“... Mas ele lhes respondeu: Quem é minha mãe
e quem são meus irmãos? E olhando aqueles que estavam sentados ao seu redor:
Eis, disse, minha mãe e meus irmãos; porque todo aquele que faz a vontade de
Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Evangelho Segundo o
Espiritismo – Allan Kardec, Capítulo 14, item 5.)
Em correta
acepção, desapego quer dizer o sentimento de alguém que desenvolveu sua
capacidade de avaliar e selecionar o que “pode” e o que “deve fazer”,
estruturado em seu próprio senso de autonomia.
Agarrar-se a
familiares de modo exagerado gera desajustes e doenças psicológicas das mais
diversas características: desde a mais leve das inseguranças -se deve ou não
sair de casa para um passeio a sós, ou que roupa deve usar - até o pânico
incontrolável de tudo e de todos, que leva o indivíduo ao desequilíbrio em seu
desenvolvimento e maturidade emocional.
A reencarnação
faz o ser humano exercitar a independência, quando propõe que ele é um viajante
temporário entre pessoas, sexo, profissão, países, continentes ou mundos.
Não obstante,
ela não destrói os laços do amor verdadeiro, antes cria diversos
vínculos afetivos entre as almas. Pais, cônjuges, filhos e amigos voltam a conviver
em épocas e em posições completamente diferentes, estabelecendo na consciência
uma maneira universalista de ver os relacionamentos da afeição e da simpatia,
sem aprisionamentos ou dependências.
É importante
compreendermos que, mesmo em família, não viemos à Terra só para fazer o que
queremos, para satisfazer fazer nossos caprichos ou nos agradar, pois não
devemos nos ver como devedores ou cobradores uns dos outros, mas como criaturas
companheiras que vieram cumprir uma trajetória evolutiva, ora juntas no mesmo
séquito consangüíneo. Desse modo, devemos levar em conta a individualidade de
cada membro familiar e respeitá-lo, sem imposições ou submissões, pelo modo
peculiar que encontrou de ser feliz e dirigir sua própria existência.
Cada pessoa que
vive neste planeta deve aprender suas próprias lições, e é inconcebível
tentarmos fazer os deveres por elas, porque cada uma aprende com suas próprias
experiências e no momento propício.
Podemos, sim,
oferecer aos familiares uma atmosfera de compreensão e apoio, para que tenham
por si sós a decisão de mudar quando e como desejarem, atitudes essas
possibilitadoras de relacionamentos seguros e duradouros.
É imperativo que
se entenda que as ações possessivas criam indivíduos servis e profundamente
inseguros, que futuramente precisarão ter sempre os familiares em sua volta,
como uma “corte”, a fim de se sentir amparados.
O exemplo
clássico de criaturas apegadas é o daquelas que foram criadas por “super pais”,
e que durante muito tempo se mantiveram subjugadas e presas pelos fios
invisíveis dessa “suposta proteção”, que, na realidade, era apenas uma “forma inconsciente”
de suprir fatores emocionais desses mesmos adultos em desarranjo.
Crianças que
foram educadas sob a orientação de adultos incapazes de estabelecer limites às
vontades e desejos delas, contentando-as de forma irrestrita, sem nenhuma
barreira, desenvolveram dependências patológicas que geraram progressivamente
uma acentuada incapacidade de resolver problemas peculiares a sua idade,
enquanto outras, nessa mesma idade, mostraram-se perfeitamente habilitadas para
encará-los e solucioná-los.
Crianças que se
jogam ao chão, entre crises de falta de fôlego e de choro fácil, sem nenhuma
razão de ser, são consideradas mimadas. Tais comportamentos resultam do fato de
terem sido tratadas como incapazes e com atitudes infantilizadas.
Pessoas
inseguras e insuficientemente maduras educam os filhos da mesma maneira que
foram criadas, repetindo para sua atual família os mesmos comportamentos “super
protetores” que vivenciaram na fase infantil; ou mesmo, por terem tido uma
enorme experiência de rejeição no lar, também adotam a “super proteção” como
forma de compensar tudo o que passaram e sofreram na infância.
Encontramos uma
das maiores lições sobre a liberdade e o desapego nas palavras de Jesus de
Nazaré, quando se aproveitou da circunstância em que estavam reunidas varias
pessoas, e lançou o ensinamento do “amor sem fronteiras”.
Apesar de
respeitar e amar profundamente sua família, exaltou o “desapego familiar” como
a meta que todos deveríamos atingir, a fim de alcançarmos os superiores
princípios da fraternidade universal e o verdadeiro sentido da liberdade integral.
Livro: Renovando
Atitudes.
Espírito: Hammed
Médium:
Francisco do Espírito Santo Neto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário