“... Por que essa porta tão estreita, que é
dada ao menor número transpor, se a sorte da alma está lixada para sempre
depois da morte? É assim que, com a unicidade da existência, se está incessantemente
em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma
e a pluralidade dos mundos, o horizonte se amplia...” (O Evangelho Segundo o
Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 18, item 5.)
Também os
caminhos inadequados que tomamos ao longo da vida são parte essencial de nossa
educação. A cada tropeço é preciso aprender, levantar novamente e retornar à
marcha.
Tudo o que
sabemos hoje aprendemos com os acertos e erros do passado, e cada vez que
desistimos de alguma coisa por medo de errar estamos nos privando da
possibilidade de evoluir e viver.
A estrada por
onde transitamos hoje é nossa via de crescimento espiritual e nos levará a
entender melhor a vida, no contato com as múltiplas situações que contribuirão
com o nosso potencial de progresso.
Devemos, no
entanto, indagar de nós mesmos: “Será este realmente meu melhor caminho?” “Porventura é correta a senda por onde
transito?”
É justa a
observação e têm propósito nossas dúvidas; por isso, raciocinemos juntos:
Se Deus,
perfeição suprema, nos criou com a probabilidade do engano, modelando-nos de
tal forma que pudéssemos encontrar um dia a perfeição, é porque contava com
nossos encontros e desencontros na jornada existencial.
Se nos gerou
falíveis, não poderá exigir-nos comportamentos sempre irrepreensíveis, pois
conhece nossas potencialidades e limites.
Se criaturas
como nós aceitamos as falhas dos outros, por que o Criador em sua infinita
compreensão não nos aceitaria como somos?
Pessoas não
condenam seus bebês por eles não saber comer, falar e andar corretamente; por
que espíritos ainda imaturos pagariam por atos e pensamentos que ainda não
aprenderam a usar convenientemente, pela sua própria falta de madureza
espiritual?
O que pensar da
Bondade Divina, que permite que as almas escolham seu roteiro, de acordo com o
livre-arbítrio, e depois cobrasse aquilo que elas ainda não adquiriram?
A Divindade é “Puro
Amor” e sabe muito bem de nossos mananciais espirituais, mentais, psicológicos
e físicos, ou seja, de nossa idade evolutiva, pois habita em nosso interior e
sempre suaviza nossos caminhos.
Na justa
sucessão de espaço e tempo, condizente com o nosso grau de visão espiritual,
recebemos, por meio do fluxo divino, a onipresença, a onisciência e a onipotência
do Criador em forma de “senso de rumo certo”, para trilharmos as rotas
necessárias à ampliação de nossos sentimentos e conhecimentos. Diz a máxima:
“Não se colhem
figos dos espinheiros” (Jesus / Lucas, 6:44); ora, como impor metas sem levar em
conta a capacidade de escolha e de discernimento dos indivíduos?
Efetivamente,
nosso caminho é o melhor que podíamos escolher, porque em verdade optamos por
ele, na época, segundo nosso nível de compreensão e de adiantamento. Se, porém,
achamos hoje que ele não é o mais adequado, não nos culpemos; simplesmente
mudemos de direção, selecionando novas veredas.
A trilha que
denominamos “errada” é aquela que nos possibilitou aprendizagem e o sentido do
nosso “melhor”, pois sem o erro provavelmente não aprenderíamos com segurança a
lição. Nós mesmos é que nos provamos; a cada passo experimentamos situações e
pessoas, e delas retiramos vantagens e ampliamos nosso modo de ver e sentir, a
fim de crescermos naturalmente, desenvolvendo nossa consciência.
Ninguém nos
condena, nós é que cremos no castigo e por isso nos auto-punimos, provocando
padecimento com nossos gestos mentais.
Aceitemos sem
condenação todas as sendas que percorremos. Todas são válidas se lhes
aproveitarmos os elementos educativos, porque, assim somadas, nos darão
sabedoria para outras caminhadas mais felizes.
Mesmo aquelas
trilhas que anotamos como caminhos do mal, não são excursões negativas de
perdição perante a vida, mas somente equivocadas opções do nosso
livre-arbítrio, que não deixam de ser reeducativas e compensatórias a longo
prazo.
Cada um percorre
a estrada certa no momento exato, de conformidade com seu estado de evolução.
Tudo está certo, porque todos estamos nas mãos de Deus.
Livro: Renovando
Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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