Carmas são
estruturados não somente sobre nossos feitos e atitudes, mas também sobre nossas
sentenças e juízos, críticas e opiniões.
No
Evangelho de Lucas, capítulo VI, versículo 42, o Mestre propõe: “Hipócrita,
tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás bem para tirar o argueiro que
está no olho do teu irmão.”
Por
projeção psicológica entende-se a atitude de perceber nos outros, com certa
facilidade, nossos conflitos e dificuldades, com recusa, no entanto, de vê-los
em nós mesmos.
Dependendo
do grau de distorção que fazemos dos fatos, para atender a nossas teorias e irrealidades,
é que se inicia em nossa intimidade o processo da paranóia. Os paranóicos
possuem uma característica peculiar: relacionam qualquer acontecimento do mundo
consigo mesmos, ou,melhor dizendo, desvirtuam a realidade dos fatos, trazendo
para o nível pessoal tudo o que ocorre em sua volta.
Quanto mais
conscientizada for a criatura, tanto mais entende a ordem das coisas e mais as questionará
em seu simbolismo. Estar perfeitamente harmonizado e centrado em tudo o que
existe é o requisito primordial para atingirmos a plenitude da vida.
Tudo o que
criticarmos, veementemente, no exterior encontraremos em nossa intimidade. Isso
nos leva a entender que o ambiente em que vivemos é, em verdade, um espelho
onde nos vemos exata e realmente como somos.
Se, na
exterioridade, algo de inoportuno estiver ocorrendo conosco ou chamando muito a
nossa atenção, é justamente porque ainda não estamos em total harmonia na
interioridade. Significa que devemos analisar melhor e estudar ainda mais a
área correspondente ao nosso mundo íntimo.
Vejamos o
que dizem os Embaixadores do Bem sobre quem analisa os defeitos alheios:
“Incorrerá em grande culpa, se
o fizer para os criticar e divulgar porque será faltar com a caridade. Se o
fizer para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de
alguma utilidade...” (questão - 903 / Livro dos Espíritos-Allan Kardec).
Todas as
maldades e eventos desagradáveis que visualizamos fora são somente mensageiros ou
intermediários que tomam consciente a nossa parte inconsciente. Tudo o que,
realmente, estamos vivenciando no presente é tudo aquilo que estamos precisando
neste momento.
Lemos a
respeito de um assunto e logo atraímos criaturas que também se interessam pelo mesmo
tema. Impressionamo-nos com um artigo de revista e, logo em seguida, sem nunca
comentar esse fato com ninguém, aparecem pessoas nos presenteando com livros
que abrangem essa matéria.
Esse
encadeamento de fatos ou “elos do acaso” tem sua razão de ser, pois se baseia
na lei das atrações ou das afinidades. Portanto, todo conhecimento, informação,
acontecimento ou aproximação de que verdadeiramente precisamos, por certo,
vivenciaremos.
“... Antes
de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo...” (questão - 903 / Livro dos Espíritos-Allan Kardec).
Nossas
afirmações diante da vida retomarão sempre de maneira inequívoca. Carmas são estruturados
não somente sobre nossos feitos e atitudes, mas também sobre nossas sentenças e
juízos, críticas e opiniões.
Os efeitos
sonoros do eco são reflexões de ondas que incidem sobre um obstáculo e retomam
ao ponto de origem. Analogamente, poderemos entender o mecanismo espiritual de funcionamento
da lei de ação e reação em nossas existências. Atos ou palavras, repetidas sucessivamente,
voltarão ecoando sobre nós mesmos; são “veredictos” resultantes de nossas apreciações
e estimativas vivenciais.
Todas as
nossas suspeitas sistemáticas têm raízes na falta de confiança em nós mesmos, e
não nos outros. Por isso:
— se
criticamos o comportamento sexual alheio, podemos estar vivendo enormes
conflitos afetivos dentro do próprio lar.
— se
tememos a desconsideração, é possível termos desconsiderado alguma coisa muito significativa
dentro de nossa intimidade;
— se
desconfiamos de que as pessoas querem nos controlar, provavelmente não estamos
na posse do comando de nossa vida interior;
— se
condenamos a hipocrisia dos outros, talvez não estejamos sendo leais com nossas
próprias vocações e ideais;
Projetar
nossas mazelas e infortúnios sobre alguma coisa ou pessoa não resolve a nossa problemática
existencial. Somente quando reconhecermos nossas “traves” — dispositivos
interiores que limitam nossa marcha evolutiva — é que poderemos ver com lucidez
que, realmente, são elas as verdadeiras fontes de infelicidade, que nos
distanciam da paz e da harmonia que tanto buscamos.
Livro: As Dores da Alma.
Hammed / Francisco do Espírito Santo Neto.
Estudando O
Livro dos Espíritos – Allan Kardec
Questão 903
– Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?
“Incorrerá em grande culpa, se
o fizer para os criticar e divulgar; porque será faltar com a caridade. Se o
fizer; para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de
alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os
defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de
censurardes assim perfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o
mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que
criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele.
Se lhe censurais o ser avaro,sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes
e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede
grandes em todas as vossas ações. Numa palavra, fazei por maneira que se não
vos possam aplicar estas palavras de Jesus: “Vê o argueiro no olho do seu
vizinho e não vê a trave no seu próprio.”
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