria terapia atuante.
Deixa que a tua
emoção O alcance.
Não tenhas medo
destes adversários com os quais convives sem saber.
Identifica-os,
um a um, desembaraçando-te logo após da pressão que exercem sobre ti.
Recupera a tua
humanidade, sendo tu mesmo.
Convive com
todos no teu grupo social, mas preserva-te, sem seguir os modelos fabricados
pelo consumismo devorador e neurotizante.
Permanece aberto
à renovação, à diversidade, à tua identidade.
Desprovido de
prevenções e precauções perturbadoras, gozarás de otimismo, fator essencial a
uma vida sadia e a um inter-relacionamento social saudável.
(*)
Mateus:26,75.
Livro: Jesus e
Atualidade.
Joanna de
Ângelis / Divaldo Franco.
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