Genericamente, o
homem tem sido considerado como a massa física e mental, ainda incompleta, que
demanda o túmulo e ali se consome.
As religiões
reportam-se à alma com um destino adrede fixado para o futuro, repousando na
ociosidade ou padecendo na punição intérmina.
O mundo é, para
os primeiros, um lugar de prazeres imediatos com a inevitável presença do
sofrimento, que faz parte da sua imperfeição; para os segundos, é “vale de lágrimas”
ou “lugar de degredo”.
De um lado, a
simplista informação do nada após a morte; do outro, a fatalidade preestabelecida,
violando os códigos do querer, do lutar, do vencer.
Uma e outra
corrente de pensamento conduz, inevitavelmente, aos tormentos.
Aqui, o gozo até
a lassidão dos sentidos, e ali, a amargura frustrante. a castração da alegria
em mecanismos de evasão da realidade.
Fundamentados
nessas propostas, surgem aqueles que vivem para fruir e os que se recusam à
satisfação.
*
Jesus foi o
protótipo da felicidade.
Amava a
Natureza, os homens, os labores simples com os quais teceu as Suas maravilhosas
parábolas.
Não condenava as
condições terrenas, não as exaltava.
Na posição de
Mestre ensinava como se devia utilizá-las, respeitando-as, com elas gerando
alegria entre todos, abençoando-as.
Como Médico das
almas propunha vivê-las sem pertencer-lhes, assinalando metas mais elevadas,
que deveriam ser conquistadas com esforço pessoal.
*
Os tormentos
humanos procedem da consciência de culpa de cada criatura.
Originário de
outras existências corporais, o Espírito herda as suas ações, que ressurgem em
forma de efeitos.
Quando aquelas
foram saudáveis, estes se lhe fazem benfazejos.
O inverso é,
igualmente, verdadeiro.
Dos profundos
arcanos da individualidade surgem as matrizes das aflições que se lhe
estabelecerão no ser como processos depuradores, facilitando a instalação das
enfermidades, dos tormentos, das insatisfações.
Da mesma forma,
criam-se-lhe as condições favoráveis para a existência, fácil ou árdua, no lar
caracterizado por problemas sócio econômlco-morais, ou enriquecido de amor e
recursos que lhe favorecem a jornada.
No ser profundo,
imortal, encontram-se as raízes dos fenômenos que agora lhe repontam sobre o
solo da organização carnal.
*
Os teus
tormentos atuais são tormentos que engendraste em vidas passadas.
Atormentaste com
impiedade e agora sofres sem conforto.
Afligiste sem
misericórdia e ora padeces sem afeição.
Inquietaste com
perversidade e hoje te perturbas sem consolo.
O teu íntimo é
um caldeirão fervente.
Os conflitos se
sucedem e sais de um para outro desespero.
Tens dificuldade
em exteriorizá-los, verbalizá-los, aliviando-te.
Fobias,
complexos, recalques dominam-te a paisagem mental e te sentes um fracassado.
Retempera o
ânimo, porém, e sai do refúgio dos teus tormentos para a luz clara da razão.
Ninguém está, na
Terra, fadado ao sofrimento, aos conflitos destruidores.
Todos retornam
ao mundo para aprender, recuperar-se, reconstruir.
Na ausência do
amor-ação, aparece-lhes a dor-renovação.
Assim, dispõe-te
à paz, à libertação dos tormentos e lograrás alcançá-las.
*
No inolvidável
encontro de Jesus com a mulher de vida libertina, que Lhe lavou os pés com
ungüento de lágrimas, enxugando-os com os seus cabelos, temos a psicoterapia
para todos os tormentos.
Disse Ele ao
anfitrião que o censurava mentalmente por aceitar a atitude da pobre
atormentada: “Ela muito amou, e, por isso, os seus pecados lhe serão
perdoados.”
Fitando-a com
ternura e afeição, recomendou-lhe: “Vai-te em paz, a tua fé te salvou.”
O amor que se
converte em reparação de erros é a eficiente medicação moral para todas as
chagas do corpo, da mente e da alma.
Ama e
tranqüiliza-te, deixando os teus tormentos no passado, e, ressuscitando dos
escombros. ressurge, feliz, para a reconstrução sadia da tua vida.
Livro: Jesus e
Atualidade.
Joanna de Ângelis
/ Divaldo Franco.
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