Amar não
significa esperar que alguém nos satisfaça todos os anseios necessidades que
cabe só a nós satisfazer.
Das formas
míticas poderemos retirar a sabedoria dos séculos, porquanto tais histórias promovem
encontros com as figuras arquetípicas de nossa alma e com o caminho do desenvolvimento
do amor. Da Antiga Grécia nasceu a idéia das metades eternas, que percorreu a
vastidão dos tempos.
A mitologia
greco-romana nos transmite, por meio de autores da Antiguidade, a seguinte
história: "Em uma diferente civilização, os seres possuíam duas cabeças, quatro
braços e pernas e dois corpos distintos — masculino e feminino - mas com apenas
uma alma... Viviam em pleno amor e harmonia, e justamente esse equilíbrio provocou
a inveja e a ira de alguns deuses do Olimpo. Enfurecidos, enviaram àquela civilização
uma tormenta repleta de trovões e relâmpagos, que dividiram os corpos, separando
a parte feminina da masculina e repartindo a alma ao meio... Diz a lenda que
até hoje os seres lutam na busca de sua outra metade, a sua alma gêmea."
Durante séculos,
essa crença foi cultivada, e grande parte da humanidade ainda procura
ansiosamente encontrar sua "alma afim". No entanto, com a Nova
Revelação, vêm os Espíritos superiores esclarecer-nos a respeito do conceito
das metades eternas, ensinando-nos que essa expressão é inexata e que não
existe união particular e fatal entre duas almas.
Explicam-nos os
Benfeitores que não há alianças predestinadas, e sim que, quanto mais
iluminadas as almas, mais unidas serão pelos laços do amor real. Em vista
disso, podemos entender perfeitamente o significado das palavras de Jesus
Cristo: "Haverá um só rebanho, um só pastor" '.Um dia todos estaremos
juntos, reunidos e plenificados uns com os outros em "um só rebanho".
(Jesus / João, 10:16)
O Espiritismo
vai mais além quando nos explica que a nossa mentalidade sobre as almas gêmeas
é exclusivamente alicerçada sobre uma visão romântica de união afetiva; na
realidade, antes de sermos homens ou mulheres, somos Espíritos imortais vivendo
temporariamente na Terra. Muitos possuem uma compreensão difusa e narcisista
sobre o amor, o que faz com que interpretem sua afetividade somente abaixo da
cintura, isto é, não conseguem desenvolver seus sentimentos, abandonando-os a um
permanente estado embrionário.
"(...) não
existe união particular e fatal entre duas almas. A união existe entre todos os
Espíritos, mas em graus diferentes segundo a categoria que ocupam, quer dizer,
segundo a perfeição que adquiriram: quanto mais perfeitos, mais unidos
(...)" - (Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão 298).
Estamos
vivenciando inúmeras experiências terrenas com as mais diversas criaturas; conhecendo
e, ao mesmo tempo, estreitando elos afetivos com outras tantas através de
várias encarnações. Então, por que alimentarmos a idéia da busca ilusória de
uma pessoa predeterminada, com a qual fatalmente viveríamos felizes pela
eternidade juntamente com os outros tantos milhares de pares eternos que já se
teriam encontrado anteriormente? Tudo isso mais se assemelha a um egotismo do
amor contrário à fraternidade cristã, que nos ensina que um dia todos se amarão
de forma incondicional.
Os aspectos do
amor não podem ser vistos como se nosso o"eu" seja o único
referencial e que qualquer coisa que não se enquadre em nosso modo de ser seja
rotulada de desamor ou de "não ser nossa metade eterna".
Enquanto
estivermos pensando dessa maneira, não amaremos verdadeiramente; estaremos,
sim, criando uma "idealização amorosa", na ânsia de que os outros
jamais ousem discordar de nosso ponto de vista.
Em outras palavras, se alguém divergir
da nossa opinião, teremos a certeza de que não é nossa "alma gêmea"
e, por conseqüência, nunca poderá nos proporcionar o amor real, o que será um
grande equívoco.
Amar não
significa esperar que alguém nos satisfaça todos os anseios e necessidades que
cabe só a nós satisfazer.
Livro: Os
Prazeres da Alma.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando o
Livro dos Espíritos - Allan Kardec.
298. As almas
que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada
um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia
reunirá?
Não; não há
união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os
Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é,
segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais
unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a
completa felicidade.
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