quarta-feira, 7 de agosto de 2013

PREGUIÇA

 682. Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma lei da Natureza?
Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria. (O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec).
Na sua primeira Epístola à Igreja de Corinto, no capítulo onze, versículo trinta, o Apóstolo Paulo informa: “... há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem”.
Em seu zelo incomparável para com o Espírito, o Missionário das Gentes se refere àqueles que não sabem portar-se ante a evocação da Ceia do Senhor... Todavia, em nos reportando aos que “dormem”, sugerimos alguns comentários oportunos, em considerando as lides em que nos encontramos empenhados, tendo em vista a nossa redenção espiritual.
O homem inteligente, que descobre através do Espiritismo os objetivos essenciais da reencarnação, facilmente se liberta das superficialidades, aprofundando o interesse pessoal nas questões transcendentais, em que se renova e felicita.
Aproveita ao máximo os tesouros tempo e oportunidade, valorizando o conhecimento pela sua bem dirigida aplicação.
Não se deixa engolfar pelas seduções que o amesquinham nem entesoura paixões que o degradam.
Aprimora os sentimentos e cultiva a mente, a si mesmo permitindo somente os valores ponderáveis e expressivos para a auto-realização.
Procura viver com respeito pela vida, exercitando equilíbrio e sensatez.
Sabe que uma jornada longa, na carne, é uma honra e como aproveitá-la sabiamente é tarefa que lhe compete.
Por análise e dedução compreende que a desencarnação cedo, raras exceções, é punição que se aplicam antigos suicidas, cujos fluidos degenerescentes gastam a harmonia das células, produzindo desajustes incontroláveis, que os perturbam além-túmulo, pelos choques psíquicos que advêm do renascer e logo desencarnar...
Em verdade, na Terra, dorme-se em demasia.
Dorme-se por necessidade de refazimento orgânico, dorme-se por não se “ter o que fazer”, dorme-se por dormir...
Uma expressiva maioria dos homens ditos civilizados, na caça de emoções brutalizantes, troca as noites pelos dias e, insensibilizados, dormem.
Outros dormem sob hipnose vigorosa de mentes que intercambiam com suas mentes, impossibilitando-lhes o estudo, a atenção, o trabalho...
Dormem no lar, dormem em reuniões de qualquer natureza, quando edificantes e úteis, dormem no transporte, dormem no trabalho... Hibernam-se pela compulsória obsessiva e, mesmo desencarnados permanecem em estado de sono com os centros da consciência lesados.
Enfermidades se desenvolvem facilmente quando a inércia mental lhes concede campo!
Males se agravam naqueles que, tardos, não oferecem resistência às aflições que os visitam.
Autocídios inconscientes se desenvolvem ignorados, nos que mantêm a casa mental vazia de objetivos superiores.
Amolentados, deixam-se arrastar pela preguiça, e esta trabalha a indumentária que mata, por constrição, o corpo de qualquer ideal em desenvolvimento e asfixia toda expressão de luta.
O título universitário conferido sem mérito é adorno ridículo.
O instrumento que reluz, sem utilidade, torna-se incômodo.
O espírito encarnado inoperante é prejuízo na economia social.
Desperta para a vida.
Exercita mente e membros na ação.
Luta contra os vapores entorpecentes que te vencem a lucidez mental.
Atua, diligente, onde estejas. Em todo lugar há oportunidades para quem gosta de trabalhar.
O problema que muito se destaca na atualidade é o da preguiça.
Empreguismo, facilidade, repouso, amolentamento moral, prazer são condimentos que temperam a preguiça a funcionar qual ferrugem destruidora nas engrenagens do espírito, corroendo o homem.
O cristão decidido, a exemplo do seu Mestre, é atuante, adversário natural e espontâneo desse corrosivo odiento, no entanto, muito requestado e bem aceito.
Quando sentires, sem motivos procedentes e reais, moleza e avassaladora necessidade de repouso demorado, desperta e produze.
Não durmas senão o necessário.
Vigia e ora.
Jesus no Horto, à hora do testemunho doloroso, mais de uma vez, encontrou-se a sós, apesar dos companheiros ao seu lado... dormindo.
E como a desencarnação advirá agora ou mais tarde, prefere partir cansado ou extenuado produzindo para o bem, a partir radiante de saúde e estuante de força nos braços amolentados da preguiça.
Livro: Espírito e Vida.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

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