Os que encarnam
numa família, sobretudo como parentes próximos são, as mais das vezes,
Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações que se expressam por uma
afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam
completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por
antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo
antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os
verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os
quais prendem os Espíritos, antes,
durante e depois de suas encarnações. (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Allan
Kardec, Cap. XIV, Item 8).
Somos
defrontados, em todos os departamentos da família humana, pelas ocorrências da
aversão inata. Pais e filhos, irmãos e parentes outros, não raro, se repelem,
desde os primeiros contactos. Claramente verificáveis os fenômenos da
hostilidade, entre adultos e crianças, trazidos pelo imperativo do berço à
intimidade do dia a dia. Pais existem nutrindo antipatia pelos próprios
rebentos, desde que esses rebentos lhes surgem no lar, e existem filhos que se
inimizam com os próprios pais, tão logo senhoreiam o campo mental,
nos labores da encarnação. Arraigado no labirinto de existências menos
felizes, decerto que o problema das reações negativas, culpas, remorsos,
inibições, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar, em
que o ódio acumulado em estâncias do pretérito se exterioriza, por meio
de manifestações catalogáveis na patologia da mente. Nessa base de raciocínio,
determinada criança terá sofrido essa ou aquela humilhação da parte dos
pais ou tutores e se desenvolveu abafando propósitos de desforço, com
o que intoxicou a si mesma, no curso do tempo, e certos pais haverão
sentido inesperada animosidade por esse ou aquele filho recémnato,
alimentando ciúme contra ele, embora sufocando tal sentimento, com benéficas
atitudes de convenção. Não muito raro, os cadastros policiais registram
infanticídios em que pais ou mães aniquilam o corpo daqueles mesmos
Espíritos aos quais favoreceram com a encarnação na Terra. Indubitavelmente, o
tratamento psicológico, visando à cura mental e à sublimação da
personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes; urge entender,
porém, que médicos e analistas humanitários conseguirão efetuar prodígios de compreensão
e de amor, liberando enfermos dessa espécie; no entanto, o estudo da reencarnação
é igualmente chamado a funcionar, nos alicerces da obra de salvamento.
Quantos milhares de existências terminam
anualmente, no mundo, pelos golpes da criminalidade? Claro está que as vítimas
não foram arrebatadas para céus ou infernos teológicos. Se compenetradas,
quanto às leis de amor e perdão que dissipam as algemas do ódio, promovemse a
trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo em auxílio aos
próprios algozes.
Na maioria das
circunstâncias, todavia, persistem no caminho daqueles que lhes
dilapidaram a vida profunda,transformandose em perseguidores magoados
ou vingativos, jungidos mentalmente aos antigos ofensores, e finalmente
reconduzidos, pelos princípios cármicos, ao renascimento junto deles, a
fim de sanarem, no clima da convivência, os complexos de crueldade que ainda se
lhes destilem do ser. Quando isso aconteça, o apostolado de reajuste
há de iniciarse nos pais, porquanto, despertos para a lógica e para o
entendimento, são convocados pela sabedoria da vida ao apaziguamento e à renovação.
Observemos, no entanto, que em semelhantes domínios da alma o apoio da fé
religiosa se erguerá em socorro e terapêutica. É indispensável amar e
desculpar, compreender e servir, tantas vezes quantas se façam necessárias, de
modo a que sofrimento e dissensão desapareçam e a fim de que, nas bases
da compreensão e da bondade de hoje, as crianças de hoje se levantem na
condição de Espíritos reajustados, perante as Leis do Universo,
garantindo aos adultos, nas trilhas das reencarnações porvindouras, a
redenção de seus próprios destinos.
Livro: Vida e
Sexo.
Emmanuel / Chico
Xavier.
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