É muito bom
vivenciar a alegria de encontrar o "tesouro escondido no campo da própria
alma", isto é, reconhecer o Si-mesmo, a mais profunda realidade - a
"vontade de Deus” , que sustenta, resguarda e inspira o ser humano a
progredir de modo natural e sensato.
Todos nós fomos
criados pela Divina Sabedoria do Universo para ser felizes, tanto no plano
físico como no astral, e certamente por toda a eternidade. A alegria de viver é
um atributo natural de toda criatura humana - herança de sua filiação divina.
Na realidade, a
alegria começa quando somos responsavelmente livres para ser nós mesmos; quando
tomamos o leme de nossa vida nas próprias mãos e deixamos de ser escravos de
algo ou de alguém. A bem da verdade, dizem os Benfeitores Espirituais: "Toda
sujeição absoluta de um homem a outro homem é contrária à lei de Deus" – (Livro
dos Espíritos – Allan Kardec, questão 829).
Não "há
homens que sejam, por natureza, destinados a ser propriedade de outros
homens". Muitas pessoas acreditam que, sentindo e pensando como os outros,
serão mais aceitas e amadas. Outras pensam que, comportando-se de forma
submissa, débil e servil, evoluirão mais depressa. Elas ignoram que, assim
procedendo, estarão perdendo contato com a própria fonte sapiencial, que
promove o encontro com a "vontade de Deus". A prova disso é o que
Paulo de Tarso escreveu aos romanos: " E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos, renovando vossa mente, a fim de poderdes discernir
qual é a vontade de Deus." – (Paulo / Romanos12:2).
A "vontade
de Deus", ou imago Dei, reside nas criaturas e representa um "livro sagrado"
a ser desvendado na própria intimidade.
Sustenta Jung
que trazemos em nosso íntimo a "imagem de Deus" - a marca do Simesmo
(o Self inglês). Segundo as teorias junguianas, "o Simesmo não é apenas o
centro, mas também toda a circunferência que contém em si tanto o consciente
quanto o inconsciente; ele é o centro dessa totalidade, assim como o ego é o
centro da consciência". Carl Jung afirmava que o Self preside a todo o
governo psíquico, é uma autoridade suprema e é considerado a unificação, a
reconciliação, o equilíbrio dinâmico, um fator interno de orientação do mais
alto valor.
Ajustando esses
conceitos à nossa fé espírita, podemos dizer que o Cristo é o símbolo do
Si-mesmo, porque se identificou plenamente com a "vontade de Deus". O
Mestre reconheceu em si a imago Dei, visto que integrou sua compreensão do
mundo exterior com tudo aquilo que é divino em si mesmo.
A concepção
católico-cristã primitiva da imago Dei, assegurada na figura de Jesus, expressa,
em verdade, que somente o Mestre retinha a totalidade da natureza divina. Ele é
denominado até os dias atuais pela Igreja de Roma de "Filho Unigênito de
Deus"- não manchado pelo pecado. Por outro lado, a religião romana afirma
que os seres humanos não possuem as mesmas potencialidades celestes que possuía
o Mestre, uma vez que a imagem divina do homem foi danificada e corrompida pelo
"pecado original", e só será restaurada pela misericórdia do Criador.
Entretanto, os
Guias da Humanidade afirmaram a Allan Kardec que os denominados anjos, arcanjos
e serafins não formam uma categoria especial de natureza diferente da dos
outros Espíritos (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questões 128), e que
todos nós passamos igualmente por estágios na escala evolutiva, sem nenhuma
distinção, prerrogativa ou exclusividade.
Não podemos
conferir a um indivíduo uma criação superior ou especial em relação aos demais.
Jesus de Nazaré não é "filho privilegiado de Deus, mas um ser que desenvolveu
suas" potencialidades em altíssimo grau, incluindo-se entre os Espíritos que
"aceitaram suas missões sem murmurar e chegaram" mais depressa"
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questões 129 e 130). Superou a condição
humana por sua elevada evolução espiritual. É um modelo real que todos nós
poderemos atingir, se seguirmos seus passos e exemplos existenciais.
O verdadeiro
contentamento fundamenta-se no fato de -o usarmos de forma livre, consciente e
sensata a capacidade de ser, pensar, sentir e agir. A alegria de viver está baseada
na certeza que experimentamos quando reconhecemos que palpita em nós uma tarefa
suprema - o Self ou Si-mesmo -, que é a de manter todo o nosso sistema psíquico
unido e reedificado toda vez que ele correr perigo de se fragmentar ou desequilibrar.
Uma vez que está
impressa em nós a imago Dei, estamos em contato com essa "totalidade"
ou "poder superior" e, portanto, sua presença atrai o ponteiro da
"bússola interior", que nos indica o porto seguro da Vida
Providencial. Quando seguramos as rédeas da própria existência,
assenhoreando-nos dela, vivemos tranqüilos e felizes e não mais necessitamos
impor, comandar e controlar os outros, nem utilizar compulsoriamente a
aprovação e os aplausos alheios para decidir ou agir, porquanto estamos firmados
em nosso mais profundo "senso de identidade com a Consciência Sagrada.
Não é egoísmo
abrigar na alma uma sensação de aceitação genuína e profunda de nós mesmos,
nutrindo uma autêntica auto-estima e uma alegria que resultam num sentimento
íntimo de vivacidade e contentamento. Essas idéias podem de início nos incomodar
ou surpreender, já que podemos associá-las à vaidade ou ao orgulho. Por sinal,
escreveu o apóstolo Mateus: "O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido
no campo; um homem o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo
o que possui e compra aquele campo." (Jesus / Mateus, 13:44)
É muito bom
vivenciar a alegria de encontrar o "tesouro escondido no campo da própria
alma", isto é, reconhecer o Si mesmo, a mais profunda realidade - a
"vontade de Deus", que sustenta, resguarda e inspira o ser humano a
progredir de modo natural e sensato.
Há muitas formas
de escravidão. Não devemos nos escravizar a nada nem a nenhuma pessoa, pois o
grau de alegria é proporcional ao grau de liberdade que possuímos.
Dentro de nós
existe um universo ilimitado que infelizmente reduzimos ao mundo insignificante
de nossos interesses mesquinhos. Quando nos identificarmos com o Criador, a
alegria passará a ser presença marcante em toda e qualquer de nossas atitudes.
Livro:
Os Prazeres da Alma.
Espírito:
Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando
o Livro dos Espíritos – Allan Kardec.
128. Os seres a
que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de
natureza diferente da dos outros Espíritos?
Não; são
Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as
perfeições.
A.K.: A palavra
anjo desperta geralmente a idéia de perfeição moral. Entretanto, ela se aplica
muitas vezes à designação de todos os seres, bons e maus, que estão fora da
Humanidade. Diz-se: o anjo bom e o anjo mau; o anjo de luz e o anjo das trevas.
Neste caso, o termo é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua
melhor acepção.
129. Os anjos
hão percorridos todos os graus da escala?
Percorreram
todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem murmurar suas
missões, chegaram depressa; outros, gastaram mais ou menos tempo para chegar à
perfeição.
130. Sendo
errônea a opinião dos que admitem a existência de seres criados perfeitos e
superiores a todas as outras criatura, como se explica que essa crença esteja
na tradição de quase todos os povos?
Fica sabendo que
o mundo onde te achas não existe de toda a eternidade e que, muito tempo antes
que ele existisse, já havia Espíritos que tinham atingido o grau supremo. Acreditaram
os homens que eles eram assim desde todos os tempos.
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