0262/LE
O Espírito na
sua origem é simples e ignorante, contudo, ele tem a devida assistência na sua jornada
inicial. Ele é guiado por benfeitores espirituais que o conduzem pelos fios do
instinto, com toda a segurança. Ele, nesse estado d'alma, ainda não sabe cuidar
da sua própria evolução. O seu despertamento vem pelas vias naturais, na
gradação que o progresso pode dar, onde não participa seu esforço próprio, por
não ter conhecimento da sua tarefa na Terra, a não ser pela intuição das leis
que dormem no fundo da sua consciência, forças essas que despertam com o
perpassar do tempo.
Ao raiar dos
primeiros sinais de individualidade, o Espírito passa a escolher o que mais lhe
convém, sem raciocinar no que poderá acontecer. As facilidades levam-no ao
orgulho e ao egoísmo, e a violência cresce pelo poder da razão. Assim, o instinto
que antes servir-lhe-ia de guia, se atrofia na sua origem.
É bom que não
acreditemos que foi culpa da própria alma, ao escolher os caminhos que se tornarão
em carma, em faltas que atraem reações compatíveis com o que foi feito. São processos
criados por Deus, para educar todos os Seus filhos. Eis porque todos passamos
por esses meios, e deles tiramos muito proveito no desenrolar do tempo, sob a
elasticidade do espaço.
Muitos espiritualistas
e espíritas custam a entender o que é livre-arbítrio. Basta pensar que Deus é
onisciente e que, quando fez o Espírito, sabia desses caminhos que ele, na sua
origem, deveria percorrer. Ele deixa a alma tomar esses roteiros por saber que
são os melhores para o seu engrandecimento espiritual.
Como discutir
com o Senhor? Ele não pede opinião aos homens, nem mesmo aos anjos para fazer
as Suas leis. Ainda existem muitos segredos nas origens da alma, que no amanhã
todos iremos saber. O conhecimento é gradativo. A criança se alimenta de leite
materno, e o adulto de alimentos mais grosseiros; assim são os Espíritos, assim
é a lei.
Todo
livre-arbítrio é inspirado nas leis universais. Daí, se pode deduzir que
somente Deus comanda tudo, desde a matéria primitiva na candura da sua origem,
até à Sua corte celestial. A liberdade que cresce com o crescimento espiritual
somente não sofre interferência quando tudo se encontra na harmonia, que
corresponde às nossas necessidades. O Espírito foi feito simples e ignorante,
mas, por dentro, carrega consigo, como tesouro divino, a vontade de Deus.
Podemos dizer
que tudo que ocorre com o Espírito são processos de despertamento espiritual, de
modo a levá-lo a conhecer a verdade. O Senhor Supremo nunca Se esquece de Seus
filhos em todas as circunstâncias, e ainda nos ensina a nos ocuparmos de nós
mesmos. O bem que fazemos a nós e aos outros verte de leis naturais e se afina
com a consciência, de modo a nela permanecer para a eternidade. O mal nos
incomoda; por isso deve sair de dentro de nós, cedendo lugar ao amor e à
caridade. O óleo não se mistura com água.
Jesus Cristo,
devemos dizer sempre com alegria, foi a misericórdia de Deus para a humanidade,
que veio nos ensinar a acelerar nosso crescimento e nos tornar livres, mais depressa,
das paixões inferiores e, com isso, saber tomar as decisões acertadas em todos
os caminhos que nos compete trilhar.
Livro: Filosofia
Espírita – Vol. VI
Miramez / João
Nunes Maia.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
Escolha das
provas
262. Como pode o
Espírito, que, em sua origem, é simples, ignorante e carecido de experiência,
escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável por essa
escolha?
Deus lhe supre a
inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis com a
criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se
desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe
acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos
bons Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem.
262a) Quando o
Espírito goza do livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá
sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta,
como expiação, pela vontade de Deus?
Deus sabe
esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um
Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto
a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá
para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de
expiação.
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