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Não existe
violência em nenhum campo da vida. Quando o Espírito abandona o corpo que lhe
serviu de instrumento na área física, o mais acertado é dizer que esse
desligamento é gradativo, visto na vida, resplandecer a harmonia pura, ordem
essa que vibra em todo universo de Deus. No entanto, há casos que modificam
essa ordem, por não ser ela rígida ao ponto de fazer desaparecer a
misericórdia.
O Espírito
apegado às coisas materiais, o usuário, o sensual, enfim, o ignorante, fica junto
ao corpo o tempo que a natureza animal achar conveniente. O seu afastamento é
feito gradativamente, enquanto permanecer alimentando idéias de posse, de medo,
de orgulho e de egoísmo. “O Livro dos Espíritos” nos ensina que a alma pode
ficar apegada ao corpo, às vezes, por dias e meses, mas, na verdade, há casos
em que se verifica que a alma fica ligada aos seus restos mortais por anos a
fio, até mesmo envolvida nos próprios ossos, até que desperte em seu coração
alguma luz que faça reconhecer que já não pertence mais ao mundo dos homens,
tocada pelos sentimentos superiores oriundos do coração. Algumas, por vezes, sofrem
com a desintegração do próprio corpo.
Os laços não se
quebram: eles se desatam, tal como foram atados na concepção. Há entre a
formação do corpo e o perispírito, uma certa sintonia de modo a se fazer a
junção de um ao outro. Os laços são ligados no centro de forças de maneira
sutil harmoniosa, capaz de, por seu intermédio, dominar todo o complexo
fisiológico.
Podemos dizer
que o século vinte é o século do Espírito, fase essa que começou no século
dezenove, para que a humanidade pudesse entender melhor a vida divina dentro da
vida humana. Deves, se ainda não o fazes, passar a meditar na vida espiritual e
aprender a orar todos os dias, assim como te alimentas várias vezes, porque o
alimento da alma vem pelas vias da oração e da renovação dos sentimentos.
Há nuances em
todos os aspectos da vida. Não existe determinismo na ação das leis de Deus,
como no caso do Espírito superior que esteja animando um corpo. Ao despertar-se
deste, ele sai livremente, sem nenhum sofrimento. È mesmo se como estivesse
preso e as grades se abrissem. A morte para ele significa liberdade, e sente-se
feliz porque cumpriu seus deveres ante a vida. Mas, sempre ocorre isto
desatando laços. E é nesse caso que deves preparar o teu próprio desenlace
todos os dias, pela leitura espiritual, pelas orações, e, acima de tudo, pela
reforma dos costumes em todos os momentos da tua existência. Quem prepara o próprio
coração para essa hora inesperada, recebe o prêmio do bem-estar e a
tranqüilidade fornecida pela esperança.
A oração tem uma
força poderosa no momento da desencarnação; ela é capaz de atrair almas
iluminadas e, nesse ambiente, poder-se-á ajudar o desencarnante a se livrar do
velho fardo e, por vezes, ser levado para lugares de recuperação espiritual.
Não esperes, meu irmão, a morte chegar, para compreenderes o sentido da vida
espiritual; começa hoje mesmo a te educares, a educar o teus impulsos
inferiores, para que eles não sirvam de espinhos nos teus caminhos além do
tumulo.
Livro: Filosofia
da Alma.
Miramez / Joao
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Separação da
alma e do corpo
155. Como se
opera a separação da alma e do corpo?
Rotos os laços
que a retinham, ela se desprende.
155a) - A
separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de
demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?
Não; a alma se
desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua
subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte
que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se
desatam, não se quebram.
A.K.: Durante a
vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou
perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro
invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A
observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito
não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma
lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido,
podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em
outros, naqueles sobretudo cuja vida toda material e sensual, o desprendimento
é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que
não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de
volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda
sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à
matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se
haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao
passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um
começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em
chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos
em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas
observações ainda provam que a afinidade, persiste entre a alma e o corpo, em
certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode
experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e
peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com
alguns suicidas.
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