“... Tal é aquele que tendo feito mal sua
tarefa, pede para recomeçá-la afim de não perder o benefício do seu
trabalho...” “... Rendamos graças a Deus que, na sua bondade, concede ao homem
a faculdade da reparação e não o condena irrevogavelmente pela primeira falta.”
- (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 5, item 8.)
Culpa quer dizer
paralisação das nossas oportunidades de crescimento no presente em conseqüência
da nossa fixação doentia em comportamentos do passado.
Quem se sente
culpado se julga em “peccatum”, palavra latina que quer dizer “pecado ou culpa”.
Logo, todos nós vestimos a densa capa da culpa desde a mais tenra infância.
Certas religiões
utilizam-se freqüentemente da culpa como meio de explorar a submissão de seus
fiéis. Usam o nome de Deus e suas leis como provedores do mecanismo de punição
e repressão, afirmando que garantem a salvação para todos aqueles que forem “tementes
a Deus”.
Esquecem-se, no
entanto, de que o Criador da Vida é infinita Bondade e Compreensão e que sempre
vê com os ―olhos do amor‖, nunca punindo suas criaturas; na realidade, são elas
mesmas que se autopenalizam por não se renovarem nas oportunidades do
livre-arbítrio e por ficarem, no presente, agarradas aos erros do passado.
Nossa atual
cultura ainda é a mais grave geradora de culpa na formação educacional dos
relacionamentos, seja no social, seja no familiar. No recinto do lar
encontramos muitos pais induzindo os filhos à culpa: “Você ainda me mata do coração!”,
tática muito comum para manter sob controle uma pessoa rebelde; ou dos filhos
que aprenderam a tramóia da culpa, para obter aquilo que desejam: “Os pais de
minhas amigas deixam elas fazer isso”.
Culpar não é um
método educativo, nem tampouco gerador de crescimento, mas um meio de induzir
as pessoas a não se responsabilizar por seus atos e atitudes.
Em muitas
oportunidades encontramos indivíduos que teimam em culpar os outros,
acreditando ser muito cômodo representar o papel de injustiçados e perseguidos.
Colocam seus erros sobre os ombros das pessoas, da sociedade, da religião, dos
obsessores, do mundo enfim.No entanto, só eles poderão decidir se reconhecem ou
não suas próprias falhas, porque apenas dessa forma se libertarão da prisão
mental a que eles mesmos se confinaram.
Dar importância
às culpas é focalizar fatos passados com certa regularidade, sempre nos fazendo
lembrar de alguma coisa que sentimos, ou deixamos de sentir, falamos ou
deixamos de falar, permitimos ou deixamos de permitir, desperdiçando momentos
valiosos do agora, quando poderíamos operar as verdadeiras bases para nosso
desenvolvimento intelecto-moral.
“Ninguém que
lança mão ao arado e olha para trás é apto para o reino de Deus”. (Jesus /
Lucas, 9:62).
Olhando para
trás, a alma não caminha resoluta e, conseqüentemente, não se liberta dos
grilhões do passado.
Todos nós fomos
criados com possibilidades de acertar e errar; por isso, temos necessidade de
exercitar para aprender as coisas, de colocar as aptidões em treino, de
repetí-las várias vezes entre ensaios e erros.
A culpa se
estrutura nos alicerces do perfeccionismo. Alimentamos a idéia de que não
seremos suficientemente bons se não fizermos tudo com perfeição. Esquecemo-nos,
porém, de que todo o nosso comportamento é decorrente de nossa idade evolutiva
e de que somos tão bons quanto nos permite nosso grau de evolução.
A todo momento,
fazemos o melhor que podemos fazer, por estarmos agindo e reagindo de acordo
com nosso ‘senso de realidade’. O ‘arrependimento’ resulta do quanto sabíamos
fazer melhor e não o fizemos, enquanto que a culpa é, invariavelmente, a
exigência de que deveríamos ter feito algo, porém não o fizemos por ignorância
ou impotência.
A Divina
Providência sempre “concede ao homem a faculdade da reparação e não o condena
irrevogavelmente”. Não há, razão, portanto, para culpar-se sistematicamente,
pois ele será cobrado pelo “muito” ou pelo “pouco” que lhe foi dado, ou mesmo, “muito
se pedirá àquele que muito recebeu”. (Jesus / Lucas, 12:48).
Assevera Paulo
de Tarso: “a mim, que fui antes blasfemo, perseguidor e injuriador, mas
alcancei misericórdia de Deus, porque o fiz por ignorância, e por ser incrédulo”.
(Paulo / I Timóteo, 1:13). Tem-se, dessa forma, um ensinamento claro: a culpa é
sempre proporcional ao grau de lucidez que se possui, isto é, nossa ignorância
sempre nos protege.
Não guardemos
culpa. Optemos pelo melhor, modificando nossa conduta. Reconheçamos o erro e
não olhemos para trás, e sim, para frente, dando continuidade à nossa tarefa na
Terra.
Livro: Renovando
Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
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