Ter sabedoria
consiste em possuir uma "leitura de mundo" voltada para o senso íntimo
capacidade de receber informações sobre as mudanças no meio (externo ou interno)
e de a elas interagir, exprimindo atos e atitudes únicos e originais.
O sábio, por ter
plena consciência da impossibilidade de possuir o conhecimento absoluto,
reconhece com humildade as muitas coisas que ignora, não incorrendo na presunção
de tudo saber ou conhecer. Aliás, o orgulho inibe a compreensão de tudo aquilo
que se alcança com humildade.
A pessoa sábia
não se opõe à ação da Natureza, mas entra em sintonia e atua juntamente com
ela. "Todas as leis da Natureza são leis divinas, porque Deus é o Autor de
todas as coisas." (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão 617).
Quando
desprezamos nossa fonte de sabedoria interior (propriedade inata de todos nós),
rejeitamos parte importante de nossa realidade interna, porquanto as leis de Deus
estão escritas na consciência. (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão
621). A expressão consciência, aqui utilizada pelos Guias da Humanidade, tem a
mesma significação de Espírito, pois, se as leis divinas estivessem
simplesmente na área consciencial do ego - sensações, percepções, emoções e
motivações -, não teríamos maiores dificuldades de compreendê-las ou
aplicá-las. Ao ignorarmos o potencial em nossa intimidade, nosso campo de visão
existencial fica obscuro e distorcido e não conseguimos nos firmar perante a
existência.
O sábio tem
plena certeza de que é soberano e escravo do próprio destino; senhor supremo de
seus atos e prisioneiro de seus efeitos compulsórios.
Os grandes
educadores da humanidade são considerados homens de sabedoria. São eles que
caminham à frente no tempo e no espaço, revelando-nos capacidades e habilidades
ocultas, que sempre existiram dentro de nós. À custa de muito trabalho e enormes
sacrifícios, os "pioneiros sapienciais" utilizavam como eixo
principal de suas lições a importância do reino interior, ensinando-nos com
notável propriedade que "o mundo a ser desvendado está no âmago da
criatura", que o "divino está no humano", uma vez que tudo que
há em nós é sagrado. Por essa razão, hoje entendemos perfeitamente as palavras
de Jesus Cristo: "O Reino de Deus está no meio de vós" (Jesus /
Lucas, 17:21).
A partir disso,
compreendemos que o modo de ensinar de todos os grandes mestres baseava-se
fundamentalmente na educação como método de percepção e, ao mesmo tempo, de
desenvolvimento dos talentos inatos - a vocação peculiar e espontânea existente
dentro do próprio homem. O verbo educar vem do latim educare e significa"ação
de lançar para fora, colocar à mostra, tirar de dentro".
Educar não é
obrigar ou constranger alguém a aprender por meio de força ou pressão moral,
mas exprimir e liberar a potencialidade do ser. Também não é imprimir, porém fazer
brotar ou emergir os dons subjacentes. Menos ainda seria formar, impondo uma fôrma;
ao contrário, seria desentranhar do mais fundo da criatura o seu próprio modo de
ser.
A conquista da
sabedoria proporciona aos homens flexibilidade suficiente para que não
mantenham a mente fechada a novas informações e não vivam dentro de regras e padrões
sociais rígidos.
Os sábios
entendem que o bom senso, unido a uma consciência reflexiva voltada para o
"conhecimento original", deve anteceder a toda decisão, opção ou
solução.
Eles não deixam
que instruções, classificações e análises acumuladas no decurso dos tempos
sufoquem a "sabedoria primitiva" contida na própria alma. A
propósito, as regras injustas da sociedade e as religiões fundamentalistas,
presas a modelos rigorosos e a severos padrões de pensamento, funcionam como
autênticos entraves à sabedoria interior.
Os sábios
aprenderam que, muitas vezes, os "procedimentos e hábitos" de uma
época repercutem de tal forma sobre as pessoas, que elas passam a vê-los,
primeiramente, como "normas ou regras sociais"; depois, ao longo dos
séculos, como "valores e condutas morais", chegando, por fim, ao
ponto de considerá-los como "leis ou ordens divinas".
O Criador não
estabeleceu leis que, em outras épocas, Ele próprio teria proibido. Seria bom
lembrarmos que as concepções e idéias sofrem interferência dos fatores tempo e espaço.
As pessoas diferem em seus conceitos sobre os costumes - modo de pensar e agir
característico de indivíduo, grupo social, povo, nação —, porque eles são constantemente
reavaliados e renovados através do tempo e das sociedades humanas.
"Deus não
pode se enganar. Os homens é que são obrigados a mudar suas leis, porque são imperfeitas.
As leis de Deus são perfeitas. A harmonia que rege o universo material e o
universo moral está fundada sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a
eternidade" (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão 616)
As leis
elitistas são transitórias porque foram criadas pelo prestígio de um grupo
social ou pelo domínio de um povo ou nação em determinada época. Todavia, são
constantes e imutáveis "as leis que Deus estabeleceu para toda a
eternidade".
Ter sabedoria
consiste em possuir uma "leitura de mundo voltada para o senso íntimo —
capacidade de receber informações sobre as mudanças no meio (externo ou
interno) e de a elas interagir, exprimindo atos e atitudes únicos e originais.
Cada indivíduo
possui um canal sapiencial que pode entrar em sintonia com a fonte abundante da
sabedoria universal. sábio tem a capacidade de se autogovernar, uma vez que, a
penetrar na essência das coisas, analisa-as e sintetiza-as se prejulgamentos, utilizando
somente a própria coerência e a autenticidade provenientes de seu reino interior.
Livro:
Os Prazeres da Alma.
Espírito:
Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
616. Será
possível que Deus em certa época haja prescrito aos homens o que noutra época
lhes proibiu?
Deus não se
engana. Os homens é que são obrigados a modificar suas leis, por imperfeitas.
As de Deus, essas são perfeitas. A harmonia que reina no universo material,
como no universo moral, se funda em leis estabelecidas por Deus desde toda a
eternidade.
617. As leis
divinas, que é o que compreendem no seu âmbito? Concernem a alguma outra coisa,
que não somente ao procedimento moral?
Todas as da
Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as
leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma.
617a) Dado é ao homem aprofundar umas e outras?
É, mas em uma
única existência não lhe basta para isso.
A.K.:
Efetivamente, que são alguns anos para a aquisição de tudo o de que precisa o
ser, a fim de se considerar perfeito, embora apenas se tenha em conta a
distância que vai do selvagem ao homem civilizado? Insuficiente seria, para
tanto, a existência mais longa que se possa imaginar. Ainda com mais forte
razão o será quando curta, como é para a maior parte dos homens.
Entre as leis
divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis
físicas, cujo estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras dizem respeito
especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e
com seus semelhantes. Contém as regras da vida do corpo, bem como as da vida da
alma: são as leis morais.
621. Onde está
escrita a lei de Deus?
Na consciência.
621a) Visto que o homem traz em sua consciência a
lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?
Ele a esquecera
e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.
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