O Criador, que
estabelece o bem de todos como lei para todas as criaturas, não cria Espírito
algum para o exercício do mal.
A criatura,
porém, na Terra ou fora da Terra, segundo o princípio de responsabilidade, ao
transviar-se do bem, gera o mal por fecundação passageira de ignorância que ela
mesma, atendendo aos ditames da consciência, extirpará do próprio caminho, em tantas
existências de abençoada reparação, quantas se fizerem indispensáveis.
Deus concede
ao homem os agentes da nitroglicerina e da
areia e inspira-lhe a formação da dinamite, por substância explosiva
capaz de auxiliá-lo na construção de estradas e moradias, mas o artífice do
progresso, quase sempre, abusa do privilégio para arrasar ou ferir, adquirindo
dividas clamorosas em sementeiras de ódio e destruição; empresta-lhe a morfina
por alcalóide beneficente, a fim de
acalmar-lhe a dor, entretanto, enfermo amparado, em muitas ocasiões escarnece
do socorro divino, transformando-o em corrosivo entorpecente das próprias
forças, com que prejudica as funções de seu corpo espiritual em largas faixas
de tempo; galardoa-o com o ferro, por elemento químico flexível e tenaz, de
modo a ajudá-lo na indústria e na arte, todavia, o servo da experiência, em
muitas circunstâncias, converte-o no instrumento da morte, a desajustar-se em
compromissos escusos, que lhe reclamam agonia e suor, em séculos numerosos; dá-lhe
o ouro por metal nobre, suscetível de enriquecer-lhe o trabalho e
desenvolver-lhe a cultura, mas o mordomo da posse nele talha, freqüentemente, o
grilhão de sovinice e miséria em que se amesquinha a si mesmo; e confere-lhe a
onda radiofônica para os serviços da verdadeira fraternidade entre os povos,
mas o orientador do intercâmbio, por vezes, nela transmite notas maca-bras, em
que promove o aniquilamento de populações indefesas, agravando-se em débitos
aflitivos para o futuro.
É assim que o
Supremo Senhor nos cede os dons inefáveis da vida, como sejam as bênçãos do
corpo e da alma e os tesouros do amor e da inteligência.
Do uso feliz
ou infeliz de semelhantes talentos, resultam para nós vitória ou derrota,
felicidade ou infortúnio, saúde ou moléstia, harmonia ou desequilíbrio, avanço
ou retardamento nos caminhos da evolução.
Examina, pois,
a ti mesmo e encontrarás a extensão e a natureza de tua dívida, pela prova que
te procura ou pela tentação que padeces, porque o bem verte, puro, de Deus,
enquanto que o mal é obra que nos pertence – transitório fantasma de rebeldia e
ilusão que criamos, ante as leis do destino, por conta própria.
Livro: Religião dos Espíritos – 34
Emmanuel / Chico Xavier.
Estudando o Livro dos
Espíritos – Allan Kardec.
QUESTÃO 470
Influência oculta dos
Espíritos em nossos pensamentos e atos
470. Os
Espíritos, que ao mal procuram induzir-nos e que põem assim em prova a nossa
firmeza no bem, procedem desse modo cumprindo missão? E, se assim é, cabe-lhes
alguma responsabilidade?
Resposta: A
nenhum Espírito é dada a missão de praticar o mal. Aquele que o faz fá-lo por
conta própria, sujeitando-se, portanto, às conseqüências. Pode Deus
permitir-lhe que assim proceda, para vos experimentar; nunca, porém, lhe
determina tal procedimento. Compete-vos, pois repeli-lo.
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