“Como nuvens e
ventos que trazem chuvas, assim é o homem que se gaba de dávidas que não fez.”
Pv 25 v 14.
A vaidade,
quando passa dos limites, é como tempestade no deserto: não destrói nada,
porque não tem nada para destruir. No entanto, não deixa ninguém passar.
A vaidade é
igual ao sal: se não se o põe fica insípido; se se o põe muito, o sabor se
torna insuportável.
Ela é semelhante
a um parafuso: se não ficar na medida não segura a porca.
A alma
pretenciosa faz muito barulho, e realiza pouca coisa.
Se tu fizeste
alguma coisa, não desmereças a tua obra, falando muito dela. Deixa essa tarefa
para os outros. A auto-educação é trabalho nobre, todavia a autovalorização é
papel dos néscios.
A vaidade pode
ser até um alimento, que, muito quente estraga o paladar, e bem morninho agrada
a consciência.
E o pior é falar
muito do que não fizemos ainda: o amor próprio se transforma em desespero, e
passa a acreditar nas piores das mentiras, aquelas mais ou menos conscientes
das ilusões afirmadas. E a alma fica torturada pela consciência.
O gabo em boca
própria é jardim sem flores, é casa sem habitação.
É teoria sem
prática, é tributo sem ouvintes.
Só resta uma
coisa para o que fala muito de si mesmo: é que algum dia venha ele a fazer tudo
o que diz.
A nossa mente
pode ter uma grande fertilidade de criação, fornecida pela inteligência. Entretanto,
a sabedoria nos mostra comedimento até no pensar. Em muitos casos estamos
sujeitos a criar ilusões que tomam formas mentais, a nos perseguirem,´pelo que
prometemos a nós mesmos, e não fizemos.
A imodéstia é
edifício levantado na areia: pode cair a qualquer hora.
A decepção maior
é a do mentiroso, e não a dos que ouvem as suas lorotas. E a cegueira mais
forte dos que não falam a verdade ocorre quando eles passam a acreditar nas
suas próprias ilusões.
Quem promete
muitas coisas e se esquece de cumpri-las, é como nuvens e ventos que não trazem
chuva, é como papagaio que repete o que ouve. É como o cão que ladra para a sua
própria sombra.
A vaidade não é
uma beberagem comum, deve ser tomada como doses homeopáticas.
Pelo Espírito:
CARLOS
Psicografia:
JOÃO NUNES MAIA
Do livro: TUAS
MÃOS
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