terça-feira, 23 de julho de 2013

REVOLTA

 192. a)  Pode ao menos o homem na vida presente, preparar com segurança, para si, uma existência futura menos prenhe de amarguras?
 Sem dúvida. Pode reduzir a extensão e as dificuldades do caminho. Só o descuidoso permanece sempre no mesmo ponto. (O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec.)
Indiscutivelmente, defrontas a revolta em toda a Terra, carregando u’a máscara de mil faces com que se apresenta, dominadora.
Revolta da pobreza que não se pode adornar de ouro frio nas competições infrenes do luxo...
Revolta da fortuna porque não pode conquistar o mundo, cavalgando as consciências honradas...
Revolta da vaidade que não logra sobrepor-se à dignidade alheia...
Revolta de quem não pode disseminar a perversão moral...
Revolta daqueles que não souberam preservar a saúde...
Revolta de quantos tombaram nos testemunhos à virtude, resvalando-nos lamaçais do vicio...
Revolta da ignorância por não envenenar a cultura que lhe desvela a cegueira...
Revolta do mal por não dispor de recursos para instaurar a anarquia no mundo...
Revolta da ambição dos que muito possuem e não estão satisfeitos, fazendo-se, eles mesmos, escravos do que ainda não têm, e revolta da ambição dos que nada têm, atormentando-se, eles próprios, na grilheta da posse que ainda não lhes chegou às mãos, olvidando, todos eles, o aproveitamento dos bens disponíveis para a disseminação da alegria e da felicidade nos corações...
Revolta dos que não têm fé, atirando-se nos cipoais do desespero, longe da disposição de aprimoramento da alma, e revolta dos que receberam o chamado da fé, mas não foram poupados aos necessários resgates das velhas dívidas, comprometendo-se, ainda mais, nos espinheiros da reclamação injusta, em flagrante desrespeito às sábias Leis que regem a vida...
Há, porém, uma revolta mais lamentável: aquela que surge na inconformação do homem esclarecido pela consoladora Doutrina de Cristo e que se embrutece na violência do prazer ultrajante, porque não consegue imprimir aos caprichos soezes um cunho superior, esmagando na posse quantos se negam a compactuar-lhe as fraquezas e indignidades, esquecido de que o caminho da paz é pavimentado de renúncia e humildade, embora a aflição que corrói e gasta.
Liberta-te da revolta de qualquer espécie e busca examinar, através do amor total, os recursos ao teu alcance, desdobrando esforços para a utilização justa do tempo e da dor, convertido em experiência primorosa, em favor da tua integração nas tarefas a que te propões, a benefício de ti mesmo, porque “só o descuidoso permanece sempre no mesmo ponto”.
Livro: Espírito e Vida.
Joanna de Ângelis / Divaldo Franco.

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