quinta-feira, 5 de setembro de 2013

COM DIGNIDADE

“O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Lenir corações aflitos, consolar, acalmar desesperos, operar reformas morais, essa a sua missão. É nisso também que encontrará satisfação real.” (O LIVRO DOS MÉDIUNS 1ª parte, Capítulo 3º — Item 30.)
 Queixosos expelem, intermináveis, o amargor das aflições, cultivando-as, no entanto, prazerosamente. Conhecem os meios de libertação do sofrimento e se afervoram à insânia.
Pessimistas espalham fartamente a indigência moral a que se apegam, embora saibam que a esperança agasalhada no imo lhes concederia tranqüilidade.
Enfermos insistem na descrição dos males a que se vinculam, apesar de identificarem nominalmente os antídotos para as mazelas que descrevem.
Viciados lamentam a própria “sina”, enquanto se firmam nos propósitos da auto-piedade sem o menor esforço pela recuperação deles mesmos.
Sabem dos métodos curadores mas prosseguem inveterados.
Inquietos comentam a instabilidade emocional de que são vítimas, solicitando excusas, todavia perseveram na sementeira da irresponsabilidade como se ignorassem os males que praticam.
Mendigos da piedade exibem chagas imaginárias e enredam-se em problemas que estão longe de possuir. Entretanto, podendo seguir a rota da ação enobrecedora, insistem no círculo estreito da infelicidade que engendram.
Outros mais, acalentando viciações mentais diversas formam a caravana dos cômodos da realização superior, aguardando comiseração e socorro que, no entanto, se negam a aceitar.
Solicitam auxílio dos outros e possuem em si mesmos os recursos necessários para o equilíbrio.
Desejam cooperação sem a idéia de oferecer pelo menos receptividade.
Pedem e não doam sequer a quota mínima de esperança.
São os que aprenderam felicidade pelas vias tormentosas da fraude.
Preferem o parasitismo.
Agradam-se em viver assim, vítimas hipotéticas da vida e da Lei Divina, herdeiros, porém, da preguiça que elegem como nubente ideal.
Estão sempre contra, do outro lado, revoltados, quando a migalha da compaixão real de alguém ou da falsa piedade geral não lhes chega à arca da insatisfação.
Acautela-te!
Junto a ele ajuda em silêncio, sem perda de tempo.
Convivendo ao lado deles, ora em silêncio para não te identificares com a sua vibração.
Fazendo o exame de consciência habitual, corrige as disposições mentais quando amolentadas para te não incorporares à malta deles.
Confunde-se amor, a todo instante, com sentimentalismo injustificável e pretende-se que o Evangelho, apresentando o amor como o excelente filão da vida, seja um valhacouto de caracteres irresponsáveis e espíritos fáceis.
Se assim fosse, seria o mesmo que transformar a ordem do Universo, em nome do amor ao capricho dos tíbios e dos parvos.
Em passagem alguma da Boa Nova, encontramos o Rabi na usança da falsa piedade ou na acomodação com a indolência.
Construtor do Orbe, não pode ser considerado um incipiente.
Administrador da Terra, não poderia ser confundido com um acolhedor de néscios.
Foi, por excelência, a ação dinâmica.
De atitudes firmes e caráter diamantino em hora alguma se manifestou como um fraco ou fez a apologia da covardia.
Se proferiu a morte, fê-lo pelo heroísmo de não chafurdar as coisas elevadas do espírito indômito com as dissipações do corpo frágil.
Se se deixou conduzir a um julgamento arbitrário, fê-lo para não postergar os direitos de exemplificar o valor da verdade, passando-os a mãos acumpliciadas com a criminalidade.
Se permitiu docilmente a traição de um amigo, teve em mente lecionar vigilância, oração e dignidade, prescrevendo, em silêncio, que sublimação é tarefa pessoal, intransferível.
Se conviveu com a gente dita de “má vida” ensinou, através disso, que as aparências físicas não refletem as realidades básicas da existência.
 E em todo instante foi forte: na multidão, em soledade; no aparente triunfo, no abandono aparente; pregando a esperança, sorvendo o vinagre e o fel; no instante supremo, na ressurreição insuperável.
 A mensagem que nos legou, ofertou-no-la vibrante, estóica.
 O Evangelho é repositório de força, vitalidade, vida. Vazado em termos de meiguice mudou a rota dos tempos.
 Desvelado, agora, pelos Espíritos Imortais, modificará a face do Orbe.  “Reconhece-se o verdadeiro espírita — disse Allan Kardec — pela sua transformação moral, pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.
 Imanado ao espírito do Espiritismo que te liberta da ignorância e das sombras, elevando o padrão moral da tua vida, preserva-o dos que o utilizam com chocarrice e deles se servem como arrimo para esconderem as misérias espirituais em que se comprazem.
 De referência ao amor, não dês lugar à zombaria e não zombes, não agasalhes supertições nem permitas paralelísmos deprimentes, não te concedas leviandades nem perfilhes dissipações alheias, subestimando esse Consolador que enxuga suores e lágrimas mas que, acima de tudo prescreve dignidade na luta, inspirada no Herói da Ação Incessante, como normativa segura para a construção de um Mundo Melhor e de uma humanidade ditosa.
Livro: Espírito e Vida.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

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