A iniciação
antiga assegurava aos seus associados que "querer é poder".
Observando as
linhas reguladoras das leis da vida, nota-se certa razão nessa convicção dos
homens de fé. Querer é ser, porque sem manifestarmos a vontade, nada
realizamos. Sem que essa vontade assuma por completo a mente, transformando-se
em pensamentos e em ações, nada haverá. Um espírito fraco nas suas decisões não
alcança condições para transformá-las em realidade. Uma alma indecisa
verificará muito mais dureza nas barreiras surgidas em sua frente, e um ser
pensante não resolverá seus mais fáceis problemas se cruzar os braços, sem
atacá-los.
Os refugos de
uma sociedade avançada sempre são criaturas marginalizadas, no que se refere às
leis, ou então, o foram em outras vidas, deixando refletir na presente etapa
aquilo que fizeram. A partir do momento em que o indivíduo dá início à vontade,
se dispõe a modificar antigos hábitos, arraigados vícios que a ignorância fê-lo
adquirir. Mas, logo que começa a nascer para outra dimensão da vida, prova que
a verdade o acoberta para a libertação.
Certamente que
querer é ser. Todavia, em se tratando da eternidade da alma, é lógico que para
querer ser, escalando as alturas que se deseja, é preciso tempo, e esse tempo
pode ser longo, acrisolando coisas e refundindo fatos, ampliando atitudes e
fazendo crescer qualidades. O candidato é como um piloto de avião nas suas
primeiras viagens na atmosfera da Terra. Luta horrivelmente com todo problema
de natureza íntima e externa, mas sente as mais lídimas sensações com que antes
nunca sonhara. Porém, em comparação aos velhos astronautas, está dando os
primeiros passos na escalada do progresso, pois o aspirante a experiências
internas deve alimentar na mente o poder da vontade, querendo constantemente
ser sempre mais do que é, sem que a vaidade.o orgulho e o egoísmo adentrem seu
coração e queiram participar das grandes aventuras que constituem a conquista
de si mesmo.
É preciso que,
em primeiro lugar, aprendamos a saber querer as coisas para podermos ser almas
de alta linhagem espiritual, no convívio com os nossos semelhantes, e daí
podermos ajudar com eficiência nossos irmãos, que se debatem nas entranhas da
própria sombra.
A iniciação
moderna é cópia viva da iniciação antiga, desde quando os paralelos dos tempos
nos mostram as diferentes escalas de uma para com a outra. No passado, éramos
fechados a mil chaves para confabulações secretas no tocante à lei, à vida, ao
fenómeno da morte, ao magnetismo, sua aplicação, às curas, à consciência e à
sub-consciência. Hoje, o templo foi individualizado e formou-se uma síntese
mais estupenda do universo: o coração. O estudante, por mais que queira sair
para fora, não consegue, pois seu aprendizado é interno, suas experiências são
individuais. Depois de tudo começado, do campo feito, do plantio formado, da
lavoura tratada, os frutos começando a surgir, é que o homem renovado começa a
fazer experiências além do seu âmbito, com os seus semelhantes.
Eis a diferença
de dois pontos marcantes na evolução dos homens. Foi o Cristo que deu o grito
de libertação de todas as escolas, fazendo do ser humano o verdadeiro templo,
onde Deus reflete a alma divina. Querer é ser; essa atitude aprimorou-se com
Jesus, evidenciada no Evangelho, transmutando a ganga de inferioridade dos
homens em ouro vivo da fé, da caridade e do amor.
Atendamos à
formação dos nossos pensamentos e ampliemos nossas idéias; que eles sirvam de
instrumentos dos céus para as criaturas sofredoras, de luzes para as sombras
envenenadas da ignorância, de paz para os aflitos, de pão para os famintos e de
roupas para os nus.
Não existe outra
forma de adquirirmos paz de consciência, a não ser nos roteiros do bem comum,
não tendo igualmente outro tesouro, a não ser a felicidade harmoniosa, que nos
deixa o tilintar dos pensamentos nobres e o cantar das idéias cristãs, que a
inteligência usa e o coração expande em profusão de cores, com notícias de que
foi conhecida a verdade.
Livro:
Horizontes da Mente.
Miramez / João
Nunes Maia.
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