O velho André
era um escravo resignado e sofredor.
Certo dia, ele
soube que Jesus nos ensinara a santificar o nome de Deus e prometeu a si mesmo
jamais praticar o mal.
Se o feitor da
fazenda o perseguia, André perdoava e dizia de todo o coração: — Louvado seja
Deus.
Se algum
companheiro tentava-o a fugir das obrigações de cada dia, considerando as
injustiças que os cercavam, ele dizia contar com a Bondade Divina, indicava o
céu e repetia: — Louvado seja Deus.
Quando veio a
libertação dos cativos, o dono da fazenda chamou-o e disse-lhe que a pobreza e
a doença lhe batiam à porta e pediu-lhe que não o abandonasse. Todos os
companheiros se ausentaram, embriagados de alegria, mas André teve compaixão do
Senhor, agora humilhado, e permaneceu no serviço, imaginando que Deus estaria
satisfeito com o seu procedimento.
O proprietário
da terra, pouco a pouco, perdeu o que possuía, arruinado pela enfermidade, mas
o generoso servidor cuidou dele, até à morte, afirmando sempre: — Louvado seja
Deus.
André estava
cansado e envelhecido, quando o antigo patrão faleceu.
Quis
trabalhar, mas o corpo encarquilhado curvava-se para o chão, com muitas dores.
Esmolou,
então, com humildade e paciência e, de cada vez que recebia algum pão para
saciar a fome ou algum trapo para cobrir o corpo, exclamava alegremente: — Louvado
seja Deus.
Certa noite,
muito sozinho, com sede e febre, notou que alguém penetrava em sua choça de
palha. Quem seria?
Em poucos
instantes, um anjo erguia-se à frente dele.
Acanhado e
aflito, quis falar alguma coisa, mas não pôde. O anjo, porém, sorrindo,
abraçou-o e exclamou: - André, o nome de Nosso Pai Celestial foi exaltado por
seu coração e vim buscar você para que a sua voz possa louvá-lo agora no céu.
No dia
seguinte, o corpo do velho escravo apareceu morto na choupana, mas, sobre o
teto rústico as aves pousavam, cantando, e muita gente afirmou que os
passarinhos pareciam repetir: — Louvado seja Deus!
Livro: Pai Nosso
Meimei / Chico Xavier.
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