“... Quando alguém não quiser vos receber, nem
escutar vossas palavras, sacudi, em saindo dessa casa ou dessa cidade, o pó de
vossos pés...” “... Assim diz hoje o Espiritismo aos seus adeptos: não
violenteis nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar sua crença para
adotar a vossa...” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan kardec, Capítulo
21, itens 10 e 11.)
Não nos
influenciemos pelos feitos alheios. Nossas atitudes devem realmente nascer de
nossas inspirações mais íntimas, e não constituir uma forma de “reagir” contra
as atitudes dos outros.
Não permitamos
que emoções outras determinem nosso modo peculiar de pensar e agir; caminhemos
sobre nossas próprias pernas, determinando como agir.
“Quando alguém
não quiser vos receber, sacudi o pó de vossos pés”. A recomendação de Jesus
poderá ser assim interpretada: não devemos impor aos outros o constrangimento
de convencê-los à nossa realidade, como se nossa maneira de traduzir as leis
divinas fosse a melhor; nem achar que a Verdade é propriedade única, e que
somente coubesse a nós a posse exclusiva desse patrimônio.
Em muitas
ocasiões, a título de aconselhar melhores opções e diretrizes, no sentido de
esclarecer e priorizar a seleção de atitudes dos outros, que, na verdade caberia
a eles próprios desempenhar, nós extrapolamos nossas reais funções e limites,
transformando o que poderia ser esclarecimento e orientação em abuso e ocupação
indevida dos valores e domínios dos indivíduos.
Sentimos
necessidade de “corrigir” opiniões, “indicar” caminhos, “induzir” experiências,
privando as pessoas de exercer opções e de vivenciar suas próprias experiências.
Deixando-as cair e se levantar, amar e sofrer, estamos, ao contrário, permitindo
que elas mesmas possam angariar seus próprios conhecimentos e, dessa forma,
estruturar sua maturação e crescimento pessoal.
“Deixar casas e
cidades que não nos ouvem as palavras” é demonstrar que não temos a pretensão
de únicos possuidores da revelação divina e que, não fosse nossa intermediação,
as criaturas estariam desprovidas de outros canais de instrução e conhecimento
divino.
“Reter o pó em
vossos pés” é não ter a visão da imensidade e diversidade das possibilidades
universais, que apóiam sempre as criaturas de conformidade com sua idade astral
e sempre no momento propício para seu crescimento íntimo.
A Vida Maior tem
inúmeras vias de inspiração e revelação, a fim de conduzir os indivíduos a seu
desenvolvimento espiritual; portanto, não devemos nos arvorar em indispensáveis
dignitários divinos.
Lancemos as
sementes sem a pretensão de aplausos e reconhecimentos, mesmo porque talvez não
haja florescimento imediato, mas na terra fértil dos sentimentos humanos haverá
um dia em que o campo produzirá a seu tempo.
Ao aceitarmos as
pessoas como indivíduos de personalidade própria, respeitando suas opiniões,
idéias e conceitos, até mesmos seus preconceitos, estaremos dando a elas um
fundamental apoio para que escutem o que temos para dizer ou esclarecer,
deixando depois que elas mesmas, conforme lhes convier, mudem ou não suas
diretrizes vivenciais.
Talvez o servo
imprudente, arraigado no orgulho, esperasse louros dourados de consideração e
entendimento de todos os que o escutassem, e que fosse amplamente compreendido
em suas intenções, mas por enquanto, na Terra, o plantio é ainda difícil e as
colheitas não são generosas.
Há muitas
criaturas intransigentes e rigorosas que não entendem, impõem; não ensinam,
pregam; não amam, manipulam; não respeitam, criticam; e por não usarem de
sinceridade é que fazem o gênero de “suposta santidade”.
Portanto, se não
formos bem acolhidos nos labores que desempenhamos na Seara de Jesus,
silenciemos sem qualquer “reação” aos contratempos e aguardemos as providências
das “Mãos Divinas”.
Nesse afã,
prossigamos convictos de nosso ideal de amor, palmilhando, entre as realizações
porvindouras rumo ao final feliz, nosso próprio caminho, cujo mapa está
impresso em nosso coração.
Livro: Renovando
Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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