Interroguem
friamente suas consciências todos os que
são feridos no coração pelas vicissitudes
e decepções da vida; remontem, passo a passo, à origem dos males que os torturam e verifiquem
se, as mais das vezes, não poderão
dizer: Se eu houvesse feito, ou
deixado de fazer tal coisa, não
estaria em semelhante condição. (O Evangelho Segundo o
Espiritismo – Allan Kardec, Cap. V, Item 4).
Existe o mundo
sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações
irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos conscientes, que já adquiriram
conhecimento das obrigações próprias, à frente da vida; o primeiro se constitui
de homens e mulheres psiquicamente não muito distantes da selva, remanescentes
próximos da convivência com os brutos, enquanto que o segundo é integrado pelas
consciências que a verdade já iluminou, estudantes das leis do destino à
luz da imortalidade. O primeiro grupo se mantém fixado à poligamia, às vezes
desenfreada, e só, muito pouco a pouco, despertará para as noções da responsabilidade
no plano do sexo, através de experiências múltiplas na fieira das reencarnações.
O segundo já se levantou para a visão panorâmica dos deveres que nos
competem, diante de nós mesmos, e procura elevar os próprios impulsos sexuais,
educandoos pelos mecanismos da contenção. Falar de governo e administração, no
campo sexual, aos que ainda se desvairam em manifestações poligâmicas, seria
exigir do silvícola encargos tãosomente atribuíveis ao professor
universitário, razão por que será justo deterse alguém nesse ou naquele
estudo alusivo à educação sexual apenas com aqueles que se mostrem
suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse particular. Estabelecida a
ressalva, perguntemos a nós mesmos se nos seria lícito abandonar, no mundo, os
compromissos de natureza afetiva, assumidos diante uns dos outros. Assim nos
externamos para considerar que a ligação sexual entre dois seres na Terra
envolve a obrigação de proteger a tranquilidade e o equilíbrio de alguém que,
no caso, é o parceiro ou a parceira da experiência “a dois”, e, muito
comumente, os “dois” se transfiguram em outros mais, na pessoa dos filhos e
demais descendentes. Urge, desse modo, evitar arrastamentos
no terreno da aventura, em matéria de sexo, para que a desordem nos
ajustes propostos ou aceitos não venha a romper a segurança daquele
ou daquela que tomamos sob nossa assistência e cuidado, com reflexos
destrutivos sobre todo o grupo, em que nos arraigamos através da
afinidade. Não se trata, em nossas definições, do chamado “vínculo
indissolvível” criado por leis humanas, de vez que, em toda parte, encontramos
companheiros e companheiras lesados pelo comportamento de parceiros escolhidos
para a vivência sexual e que, por isso mesmo, adquirem, depois de
prejudicados, o direito natural de se vincularem à outra ligação ou a
outras ligações subsequentes, procurando companhia ao nível de sua confiança
e respeitabilidade; reportamonos ao impositivo da lealdade que deve ser respondida
com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os parceiros se comuniquem
sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio recíproco.
Considerado o
exposto, os participantes da comunhão afetiva, conscientes dos deveres que
assumem, precisam examinar até que ponto terão gerado as causas da indisciplina
ou deserção naquele ou naquela que desistiu da própria
segurança íntima para se atirar à leviandade. Justo ponderar quanto
a isso, porquanto, em muitas ocorrências dessa espécie, não é somente aquele ou
aquela que se revelam desleais, aos próprios compromissos, o culpado pela
ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o companheiro ou a
companheira que, por desídia ou frieza, mesquinhez ou irreflexão
nos votos abraçados, induz a parceira ou o parceiro a resvalarem para a insegurança,
no campo do afeto, atraindo perturbações de feição e tamanho imprevisíveis.
Livro: Vida e
Sexo.
Emmanuel / Chico
Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário