A oração é um
proêmio que antecede a todas as emoções espirituais, abrindo na mente uma
clareira psíquica, pela qual adentra a luz divina procedente de Deus. Há homens
insensíveis à prece por natureza, e não nos cabe julgá-los. Preceituam, quando
interrogados, que a oração em nada modifica suas vidas e que, para eles, a
súplica é o trabalho, é a honestidade, é a própria vida desfrutada dentro da
legalidade de conceitos estipulados pelo mundo.
Certamente que
essa constitui uma modalidade de oração, que poderemos denominar de
oração-trabalho, oração-conduta, oração-instrução, oração-virtude etc. No
entanto, a outra, que confabula com as forças superiores, é a oração divina, da
qual tratamos com o máximo respeito nesta mensagem. Por que orar?
Se Jesus Cristo,
o Mestre por excelência, orou na mais intensa vibração, como nós outros
haveremos de prescindir da prece, porta de esperança que nos identifica com o
além, veículo grandioso a enriquecer a crença da imortalidade da alma? A oração
é parceira da alegria, companheira da confiança, amiga da caridade e filha do
amor. É a ciência das ciências, filosofia das filosofias. E a religião não pode
existir sem sua participação ativa em variados moldes e graus dos seus
profitentes.
Os planetas,
como bailarinos celestiais, dançam e cantam um hino-prece, exaltando a Deus na
expressão do sol, núcleo misterioso que fornece vida para todos eles, em nome
do Criador, e luz nas suas diversificadas trajetórias no infinito. O átomo, com
a sua comitiva eletrônica, é a minicópia do astro rei e também reverencia ao
Supremo Arquiteto do Universo, dentro da orquestração mini-cósmica que lhe é
peculiar. De certa forma, tudo na criação se encontra em estado de oração. O
homem, perfeição das perfeiçôes criadas, em se falando da Terra, colocará um silêncio
no lugar santo da súplica? Isso não!. . . Ele compreende o grande valor da
comunicação mais direta com as forças brancas da verdade.
Orar é se
resguardar contra as investidas do mal, é se precaver dos possíveis desequilíbrios,
é fortalecer o coração frente às lutas de cada dia.
A prece, por
regra maior, é a força poderosa capaz de iluminar quaisquer trevas da alma, e
induzi-la para a fraternidade e o amor em todos os ângulos. E saber orar é uma
ciência ainda mais profunda. Eis porque alguns ignoram a eficácia dela. Sem que
a mente esteja preparada, sem que os pensamentos se ordenem e as ideias se
harmonizem, a concentração desaparece e, com ela, o poder da oração.
A tranquilidade
de consciência, a humildade, o amor sem barreiras, o perdão sem exigências e a
benevolência deverão ambientar o campo, no sentido de a prece circular no mundo
mental, aprumando-se em direção a Deus, transpondo todos os obstáculos,
devolvendo a verdadeira serenidade ao coração que se entregou à súplica.
Quem tem
inimizades e se encontra com a mente tisnada na vingança, isola todos os
ensaios que porventura fizer cerca da oração. Antes de orarmos é bom que, em primeiro
lugar, nos reconciliemos com quem ofendemos, ou perdoemos, se, por acaso,
tivermos sido caluniados. Sem essa limpeza do coração, as condições espirituais
travarão as possibilidades de entrarmos em contato com as forças superiores. E,
se conseguirmos abrir as portas para outras conquistas, a prece ficará cada vez
mais sublimada e, nessa viagem iniciática da vida, teremos a resposta mais acertada
do "por que a prece".
Livro: Horizonte
da Mente.
Miramez /João
Nunes Maia.
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