A mente apegada
a fatos, acontecimentos e pessoas é incapaz de perceber a sua essência. Aquele
que está agarrado ao "ego" está vazio do "sagrado"; aquele
que se liberta do "ego" descobre que sempre esteve repleto do
"sagrado".
"Então
disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la,
mas o que perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que aproveitará
ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a sua vida?" (Jesus / Mateus, 16:24 a 26).
Quando alguém
passa silenciosamente por um desfiladeiro, percebe o sussurrar de sons
distintos que repercutem através dos ventos nas pedras e árvores - são manifestações
dos "ecos da Natureza" daquele lugar. A criatura que interioriza e aquieta
a mente, silenciando sua intimidade, faz com que seu reino interior
assemelhe-se a um "sereno desfiladeiro", de onde surgem as mensagens
inarticuladas da alma - são manifestações dos "ecos transcendentais"
do Universo.
Nesse
"estado interior", onde impera a quietude e a tranqüilidade, o
indivíduo tem um encontro consigo mesmo, com sua mais pura essência - o
Espírito. Na presença da inquietação e dos inúmeros anseios, a mente apegada
bloqueia a fonte sapiencial e polui a via de acesso pela qual se ausculta a
Fonte da Excelsa Sabedoria.
As pessoas do
mundo estão distraídas entre os eventos do passado e os do presente, plenas de
desejos pessoais que turvam e contagiam sua visão cósmica; isso as impede de
expandir e expressar, de forma espontânea e natural, sua religiosidade nata.
Uma vez
"perdido" o Espírito, as pessoas, embora vivas, estão como mortas.
"De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar
a sua vida?"
"Pois
aquele que quiser salvar a sua vida (apegar-se ao ego), vai perdê-la (perder de
vista o Si-mesmo), mas o que perder a sua vida (desapegar-se do ego) por causa
de mim, vai encontrá-la (integrar-se ao Si-mesmo)".
Devemos quebrar
todos os grilhões e expulsar as mil vozes que enxameiam nossa casa mental.
Assim, ficaremos limpos e desnudos, livres e despojados, libertos de tudo. Então,
haverá naturalmente, nesse "desfiladeiro interno", o reverberar de
algo essencial, antes oculto mas agora presente, em que se percebem com clara
nitidez seus recursos infinitos e sua capacidade de despertar potenciais
inatos.
Recolhemos da
antiga sabedoria oriental este trecho que bem ilustra a nossa idéia sobre
desapego e serenidade interior: "Quando o vento chega e oscila o bambu, o bambu
não guarda o som depois que o vento passou. Quando os gansos atravessam o lago,
o lago não conserva seus reflexos depois que eles se foram. Da mesma maneira, a
mente das pessoas iluminadas está presente quando ocorrem os acontecimentos e
se esvazia quando os acontecimentos terminam".
"(...) a
doutrina da reencarnação (...) aumenta os deveres da fraternidade, visto que,
entre os vizinhos ou entre os servidores, pode se encontrar um Espírito que
esteve ligado a vós pelos laços consanguíneos." (O Livro dos Espíritos - Allan Kardec, questão 205).
Quando temos
algo querido ou pensamos ter a posse de alguém que muito amamos, sofremos ao
nos separarmos dele.O ciúme é o resultado do apego (medo de perder). É preciso
o perceber a diferença entre o "amor real" e a "relação
simbiótica", ou mesmo o "apego familiar". A realização
espiritual não está em nos apegarmos egoisticamente aos entes queridos, e sim
nos interagirmos fraternalmente uns com os outros.
"Se alguém
quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me." "Negar-se
a si mesmo" é ultrapassar a transitoriedade do mundo visível e penetrar na
essência oculta das criações e criaturas. É desapegar-se verdadeiramente e
viverna integridade da vida; não querer perpetuar o "ego".
"Tomar a
sua cruz" é reconhecer que este momento vai se o desvanecer e não se
perpetuará. É perceber os difíceis dilemas mentais pelos quais passamos, o que
nos permitirá transitar íntegros na via de mão dupla por onde se move, de um
lado, a busca imediatista do "ego" e, do outro, a inspiração da
infinita Sabedoria Divina.
O desapego nos
leva a desenvolver um amplo senso de liberdade e de confiança em nós mesmos.
Nosso calabouço reside em nossos mais íntimos atos e atitudes. Prendemo-nos nos
grilhões de nossa própria criação mental, e fazemos o mesmo com aqueles que
amamos.
A mente apegada
a fatos, acontecimentos e pessoas é incapaz de perceber a sua essência. Aquele
que está agarrado ao ego' está vazio do "sagrado"; aquele que se liberta
do "ego" descobre que sempre esteve repleto do "sagrado". A
mente serena, tranqüila e desapegada é a "porta estreita".
O indivíduo
desapegado participa com a família e com toda a comunidade de um relacionamento
saudável e espontaneo. Não vive atado aos vínculos doentios da "ansiedade
de separação", pois crê plenamente que a lei das vidas sucessivas não destrói
os laços da afetividade, antes os estende a um número cada vez maior de pessoas
e também por toda a humanidade.
Livro: Os Prazeres da Alma.
Espírito: Hammed.
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto.
Livro: Os Prazeres da Alma.
Espírito: Hammed.
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
205. A algumas
pessoas a doutrina da reencarnação se afigura destruidora dos laços de família,
com o fazê-los anteriores à existência atual?
Ela os distende;
não os destrói. Fundando-se o parentesco em afeições anteriores, menos
precários são os laços existentes entre os membros de uma mesma família. Essa
doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto, no vosso vizinho, ou no
vosso servo, pode achar-se um Espírito a quem tenhais estado presos pelos laços
da consangüinidade.
205a) Ela, no entanto, diminui a importância que
alguns dão à genealogia, visto que qualquer pode ter tido por pai um Espírito
que haja pertencido a outra raça, ou que haja vivido em condição muito diversa?
É exato; mas
essa importância assenta no orgulho. Os títulos, a categoria social, a riqueza,
eis o que esses tais veneram nos seus antepassados. Um, que coraria de contar,
como ascendente, honrado sapateiro, orgulhar-se-ia de descender de um
gentil-homem devasso. Digam, porém, o que disserem, ou façam o que fizerem, não
obstarão a que as coisas sejam como são, que não foi consultando-lhes a vaidade
que Deus formulou as leis da Natureza.
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