O saber implica
a facilidade de elaborar idéias simples para explicar coisas aparentemente
complexas, utilizando-se os recursos fecundos inspirativos do universo interior.
Há séculos, os
grandes pensadores e filósofos vêm-nos ensinando que o autoconhecimento é a
base primordial para alcançarmos a verdadeira sabedoria. Mas, para saber
realmente quem somos, precisamos mergulhar nas profundezas do ser e buscar a
sabedoria existente em nosso mundo íntimo.
Se fomos criados
por Deus e se Ele colocou em nós a sua marca - a idéia de Deus é inata no homem
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão 6), ao nascermos, já trazemos
como herança a marca divina. A
onipresença do Criador abrange todo o
Universo, manifestando-se em todas as suas criaturas e criações. Portanto, o
passo fundamental para entrarmos em contato com o verdadeiro saber é tomarmos
consciência de que Deus está em nós, somos deuses em potencial, conforme a
expressão evangélica.
Ser sábio não se
fundamenta apenas no grau de informação ou de conhecimento que temos sobre a
vida terrena. Nem sempre indivíduos requintados e instruídos são portadores de
senso intimo bem desenvolvido ou de alto nível de discernimento. Não devemos
confundir cultura ou instrução com sabedoria.
Muitas pessoas
cultas não são sábias, apesar de ostentarem um ar de superioridade intelectual.
Não distinguir instrução de sabedoria é como não diferenciar diamantes de contas
de vidro. A Espiritualidade Superior nos estimula a manter contato profundo e significativo
com nossa força interna, a fim de que possamos nos familiarizar com a "voz
da consciência".
O saber implica
a facilidade de elaborar idéias simples par explicar coisas aparentemente
complexas, utilizando-se os recursos fecundos e inspirativos do universo
interior.
O conhecimento
do sábio provém do mundo silencioso. É no silêncio que a introspecção enlaça o
santuário da sabedoria. Quem mais conhece menos alarde faz; quem pouco conhece
faz muito estardalhaço.
Precisamos
adquirir o hábito de dedicar algum tempo ao silêncio da meditação, uma vez que
o "olho interior" nos proporciona inúmeras formas de percepção (nós
próprios, o mundo, a Natureza e Deus); enfim, ver o fundo e não apenas a
superfície das coisas.
A sabedoria está
igualmente ligada à forma como notamos a sutileza do mecanismo cíclico que move
o Universo. Nele, tudo obedece a um ritmo natural; a raiz de nossa evolução
corporal/espiritual está fincada nas íntimas relações com a Natureza. Se nos observarmos
mais atentamente, veremos que somos parte dela.
O fluxo da Vida
faz com que tudo se realize num reciclar constante e periódico. Nos pequenos
seres, ela repete, em menor escala, o magnífico e imensurável movimento cósmico.
Na Terra, como
em toda a criação, tudo é submetido a movimentos alternados, desde as marés, as
fases da lua, as interações entre os organismos dos ecossistemas, a diversidade
dos fenômenos meteorológicos, os biorritmos humanos e outras tantas coisas.
Quando admitimos
o conjunto das forças que movem e animam a evolução da vida, começamos a
perceber o dinâmico e sábio processo da ritmicidade que existe dentro e fora de
nós. O desenvolvimento evolutivo nos mostra que tudo se encadeia harmonicamente.
Na questão 540
de O Livro dos Espíritos, obra básica do Espiritismo, encontramos a seguinte
exposição: "(...) E assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza,
desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo.
Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito limitado não pode ainda
entender o conjunto."
A ação do homem
desprovido de sabedoria tende normalmente a modificar, de acordo com seus
caprichos ou pontos de vista pessoais, a Natureza que o cerca. Desse modo, as
atitudes dele resultam num desgaste inútil de suas forças físicas e
intelectuais e numa agitação desnecessária sem qualquer possibilidade de
atingir a meta pretendida. Ao contrário do homem sábio, que não se opõe à ação
da Natureza, mas entra em sintonia com ela, realizando e atuando em seu favor.
A criatura
humana intelectualizada desenvolve-se no sentido horizontal, enquanto a verdadeiramente
sábia transcende no sentido vertical.
O sábio é aquele
que desenvolveu a capacidade sapiencial de comparar, avaliar e ponderar as
ideias com a precisão dos cientistas, com a generosidade dos benfeitores, com a
sensibilidade dos poetas, com o bom senso dos filósofos, com a naturalidade das
crianças e com o desprendimento dos que amam sem condições.
Livro: Os
Prazeres da Alma.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espirito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
6. O sentimento
íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação,
resultado de idéias adquiridas?
Se assim fosse,
por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?
Se o sentimento
da existência de um ser supremo fosse tão-somente produto de um ensino, não
seria universal e não existiria senão nos que houvessem podido receber esse
ensino, conforme se dá com as noções científicas.
540. Os
Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de
causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido
impulso?
Uns sim, outros
não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que,
pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há aí
um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja
necessária à harmonia geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que
executam essas obras, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que
são instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados
oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que
tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do
livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se
constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas
inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e
dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo
moral. É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo
primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de
harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu
conjunto!
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